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Cacia ignora estado de calamidade e abre feira semanal sem restrição de produtos

07 mai, 2020 - 12:20 • Luís Aresta

A feira semanal de Cacia, no distrito de Aveiro, reabriu esta quinta-feira com totalidade de artigos. Sem vigilância policial, podem ser transacionados, para além de produtos alimentares, vestuário, calçado e muito outros produtos, para surpresa de muitos clientes.

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A feira semanal de Cacia, no distrito de Aveiro, reabriu esta quinta-feira, de forma inesperada, já que vigora no país o "estado de calamidade".

Sem vigilância policial, podem ser transacionados, para além de produtos alimentares,, vestuário, calçado e outros produtos à venda, para surpresa de muitos clientes. E não devem ser os únicos a ficar surpreendidos.

Ouvida pela Renascença, a feirante Laurinda Amorim confirma que na feira há “roupa, calçado, tudo” para além dos produtos alimentares que continuaram a ser comercializados, mesmo durante o estado de emergência.

Esta feirante dá conta de uma feira “com pouca gente” porque muitas pessoas desconheciam a reabertura da área habitualmente ocupada pelas roupas e calçado. “Só 'botaram' ontem à noite no facebook e muita gente não tem”, concretiza Laurinda Amorim, para justificar o pouco movimento na feira de Cacia.

Máscaras sim, vigilância policial não

Nestas declarações à Renascença, a feirante revela que “nem um polícia” há no recinto da feira de Cacia. Logo pela manhã, houve, sim, cuidado em disponibilizar máscaras para todos.

“Uma funcionária da Junta de Cacia andou a dar máscaras; nós já tínhamos, mas eles deram uma com o símbolo de Cacia; também fomos avisados para manter as distâncias e cada um está a cumprir com o seu dever”. Laurinda Amorim diz ainda que os clientes “andam todos com máscara, até as crianças.”

Presidente da Junta tranquilo com a decisão

O presidente da Junta de Freguesia de Cacia considera não estar a violar as obrigações subjacentes ao estado de calamidade decretado pelo Governo. Nelson Santos não se arrepende de ter decidido a reabertura, em pleno, da feira semanal e sublinha que a lei é omissa quanto à realização de feiras ao ar livre.

“Se as superfícies pequenas e em espaços fechados podem abrir, penso que não haja problemas nesta situação; lendo a lei, ela nada diz sobre mercados abertos e, como este é um mercado pequeno não vejo problema”, diz.

Confrontado pela Renascença com a eventualidade de poder vir a ser acusado de violação às regras do estado de calamidade, o autarca de Cacia diz estar "de consciência tranquila".

“Estamos a cumprir tudo aquilo que devemos fazer e não vejo que essa situação se possa concretizar”, maniesta, convicto.

Nelson Santos acentua que a feira semanal de Cacia é pequena, está a funcionar a 60% e que as entradas e saídas estão a ser controladas por funcionários da junta de freguesia e por ele próprio.

Feirantes voltam a sorrir

A reabertura da feira semanal de Cacia - mesmo tratando-se de um mercado de reduzida expressão - é encarada pela Federação Nacional de Associações de Feirantes (FNAF) como um importante sinal, que pode ser seguido por outros municípios.

Joaquim Santos, presidente daquela entidade diz agora estar mais otimista, depois de nas últimas horas ter ameaçado o governo com a possibilidade de uma manifestação nacional de feirantes em Lisboa, caso a reabertura dos mercados fosse relegada para finais de junho, como admitiu numa entrevista à Renascença o presidente da Associação Nacional de Municípios, Manuel Machado.

O otimismo do presidente da FNAF advém, sobretudo, do telefonema que recebeu do secretário de Estado do Comércio, do qual obteve garantias de que o Governo segue o problema dos feirantes com preocupação. Joaquim Santos sublinha que tem que “acreditar nas pessoas” e confia que, dia 18 de maio, feita a avaliação desta quinzena em estado de calamidade, o governo dará um sinal de “normalidade” para o setor das feiras e mercados ao ar livre.

Comentários
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  • Jorge Bento
    08 mai, 2020 Castelo Branco 22:01
    Da parte do governo não se tem preocupado com o verdadeiro problema dos feirantes estão no verdadeiro abandono porque os políticos não sabem na realidade as nossas necessidades mas nas alturas das eleições sim lá vão os recintos das feiras tenho pena de se preocuparem com os bancos
  • Joaquim Santos
    07 mai, 2020 Tojal 13:20
    Os feirantes são os mais pobres, dos mais pobres, neste estado de pandemia, em conclusão serão os mais esquecidos. Que os que têm voz, lhe dêem voz.

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