A vida (e a economia) podem regressar de 15 em 15 dias. Bolsonaro culpa todos menos um

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PORTUGAL

Se soubesse o que sabe hoje, Temido teria recomendado uso de máscara mais cedo. Empresas com "fim de mês muito complicado" por erros do Governo

• Portugal regista esta quinta-feira 989 mortes (mais 16 em 24 horas) e 25.045 infetados (mais 540), de acordo com o boletim diário da Direção-Geral de Saúde. Há ainda a registar 1.519 recuperados da doença. Veja aqui o número de casos de Covid-19 por concelho.

• Apesar da existência de mais 540 casos da doença nas últimas 24 horas, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, garante que a epidemia de Covid-19 em Portugal está em queda. "A epidemia não está a crescer. Todos os dias temos novos casos, mas a curva, apesar de altos e baixos, é uma tendência decrescente. A nossa epidemia está francamente a descer, apesar de todos os dias temos novos casos", declarou Graça Freitas.

• A diretora-geral da Saúde revelou também que Portugal regista um caso de uma criança com uma “situação semelhante” e “quadro clínico parecido” à doença inflamatória grave associada à Covid-19 que tem sido reportada noutros países. Mas, afinal, o que é a síndrome de Kawasaki?

• A ministra da Saúde, Marta Temido, reconheceu hoje que podia ter antecipado a recomendação do uso generalizado de máscaras, como medida de contenção da pandemia do novo coronavírus. Em entrevista a um podcast do PS, a governante assumiu que, se tivesse na altura a informação que tem agora, a decisão inicial teria sido outra.

• Por sua vez, o secretário de Estado da Saúde diz que o país pode estar “confortável” com o atual armazenamento de máscaras para a população e profissionais de saúde. Na conferência de imprensa diária de atualização da situação pandémica em Portugal, António Lacerda Sales deu conta que Portugal “tem uma encomenda de 12,383 milhões” de máscaras FFP2, tendo já sido entregues 5,208 milhões.

• O primeiro-ministro, António Costa, anunciou esta quinta-feira, no final do Conselho de Ministros, o plano de transição de Portugal do estado de emergência, que termina no sábado, para o estado de calamidade, “que entrará em vigor no segundo seguinte”, ou seja, às 00h00 de 3 de maio. António Costa advertiu, porém, que a pandemia “não foi ultrapassada”. Apesar de o país ter "registado uma evolução positiva" (veja aqui os números que levaram António Costa a levantar restrições), “o risco mantém-se elevado” e, por esse motivo, “não poderemos retomar a normalidade da nossa vida”, explicou o primeiro-ministro. O mesmo é dizer que esta reabertura da sociedade e, sobretudo, da economia será gradual (a 4 de maio, 18 de maio e 1 de junho) e sujeita a alterações. Saiba tudo o que muda, e a partir de quando, do pequeno comércio às lojas de shopping, das creches ao secundário, dos funerais às missas, sem esquecermos o teletrabalho, o recolhimento ou o futebol.

• O desconfinamento é, porém, um teste carregado de interrogações e receios, com vários especialistas a admitir que os casos de infeção podem disparar em maio. E se isso facilitar a imunidade comunitária? "Vamos ter de continuar a permitir que algumas pessoas sejam infetadas. É a única estratégia possível, neste momento", diz à Renascença Cláudio Sunkel, especialista em biologia molecular e diretor do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (I3S). Apesar de ainda desconhecermos muito sobre este vírus, Sunkel diz-se "otimista".

• Os erros e atrasos do Governo nos pedidos de "lay-off" abrem um cenário “catastrófico” às PME, é o que denuncia à Renascença Jorge Pisco, presidente da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas. Jorge Pisco revela que o setor está perante “um fim de mês muito complicado”.

• Ouro, joias e toda uma panóplia de bens pessoais - como relógios, moedas ou até obras de arte - podem representar o último recurso para milhares de portugueses fazerem face à crise. "Numa situação em que não têm rendimentos para fazer face a certas obrigações, a primeira coisa que as pessoas fazem é verificar o que têm para ser objeto de penhor”. Mas os profissionais do setor dizem que é urgente regular o mercado.

MUNDO

Bolsonaro diz que mortes no Brasil são um "jogo político". Desemprego nos EUA não pára de aumentar

• Em Espanha, tal como em Portugal, o governo prepara a reabertura da economia e da sociedade, incluindo no plano os passeios de sábado para evitar uma “saída explosiva”. Depois de confinados em casa há sete semanas, os espanhóis vão poder sair para passear e fazer desporto, a partir de sábado, 2 de maio, distribuídos por “faixas horárias”. O número de mortes em Espanha na sequência da Covid-19 atingiu, nesta quinta-feira, os 24.543, sendo que o valor diário voltou a diminuir. Nas últimas 24 horas, morreram 268 pessoas.

• No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro continua a tentar encontrar responsáveis para as 5.500 mortes (e mais de 78 mil casos de infeção) causadas pela Covid-19. Esta quinta-feira, em declarações aos jornalistas, Bolsonaro responsabilizou os governadores brasileiros pelo atual estado da pandemia e levantou dúvidas sobre a causa das mortes associadas à pandemia. Segundo Bolsonaro, os governadores inflacionaram os números "para fazerem o jogo político".

• Nos EUA, o país com mais mortos (60.999) e casos de infeção (mais de um milhão) confirmados no mundo, a pandemia de Covid-19 forçou milhões de empresas a fechar e a reduzir postos de trabalho, o que levou cerca de 3,8 milhões de desempregados a pediram na semana passada o acesso ao subsídio de desemprego – elevando para 30,3 milhões o número de novos pedidos nas últimas seis semanas.

• A ativista ambiental Greta Thunberg vai doar um prémio de cerca de 92 mil euros para ajudar a Unicef a combater a Covid-19. O anúncio foi feito pela própria ativista sueca, que explicou tratar-se de uma verba que recebeu de uma ONG dinamarquesa.

• A Covid-19 já provocou mais de 230 mil mortes e infetou mais de 3,2 milhões de pessoas. Entre quarta e quinta-feira, ocorreram 5.867 novas mortes e 79.155 novas infecções.

Os números da Covid-19 no mundo: