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Caso Centeno. Assis pede a Costa que "encerre o assunto" com declaração ao país

13 mai, 2020 - 20:27 • José Pedro Frazão

​O antigo eurodeputado socialista considera necessário evitar uma demissão do ministro das Finanças na sequência da polémica em torno da descoordenação no Governo sobre a injeção de capital no Novo Banco. No programa "Casa Comum" da Renascença, Francisco Assis critica duramente o comportamento político do Bloco de Esquerda no processo.

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O antigo líder parlamentar socialista Francisco Assis apela a António Costa para que "esclareça cabalmente" o processo relacionado com a descoordenação entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças sobre a injeção de 850 milhões de euros no Novo Banco. António Costa reconheceu não ter tido informação de que o Ministério das Finanças já tinha feito o pagamento ao Novo Banco na véspera de ter garantido no Parlamento que só seriam feitas injeções de capital após auditorias.

"Há aqui, de facto, um problema de relacionamento entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças. Aparentemente, o primeiro-ministro continua a confiar no ministro das Finanças, porque não o demitiu. E o ministro das Finanças não sente que tenha perdido a confiança do primeiro-ministro porque não se demitiu. Eles lá terão resolvido o problema entre eles”, acredita Francisco Assis.

“Creio que é preciso uma explicação mais clara perante o país e é bom que o primeiro-ministro faça uma declaração sobre o assunto que encerre e esclareça cabalmente o que se passou", afirma Assis no programa "Casa Comum" em debate com o eurodeputado do PSD Paulo Rangel, que defende a demissão de Mário Centeno.

O comentador socialista considera que, independentemente de um pedido de desculpas de António Costa perante a líder do Bloco de Esquerda, o primeiro-ministro deve explicar ao país, claramente, o que se passou. Para o antigo eurodeputado do PS, a solução não está na saída do ministro das Finanças do Governo.

"Era muito mau para o país que, neste momento, o ministro das Finanças deixasse de exercer essas funções. É uma crise que devemos evitar, porque teria consequências negativas para Portugal. Geraria alguma desconfiança. Deve-se evitar essa crise. Não sou a favor da ideia de que o primeiro-ministro deva demitir o ministro ou que ele se deva demitir. Se ele saísse era negativo para o país", considera Assis na Renascença.

Numa declaração esta quarta-feira de manhã, no Parlamento, Mário Centeno disse nada ter feito à revelia do primeiro-ministro, reconhecendo apenas uma "falha de comunicação" com António Costa.

O Bloco não sabia?

Francisco Assis ataca ainda o Bloco de Esquerda por ter mostrado surpresa face à injeção de 850 milhões de euros no Novo Banco, quando tinha conhecimento do compromisso inscrito no Orçamento do Estado.

"O Bloco de Esquerda contribuiu fortemente para a aprovação de um Orçamento do Estado em que isto estava previsto. Não pode vir agora alegar um profundo desconhecimento da questão porque sabia perfeitamente que isto estava previsto”, afirma o socialista.

“Poder-se-á dizer que, estando previsto, só se podia concretizar depois da realização da auditoria especial. Há aqui duas auditorias - a auditoria corrente que já terá sido feita e a auditoria especial que foi pedida pelo próprio Governo. Não há nada no Orçamento do Estado que estabeleça essa obrigatoriedade. O Bloco de Esquerda tentou aprovar na altura essa obrigatoriedade e ela não foi aprovada", assinala Francisco Assis.

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