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Ribeiro Cristovão
Opinião de Ribeiro Cristovão
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Silêncio ensurdecedor

18 mai, 2020 • Opinião de Ribeiro Cristovão


A partir do último fim-de-semana, ficámos todos a saber que iremos ter durante vários meses espectáculos sem público pela Europa fora, ajudando a criar em todos nós uma estranha sensação de vazio que, se as condições não se alterarem, não vai ser fácil preencher.

“Deus criou o mundo e desistiu de continuar a sua obra ao sétimo dia porque era domingo e havia um desafio de futebol”, uma frase metafórica do jornalista Francisco Sousa Neves que, quando proferida, teve como única intenção elevar ao cume um fenómeno que tomou conta de toda a humanidade em todos os quadrantes desde que inventado em finais do séc. XIX.

E não é apenas pelo ambiente que gera à sua volta que existe paixão universal por esse jogo fantástico, mas por toda a magia que o envolve e que se repete de cada vez que a bola começa a rolar nos tapetes mais diversos, sejam eles relvado ou de simples terra batida.

A partir do último fim-de-semana ficámos todos a saber que iremos ter durante vários meses espectáculos sem público pela Europa fora, ajudando a criar em todos nós uma estranha sensação de vazio que, se as condições não se alterarem, não vai ser fácil preencher.

Na Alemanha jogaram-se os primeiros 17 jogos, em dois escalões, que constituíram também um bom motivo de análise, no sentido de se concluir se o método é ou não recomendável, sabendo-se que é, antes de tudo, possível por força de necessidades conhecidas.

E vimos vários jogos sem novidades de monta: o Bayern de Munique venceu, o Borússia de Dortmund também ganhou tendo, por isso, ficado tudo na mesma. Ou seja, após a 26ª jornada da Bundesliga o duo da frente mantém imutável a diferença que os separa de quatro pontos, com vantagem dos campeões da Baviera.

Pondo de lado resultados e classificações ficaram especialmente na retina o silêncio e o eco produzidos em todos os estádios germânicos, sendo esse, sem dúvida, o ponto mais sensível de todas as análises.

A sensação que fica é a de estarmos diante de um fenómeno novo, com menos vida, nalguns casos quase a provocar sonolência.

Para já o futebol arrancou na Alemanha.

Os outros parceiros europeus também estão a preparar-se para o tiro de partida, oxalá sem outras novas interrupções.

Comentários
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  • Ricardo Martins
    19 mai, 2020 Lisboa 02:32
    Sobre a direcção do amigo Varandas estar a cair aos pedaços é que nada fica para a próxima certamente .