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"Não a um regresso à normalidade". De Madonna a De Niro, o apelo de 200 artistas e cientistas aos líderes mundiais

06 mai, 2020 - 14:59 • Lusa

Artistas e cientistas, entre os quais alguns prémios Nobel, apelam à introdução de mudanças profundas nos estilos de vida, consumo e economias, aprendendo com as consequências da pandemia causada pelo novo coronavírus.

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Duas centenas de personalidades, entre as quais Madonna, Robert De Niro e Juliette Binoche, apelaram aos líderes e cidadãos mundiais para que introduzam mudanças profundas nos estilos de vida e consumo, em consequência da crise causada pela covid-19.

O apelo, publicado no jornal francês Le Monde, foi iniciado pela atriz Juliette Binoche e pelo físico e filósofo francês Aurélien Barrau e seguido por várias outras personalidades do mundo artístico e científico, como a atriz Cate Blanchett, o antropólogo Philippe Descola e o físico Albert Fert.

"Não a um regresso à normalidade" apela à introdução de mudanças profundas nos estilos de vida, consumo e economias, aprendendo com as consequências da pandemia causada pelo novo coronavíru

"A pandemia de Covid-19 é uma tragédia. Mas esta crise tem a virtude de nos convidar a enfrentar as questões essenciais. O balanço é simples: os 'ajustamentos' já não são suficientes, o problema é sistémico", afirmam os signatários, entre os quais se encontram outros nomes conhecidos como o cantor Benjamin Biolay, o realizador Pedro Almodovar, e os atores Isabelle Adjani, Javier Bardem, Emmanuelle Béart e Monica Bellucci.

Na carta, os subscritores defendem que a atual "catástrofe ecológica" é uma "meta-crise", porque "a extinção em massa da vida na Terra já não está em dúvida e todos os indicadores apontam para uma ameaça existencial direta".

"Ao contrário de uma pandemia, por muito grave que seja, trata-se de um colapso global cujas consequências serão incomportáveis", alertam, apelando a líderes e cidadãos para que "se libertem da lógica insustentável que ainda prevalece, para que finalmente trabalhem no sentido de repensar profundamente os objetivos, os valores e as economias".

Neste manifesto, artistas e também muitos cientistas das várias áreas de conhecimento, entre os quais alguns prémios Nobel, chamam a atenção para o "ponto de rutura" que o mundo está a atingir, fruto da poluição, do aquecimento global, da destruição dos espaços naturais e de um consumismo que levou a humanidade a "negar a própria vida: a das plantas, dos animais e de um grande número de seres humanos".

"Por estas razões, combinadas com desigualdades sociais cada vez maiores, parece impensável 'voltar ao normal'", defendem, reconhecendo que a "transformação radical exigida a todos os níveis exige ousadia e coragem" e que não se realizará "sem um compromisso maciço e determinado".

Perante isto, questionam quando se irá agir, e alertam que é "uma questão de sobrevivência, tanto quanto de dignidade e coerência".

Marion Cotillard, Penélope Cruz, Alfonso Cuaron, Willem Dafoe, Marianne Faithfull, Abel Ferrara, Ralph Fiennes, Jane Fonda, Jeremy Irons, Jim Jarmusch, Spike Jonze, Julianne Moore, Thomas Ostermeier, Joaquin Phoenix, Iggy Pop, Charlotte Rampling, Sting, Béla Tarr ou Wim Wenders são outros dos nomes entre as centenas que assinam a carta e que conta também com a participação de fotógrafos, escritores, economistas, dançarinos, músicos, coreógrafos e filósofos.

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  • Olinda teixeira
    11 mai, 2020 Oeiras 10:27
    Eu tambem assino essa carta.
  • twoand
    07 mai, 2020 00:03
    É comovente ver gente tão rica que ganhou a sua fortuna nas artes poluidoras — desde o celuloide às pipocas — ter rebates de consciência.

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