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Coronavírus

Guterres afirma que jornalismo de factos é "antídoto" à pandemia da desinformação

02 mai, 2020 - 15:33 • Filipe d'Avillez Lusa

O secretário-geral da ONU quer que os Governos facilitem o trabalho dos jornalistas que cobrem a Covid-19.

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O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou este sábado, véspera do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que o jornalismo baseado em notícias e análises verificadas, científicas e factuais é um antídoto à pandemia da desinformação.

“À medida que a pandemia [da covid-19] se espalha, ela também deu origem a uma segunda pandemia de desinformação, de conselhos prejudiciais à saúde, de teorias da conspiração selvagem. A imprensa fornece o antídoto: notícias e análises verificadas, científicas e baseadas em factos”, escreveu António Guterres, numa nota publicada no site das Nações Unidas.

Para o secretário-geral da ONU, os jornalistas e os profissionais de órgãos de comunicação social “são cruciais” para que se possam tomar decisões informadas e, quando o mundo luta contra a covid-19, “essas decisões podem fazer a diferença entre a vida e a morte”.

Por isso, apelou “aos Governos – e outros – que assegurem que os jornalistas possam fazer o seu trabalho em relação à pandemia da covid-19”.

“Apelamos aos Governos que protejam os trabalhadores da comunicação social e fortaleçam e mantenham a liberdade de imprensa, essencial para um futuro de paz, justiça e direitos humanos para todos”, sublinhou.

O responsável alertou que, desde o início da pandemia, muitos jornalistas estão a ser submetidos a maiores restrições e punições simplesmente por fazerem o seu trabalho.

"Restrições temporárias à liberdade de movimento são essenciais para superar a covid-19. Mas elas não devem ser utilizadas como uma desculpa para impedir a idoneidade de os jornalistas fazerem o seu trabalho”, sublinhou.

António Guterres agradeceu à comunicação social “por fornecer fatos e análises, por responsabilizar os líderes – em todos os setores – e por falar a verdade ao poder”, sobretudo àquela comunicação que está a “desempenhar um papel que salva vidas, ao informar sobre saúde pública”.

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, proclamado em 1993 pelas Nações Unidas, "foi inspirado pelos esforços de jornalistas africanos que em 1991 produziram a histórica Declaração de Windhoek, exigindo pluralismo e independência dos meios de comunicação social", salientou, pelo seu lado, o nigeriano Tijjani Muhammad-Bande, presidente da Assembleia-Geral da ONU.

Numa nota, Muhammad-Bande refere que o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa marca o reconhecimento de jornalistas e profissionais de comunicação em todo o mundo, “cujo trabalho contribuiu para expor a injustiça e as dificuldades sofridas por aqueles cujas vozes são frequentemente silenciadas ou ameaçadas”.

“Devemos continuar a defender uma imprensa mundial livre. O papel crucial do jornalismo é ainda mais relevante na esteira sem precedentes da covid-19, quando nossas próprias vidas dependem de uma perspetiva equilibrada de informações imparciais, debates públicos construtivos e responsabilidade credível”, disse, sublinhando que “apenas um público bem informado pode estar mais bem equipado para lidar com os problemas mais importantes”.

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) lançou este ano uma campanha global nos meios de comunicação com foco no "Jornalismo sem medo ou favor", num cenário “cada vez mais complexo”.

De acordo com o site da ONU, as celebrações nacionais e locais do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa ocorrerão em todo o mundo, algumas sob a forma de debates e workshops online.

A World Press Freedom Conference 2020, organizada anualmente desde 1993 pela ONU, agendada este ano para abril, no Fórum Mundial em Haia, na Holanda foi adiada para 18 a 20 de outubro no mesmo local, “para minimizar custos e riscos para todos os envolvidos”, após a declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde.

A conferência é “uma oportunidade para jornalistas, representantes da sociedade civil, autoridades nacionais, académicos e o público em geral discutirem desafios emergentes à liberdade de imprensa e segurança dos jornalistas, trabalhando em conjunto na identificação de soluções”.

De acordo com a ONU, o encontro em outubro será “uma celebração conjunta do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (3 de maio) e do Dia Internacional pelo Fim da Impunidade por Crimes contra Jornalistas (2 de novembro)”.

No domingo decorre a "Conferência do Dia da Diferença 2020", um evento interativo gratuito, transmitido ao vivo.

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