Tempo
|
A+ / A-

Coronavírus. Eventual segunda vaga “não tem data marcada”

25 mai, 2020 - 20:52 • Lusa

Diretor-executivo do programa de Emergências Sanitárias alerta que “a doença pode disparar a qualquer altura".

A+ / A-

Veja também:


A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que a pandemia da Covid-19 não vai dar descanso mesmo nos países onde o contágio foi contido e que uma possível "segunda vaga" de contágio não tem data marcada.

Na habitual conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia, o diretor-executivo do programa de Emergências Sanitárias da organização, Michael Ryan, afirmou que é preciso "estar ciente de que a doença pode disparar a qualquer altura".

"Não podemos supor [que os números de novas infeções] vão continuar a descer e que teremos alguns meses para nos preparar para uma segunda vaga. Pode acontecer um segundo pico na atual, como aconteceu em outras pandemias, como da gripe pneumónica", afirmou.

A principal responsável técnica no combate à Covid-19, Maria Van Kerkhove, salientou que os estudos de seroprevalência já efetuados são poucos -- só dois publicados e cerca de 20 em pré-publicação mostram que "uma grande parte da população continua suscetível" ao novo coronavírus.

"Se encontrar uma oportunidade, este vírus provocará surtos. Uma característica única deste coronavírus é a capacidade de se amplificar em certos ambientes fechados, com uma super-propagação, como temos visto em lares de idosos ou hospitais", acrescentou.

O que se ganhou entretanto foram "as ferramentas para suprimir o contágio", referiu, indicando que para já, não é claro que um ressurgimento de casos em países que conseguiram reduzir o número de novas infeções esteja dependente do clima ou da temperatura.

Michael Ryan salientou que "seria preocupante crer que [a contenção do contágio] ocorreu naturalmente" e indicou que foram as medidas de contenção aplicadas pelos governos que o conseguiram, restringindo movimentos de populações, impondo confinamentos e aconselhando medidas de distanciamento físico entre as pessoas.

No dia em que se celebra o 53.º aniversário da criação da Organização para a Unidade Africana -- hoje União Africana -, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, assinalou que África é o continente com menos casos e menos mortes em relação ao resto do mundo -- com 1,5 % dos casos globais e 0,1 % das mortes globais, mas ressalvou que a capacidade de testagem ainda não está ao nível do resto do mundo e os números "não dão o retrato completo" da pandemia no continente africano.

O diretor do Centro de Vacinação do Mali, Samba Sow, foi mais longe e afirmou que "a falta de testes pode estar a esconder uma epidemia silenciosa", assinalando que os sistemas de saúde nos países africanos são "fracos e podem ser assoberbados".

Defendeu que além da solidariedade entre países africanos, é precisa "comunicação" e dados fiáveis gerados localmente.

Também esta segunda-feira, a diretora de Saúde Pública da OMS admitiu que uma segunda vaga da doença é cada vez mais improvável.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+