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Agências de viagens

"Sem turismo não há negócio" e o que vier é para "agarrar com unhas e dentes"

22 mai, 2020 - 10:44 • Marta Grosso

“Precisamos de pôr a roda a andar", defende o presidente da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo na Renascença. Alojamento local e interior do país são agora os mais procurados, diz Pedro Costa Ferreira.

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Quase todo o setor do turismo teve uma quebra da atividade em 95%, revela a Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo. Nesta sexta-feira de manhã, na Renascença, o presidente da APAVT indica ainda que a maioria dos trabalhadores está em “lay-off”, o que tem evitado despedimentos.

“Quase todo o setor está em ‘lay-off’: 98% das nossas empresas não despediram. O ‘lay-off’ tem sido um instrumento a fundo perdido muito importante para todos nós. Sabemos que não chegará, isto é uma maratona, não é um sprint, mas neste momento, na fase em que não há mobilidade internacional, é o instrumento possível”, afirma Pedro Costa Ferreira.

O responsável compara números de abril de 2019 e deste ano para mostrar as dificuldades que o setor atravessa: “entre Espanha e Portugal, em abril do ano passado, transportaram-se cerca de 460 mil pessoas. Em abril deste ano, transportaram-se 26. Não é 26 mil, é 26”.

As atenções viram-se para já para o turismo interno, apesar de não ser suficiente.

“A nossa expectativa é que o turismo interno possa arrancar, se não acontecer nenhuma surpresa, entre julho e agosto; depois o turismo de lazer, que não exige massas, poderá arrancar no último trimestre deste ano, juntamente com o ‘corporate’, o turismo de negócios. E apenas no próximo ano, o turismo em viagens de grupos e grandes massas”, prevê Pedro Costa Ferreira.

Quanto aos grandes eventos, “que são do que tipo de turismo que mais valor monetário tem para os países, e para Portugal, apenas recomeçarão no último semestre do próximo ano”, acrescenta.

“É preciso pôr a roda a andar”

Apesar de o turismo internacional ser fundamental para a retoma do setor, há que aproveitar todas as oportunidades que surjam em termos nacionais.

“Estamos a agarrar-nos a estas oportunidades com unhas e dentes, porque precisamos de pôr a roda a andar”, afirma o presidente da APAVT.

E os novos tempos trouxeram também novas preferências, o que pode ser positivo para alguns.

“O perfil da procura neste começo da roda a andar é muito diferente e traz algumas oportunidades”. Agora, o turista “não quer ‘mass market’, não quer grandes ajuntamentos”, o que “traz oportunidades para o alojamento local, para os hotéis de menor dimensão, para algum turismo de luxo e para o interior do país”.

Nesta fase, os grandes hotéis são os que mais sofrem. “Também estão a abrir, estão é a fazê-lo de forma muito complicada, apenas uma parte desses hotéis e isso, do ponto de vista da rentabilidade, é letal”, sublinha Pedro Costa Ferreira.

“É um grande esforço que todo o setor está a realizar para acordar”, resume.

E os “vouchers”?

Nesta conversa no programa As Três da Manhã, o dirigente da Associação de Agências de Viagens e Turismo lembrou que os vales dados a quem tinha viagens que não pôde concretizar têm validade até dia 31 de dezembro de 2021.

“Os que não forem usados, serão trocados por dinheiro. E estão seguros contra a insolvência das empresas”, sublinhou.

Segundo o responsável, foram emitidos muitos milhares de “vouchers”. A medida “veio dar-nos tempo”, pois era impossível devolver o dinheiro a todos.

“Todos estes cancelamentos geraram uma rutura total da liquidez, não apenas nas agências de viagens, mas nos hotéis, na animação turística, nas companhias aéreas”, aponta.

Pedro Costa Ferreira lembra também que “o ‘voucher’ é transmissível”.

O setor do turismo é fundamental para a economia portuguesa – só no ano passado, representou quase 20% das exportações portuguesas.

A aviação é, por isso, uma das áreas mais atingidas pela pandemia de Covid-19. Nesta sexta-feira, o diretor da Groundforce defende à Renascença o prolongamento do “lay-off”, porque ainda não há luz ao fundo do túnel.

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