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​Edmur Filho. “Convite do FC Porto não se concretizou”

29 mai, 2020 - 12:00 • Pedro Azevedo

Filho de Edmur, primeiro estrangeiro a sagrar-se melhor marcador em Portugal, evoca a memória do antigo goleador do V. Guimarães, no dia em que se assinala o 60.º aniversário da conquista do troféu.

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Faz esta sexta-feira 60 anos que pela primeira vez um jogador estrangeiro se sagrou melhor marcador da Liga Portuguesa.

O avançado brasileiro Edmur Pinto Ribeiro, a 29 de maio de 1960, marcou, na cidade berço, o golo do Vitória de Guimarães na última jornada do campeonato frente à Académica, numa derrota por 3-1, e conquistou o troféu de melhor marcador do campeonato.

Nessa época de 1959/60, Edmur, com 25 golos, foi o primeiro na lista dos melhores marcadores, à frente do brasileiro Fernando Puglia, do Sporting, com 23 e de José Augusto, do Benfica, com 19.

Edmur Filho, antigo jogador do Aves, filho do melhor marcador da Liga de 1960, evoca em Bola Branca a memória do antigo artilheiro.

“Caracterizar o meu pai como jogador é difícil para mim. Para além de ser suspeito eu era muito novo quando ele passou pelo Vitória. Mas os adeptos que o viram jogar ainda hoje o elogiam muito e têm muito carinho por ele, pela entrega ao jogo, facilidade de remate e camaradagem”, refere.

Em Dezembro de 2007, por altura do 85.º aniversário do Vitória de Guimarães, e poucos meses após a morte da velha glória do emblema minhoto, a direção presidida por Emílio Macedo inaugurou a sala de troféus, no Estádio D. Afonso Henriques com o nome de Edmur Pinto Ribeiro.

“Ao sabermos que o Vitória de Guimarães iria chamar à sala de troféus atual Edmur Pinto Ribeiro, eu e a minha família achamos que o troféu da Bola de Prata deveria estar em exposição nessa sala. Foi entregue por nós na inauguração da sala e hoje é com muito orgulho ver o nome do meu pai ser perpetuado e tão acarinhado no clube e na cidade por adeptos únicos como são os vitorianos”, declara.

Edmur Pinto Ribeiro nasceu em Saquarema, no Rio de janeiro, em 1929 e morreu na sua cidade natal em Setembro de 2007.

O convite do FC Porto

Na carreira de futebolista, Edmur começou no Flamengo em 1948 e chegou ao Vitória de Guimarães em 1958.

“É um orgulho relembrar a passagem do meu pai pelo futebol português. Chegou ao Vitória de Guimarães através de Pimenta Machado, familiar do ex-presidente do clube, que recomendava na altura vários jogadores do nordeste brasileiro. O meu pai estava no Náutico e tinha 29 anos, uma idade que na época era considerada como muito próxima do fim de carreira. O certo é que fez três épocas no V. Guimarães, e ainda ingressou no Leixões, vindo do Celta de Vigo. Constou-me que teve um convite do FC Porto que não se chegou a concretizar”, revela Edmur Filho.

Quando ingressou no Vitória, Edmur era um jogador de créditos firmados no Brasil, onde foi internacional tendo brilhado no Vasco, e passado também por emblemas como a Portuguesa e o Náutico antes da transferência para Portugal.

Acabou por fazer três épocas de elevado nível no Vitória, ao ponto de se transferir em 1961 para o Celta de Vigo. Como jogador, ainda regressou a Portugal para representar o Leixões, terminando a carreira na Venezuela no Deportivo Petare, em 1966.

Edmur foi o primeiro estrangeiro a ganhar a Bola de Prata em Portugal e depois dessa proeza, mais 22 jogadores de outras nacionalidades conquistaram o troféu, entre os quais, oito brasileiros: Azumir (FC Porto), Paulinho Cascavel (V. Guimarães e Sporting), Mário Jardel (FC Porto e Sporting), Pena (FC Porto), Liedson (Sporting), Nenê (Nacional da Madeira), Hulk (FC Porto) e Jonas (Benfica).

“Comparar o meu pai aos outros brasileiros que também ganharam o troféu em Portugal é complicado porque não os conheci todos. Mas posso destacar o Paulinho Cascavel porque ganhou a sua primeira Bola de Prata no Vitória de Guimarães, o que é um feito porque o Vitória não é considerado um dos grandes. Por essa razão é uma proeza enorme o que aconteceu com o Paulinho e o meu pai”, conclui Edmur Filho.

Raízes em Portugal

Edmur Pinto Ribeiro, depois de terminar a carreira de futebolista, acabaria por regressar a Portugal no início da década de 70 já como treinador. Orientou, entre outros, emblemas como o Gil Vicente, Moreirense e Fafe.

O descendente, Edmur Filho, acabou por ser futebolista profissional durante toda a década de 80. Representou o Valdevez, Gil Vicente, Felgueiras, Vizela e Desportivo das Aves.

“A minha família radicou-se em Guimarães quando o meu pai regressou pela segunda vez a Portugal para enveredar pela carreira de treinador. Eu tinha 15 anos e acabei também por ser jogador profissional. Foi no Aves que tive a maior e melhor prestação. Foram seis épocas e estive na equipa que pela primeira vez subiu à Primeira Divisão. Guardo muito carinho pelo clube. Sendo uma vila pequena é um grande feito estar na Primeira Liga e veria com muita simpatia que o Aves esta época permanecesse no principal escalão do futebol português”, refere.

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