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Mais de um em seis jovens está sem emprego devido à Covid-19

27 mai, 2020 - 13:15 • Ana Carrilho

Um efeito "devastador e desproporcionado sobre o emprego jovem", considera a Organização Internacional do Trabalho, que revela, também, que as mulheres são as mais afetadas.

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Mais de um em cada seis jovens perdeu o emprego desde o início da pandemia, segundo revela o 4.º Relatório sobre a “Covid-19 e Mundo do Trabalho” que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou, esta quarta-feira, em Genebra.

Um efeito "devastador e desproporcionado sobre o emprego jovem", considera a OIT, que revela, também, que as mulheres são as mais afetadas.

Aqueles que conseguiram manter o emprego viram o horário de trabalho reduzido em cerca de 23%. O desemprego jovem verificado desde fevereiro está a aumentar rapidamente e a atingir mais as mulheres do que os homens.

O que não está desligado de outros dados: 178 milhões, ou seja, quatro em cada 10 jovens trabalham em setores fortemente atingidos pela pandemiaa: comércio, reparação de veículos, indústria e atividades ligadas ao turismo e restauração. Por outro lado, quase 330 milhões – três quartos do total – têm um emprego informal.

Os NEET, ou seja, os jovens que não trabalham, estudam ou frequentam qualquer tipo de formação são, agora, 267 milhões.

A OIT lembra que, no ano passado, a taxa de desemprego jovem, a nível global, já era a mais alta entre todos os grupos (13,6%). A pandemia veio agravar a situação, provocando um triplo choque: destrói o emprego, perturba os estudos e formação, e acrescenta obstáculos a quem tenta entrar no mercado de trabalho ou mudar de emprego.

OIT pede ação para inverter tendência


O diretor-geral da OIT, Guy Ryder, defende que é necessário tomar "medidas fortes" e urgentes e alerta que, se nada for feito, "será mais difícil reconstruir uma economia melhor", após a pandemia.

Guy Ryder recomenda respostas políticas urgentes de grande envergadura, direcionadas à população jovem, incluindo programas de garantia de emprego ou formação, nos países desenvolvidos e programas de emprego intensivo nas economias de baixo e médio rendimento.

A OIT revela, ainda, que quase 12 milhões de jovens estão “na linha da frente” no combate ao novo coronavírus, já que trabalham nos setores da saúde e da ação social. Três quartos são mulheres.

Testes à Covid-19 dão confiança e têm impacto positivo no mercado de trabalho

O 4.º Relatório da OIT sobre o impacto da pandemia no mercado de trabalho analisa, também, as medidas que têm estado a ser tomadas pelos diversos países para o retorno à atividade. A conclusão é que os testes rigorosos e o rastreio da Covid-19 ajudam fortemente a uma menor perturbação do mercado de trabalho, inferior à resultante de medidas de confinamento e encerramento. Contribuem com uma redução de 50% na perda de horas de trabalho.

Na opinião da OIT, os testes em grande escala ajudam os países a fazer melhor uso da informação e a adotar medidas restritivas menos severas. Além disso, contribuem para gerar confiança nas populações, incentivando o consumo e o emprego. A maioria dos trabalhadores vive em países que ainda tem algumas medidas de confinamento, mas cerca de 20% está em países em que há um encerramento total da economia, exceto para as atividades essenciais. O que põe em causa o emprego e os rendimentos das pessoas, agravando as desigualdades e pobreza.

Em relação aos postos de trabalho perdidos, as estimativas da OIT referem que a perda de horas trabalhadas continuará neste segundo trimestre do ano. Menos 10,7% que as registadas no último trimestre do ano passado, o que equivale à perda de 305 milhões de postos de trabalho.

[notícia atualizada às 17h28]

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