06 mai, 2020 - 18:03 • Redação
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O presidente do Sporting, Frederico Varandas, alerta para um horizonte que pode ser dramático para o futebol português no contexto da pandemia de Covid-19.
Em entrevista à SIC, o líder leonino encara a inevitável quebra, a médio-prazo, de receitas de bilheteira e patrocinadores como um cenário gravíssimo.
“As limitações que o Governo já nos disse que vão acontecer: para o ano, se calhar, vamos vender só um quarto da capacidade dos estádios, significa um quarto de receita de bilhética, um quarto provavelmente de patrocinadores e parceiros. Isto vai ser uma nova realidade e um problema gravíssimo.”
Frederico Varandas deixa um aviso generalizado a todos os clubes, mas também uma adenda especificamente dirigida aos três grandes e ao impacto brutal dos encaixes com o mercado de transferências.
O decréscimo acentuado dessas receitas levará muito tempo a ser recuperado, adverte o presidente do Sporting.
“O grande problema, e agora fá-lo dos três grandes, que vai ser o mercado de transferências. 50% das receitas vêm da venda de jogadores, o mercado português é um mercado exportador de jogadores. Nem Sporting, nem Benfica nem FC Porto não têm qualquer dúvida em perceber que vai demorar uns bons anos para os clubes grandes voltarem a ter a capacidade financeira que tinham antes da Covid. Não tenho a menor dúvida. Muito muito devido ao mercado de transferências”, sublinha.
Por isso, Frederico Varandas lança um sério apelo, em prol da sobrevivência do futebol tal como o conhecemos: é preciso união.
“Num momento como este, há um instinto que se chama sobrevivência. E aqui os grandes, se não remarmos [em conjunto], se não defendermos a indústria do futebol numa altura destas, não vamos cá estar muito tempo”, alerta.
O presidente do Sporting pronuncia-se pela primeira vez sobre a retoma da I Liga, com apertadas regras. Ainda esta quarta-feira, Governo, Direção-Geral da Saúde, Liga e Federação reúnem-se nesse sentido.
“Se o futebol profissional não pode arrancar, que empresa em Portugal pode arrancar? Não há nenhuma empresa em que os trabalhadores tenham tão pouco fator de risco e tão boas condições para desempenhar as suas funções”, afirma Frederico Varandas em entrevista à SIC que vai ser transmitida na íntegra esta quarta-feira à noite.