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Covid-19: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto está a otimizar ventilação não invasiva

15 mai, 2020 - 14:56 • Joana Gonçalves

"É possível que uma melhor monitorização clínica durante a ventilação permita maiores taxas de sucesso e uma melhor seleção de doentes”, afirma diretor do serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de São João.

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Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) estão a implementar um protocolo que procura tornar mais segura e eficiente a ventilação não invasiva em doentes com Covid-19. O processo passa pela monitorização real e contínua, de modo a reduzir os casos de insucesso do tratamento e o recurso à ventilação invasiva.

Coordenado por Miguel Gonçalves, o projeto “Accurate tidal volume monitoring to optimize safe non-invasive ventilation settings in patients with SARS-CoV-2” recebeu um financiamento de 30 mil euros pela iniciativa RESEARCH 4 COVID19, da responsabilidade da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

De acordo com o professor e investigador da FMUP, o principal objetivo do projeto é criar “um protocolo de ajuste individualizado da ventilação não invasiva em doentes admitidos em cuidados intensivos com síndrome respiratória aguda grave devido ao novo coronavírus (SARS-CoV-2)”, lê-se em comunicado.

“Este novo protocolo irá permitir uma deteção precoce de problemas na ventilação não invasiva e uma resposta atempada, nomeadamente a implementação de parâmetros protetores e o ajustamento da sedação contínua”, adianta Miguel Gonçalves.

A equipa de investigadores espera, por isso, que “seja possível reduzir a necessidade de intubação e de suporte de ventilação mecânica invasiva”, bem como “minimizar as complicações que lhe estão associadas e consequentemente otimizar os recursos utilizados no serviço de Medicina Intensiva”.

José Artur Paiva, diretor do serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de São João e docente na FMUP, considera que a estratégia proposta neste estudo é “um contributo para a medicina de precisão em suporte ventilatório”.

“Nos doentes Covid-19 com insuficiência respiratória hipoxémica, o esforço inspiratório intenso pode agravar a lesão pulmonar. A ventilação não invasiva é habitualmente considerada deletéria nestes doentes, sobretudo se realizada prolongadamente”, explica o especialista.

No entanto, “é possível que uma melhor monitorização clínica durante a ventilação permita maiores taxas de sucesso e uma melhor seleção de doentes”, acrescenta.

O projeto é promovido pela Unidade de Investigação Cardiovascular (UNiC) da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em parceria com o Serviço de Medicina Intensiva, onde os doentes serão estudados, e o Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Universitário de São João.

Além de Miguel Gonçalves, fazem parte da equipa de investigadores Alysson Roncally Carvalho, Roberto Roncon-Albuquerque Jr., Venceslau Hespanhol, Adelino Leite Moreira e José Artur Paiva.

O prazo de submissão de propostas à segunda edição do apoio RESERACH 4 COVID19 termina esta sexta-feira. A FCT, em colaboração com a Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB), procura atribuir um apoio especial a projetos de implementação rápida para soluções inovadoras de resposta à pandemia da Covid-19.

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