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Conselho da Cruz Vermelha é que deve averiguar gestão de Francisco George, diz ministro

07 mai, 2020 - 00:10 • Lusa

Gomes Cravinho explica que a tutela da Defesa não tem responsabilidade direta na avaliação da conduta de Francisco George, apenas na verificação da "legalidade dos atos”.

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O ministro da Defesa Nacional esclareceu esta quarta-feira que deve ser o conselho supremo da Cruz Vermelha Portuguesa a averiguar a “boa ou má gestão” de Francisco George, porque à tutela apenas compete “verificar a legalidade dos atos”.

“A Cruz Vermelha, de acordo com os seus estatutos, age com completa autonomia em relação ao Estado”, disse João Gomes Cravinho, explicando que a tutela da Defesa não tem responsabilidade direta na avaliação da conduta de Francisco George, presidente nacional da Cruz Vermelha Portuguesa e do Conselho de Administração não executivo do Hospital da Cruz Vermelha (HCVP).

No mês de abril, por duas vezes, mais de uma centena de profissionais do HCVP enviaram uma “carta denúncia” ao Governo, na qual manifestaram “enorme preocupação” com a forma como Francisco George “está a pôr em risco a sobrevivência clínica e económica” do hospital.

“A instabilidade emocional do Dr. Francisco George trouxe não só a tentativa fútil e infundada de converter o nosso hospital num Centro COVID. Também a tentativa de despedimento compulsivo de colegas de trabalho e a pretensão de fazer alterações contratuais de colaboradores sem o consentimento nem aprovação do Conselho de Administração (CA)”, lê-se na carta a que a Lusa teve acesso.

A tutela deste hospital é da Defesa, mas João Gomes Cravinho indicou que o Ministério apenas é responsável “por verificar a legalidade dos atos”.

“Dentro da Cruz Vermelha existem órgãos competentes, como é o caso do conselho supremo da assembleia-geral, que tem responsabilidade por averiguar da boa gestão ou da menos boa gestão que possa haver na liderança da Cruz Vermelha”, frisou.

A primeira carta foi enviada em 06 de abril e a segunda em 29 de abril, ambas endereçadas ao Presidente da República, ao presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro e ministros das Finanças, da Defesa e da Saúde, e assinado por médicos, enfermeiros, técnicos, administrativos e auxiliares de ação médica e colaboradores.

Logo depois da primeira carta, Francisco George disse à Lusa que estranhou a iniciativa, explicando: “Estou há pouco tempo na CVP, estou na administração de manhã à noite, vejo o diretor clínico todos os dias e até hoje nada me disse”.

“Não estou a par dos pormenores da carta e não vou comentar mais nada, espero reunião com os trabalhadores, estou disponível para falar com eles, mas até agora não me pediram”, indicou.

No entanto, segundo a carta dos profissionais, “o relacionamento entre o corpo clínico e administrativo do hospital e o Dr. Francisco George atingiu um ponto de rotura total”.

“A figura do Dr. Francisco George e da equipa que representa é absolutamente incompatível com o futuro do Hospital da Cruz Vermelha. A sua presença põe em perigo a continuidade da nossa missão”, afirmaram.

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