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Daniel Sá

Liga sem patrocinador. “A confusão voltou mais cedo que a competição”

23 mai, 2020 - 00:35 • Vítor Mesquita

Liga de Clubes e NOS terminam relação contratual no final da época 2020/2021. Especialista em marketing entende que organismo vai conseguir substituto, mas antevê dificuldades. Apesar de ser um setor apetecível, a crise económica e as constantes tensões entre clubes podem complicar processo.

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O fim da ligação entre a NOS e a Liga de futebol não é uma boa notícia. É a leitura do diretor executivo do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM). Em entrevista Renascença, Daniel Sá lembra que "estamos a falar do principal patrocinador da competição, por inerência, da própria Liga. Apesar da notícia da não renovação vir com mais de um ano de antecedência e, portanto, dar, de alguma forma, margem para que a Liga tenha tempo para encontrar soluções, encontrar um novo patrocinador, há um enorme desafio para o organismo, numa fase em que enfrentamos uma grande crise económica e, à partida, haverá menor disponibilidade financeira das marcas para patrocinar”.

Para o especialista em marketing desportivo o habitual clima de tensão em torno da prova, pode ser outra dificuldade. Daniel Sá refere que “uma marca quando se associa ao futebol vai buscar duas coisas: uma é visibilidade, com muito retorno mediático, muito tempo de antena em todos os meios de comunicação, isso é garantido”. Sublinha, no entanto, que o futebol português não tem dado a segunda coisa que as marcas procuram, que é uma associação de valores positiva. “Basta olharmos para os últimos dias, onde nós ainda nem sequer retomamos a competição, no entanto, a confusão voltou mais cedo que a competição. As marcas não querem estar envolvidas nesse cenário”, conclui.

Encontrar um novo “sponsor”

Daniel Sá está convencido de que não faltarão marcas que queiram estar associadas à principal competição do futebol português. Assinala que “dentro dos patrocínios disponíveis em Portugal, a principal competição é um fruto apetecido, precisamente pela parte do retorno mediático. Isto tudo depende, depois, dos valores que estão a ser considerados.

Sá explica que o contrato com a NOS foi celebrado há cerca de sete anos, com determinados pressupostos, “quem vier a assumir este novo contrato vai deparar-se com a maior crise económica das últimas décadas e isto pode condicionar bastante o valor pelo qual o patrocínio pode ser negociado”

O diretor executivo do IPAM não duvida que a NOS “foi um patrocinador decisivo para o salto que a Liga deu nos últimos anos.” Insiste que “neste cenário de crise, vai haver aqui a dificuldade de encontrar um novo fôlego, um novo sponsor, que eu estou certo que aparecerá – vamos ver em que termos e em que condições – e que, espero, continue a aproximar cada vez mais o nosso principal campeonato, das cinco principais ligas europeias que é o que interessa em termos financeiros e desportivos

Impacto nos clubes

Este especialista em marketing desportivo acredita que os clubes são atingidos pelo fim da ligação contratual. Daniel Sá refere que “numa perspetiva indireta sim. Quem fica com esta receita de forma direta é a Liga, mas de alguma forma acaba por redistribui-la pelos clubes e ao mesmo tempo acaba por reunir-se de meios para alavancar a competição.”

O diretor do IPAM defende que “não podemos olhar só para a NOS como uma marca que teve a sua imagem espalhada pelos relvados portugueses nos últimos anos. É uma marca que tem como princípio ativar o seu patrocínio, ou seja, acabou por ser uma marca que ajudou a própria Liga a promover a própria competição. Não basta ter um patrocinador com dinheiro que cole a sua imagem à competição, mas que também ajude a competição a ser mais vista, mais capaz, a ser tecnologicamente mais sofisticada a interagir mais com os consumidores.”

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