Com o final do estado de emergência e a provável declaração de calamidade, o confinamento já não é obrigatório e a polícia "o que pode é recomendar às pessoas que fiquem em casa”. Entretanto, no Brasil, Bolsonaro diz que o responsável pelas 5.017 mortes no país é quem decretou medidas de isolamento social.
SNS prepara-se para eventual segunda vaga. TAP vai receber injeção de “dinheiro do povo português”
Os restaurantes vão reabrir a 18 de maio, mas a 50% da capacidade. Ao que Renascença apurou junto de membros das organizações que têm tido reuniões com o Governo sobre a retoma da atividade económica, os restaurantes abrem, mas bares e estabelecimentos de divertimento noturno vão continuar fechados.
Também lojas até 200 metros quadrados de área (e com porta para a rua) podem reabrir já na próxima segunda-feira. A Renascença apurou que a decisão foi anunciada esta quarta-feira pelo Governo aos parceiros sociais, durante a reunião da Concertação Social. Posteriormente, seguem-se as lojas até 400 metros quadrados, que podem reabrir no dia 18 de maio. A partir de junho, reabrem os restantes estabelecimentos comerciais. O primeiro-ministro, António Costa, vai anunciar amanhã, quinta-feira, as medidas de reabertura gradual da economia portuguesa.
Já morreram 973 pessoas e foram infetadas 24.505. São 183 os novos casos confirmados de Covid-19 entre ontem e hoje (mais 0,7%), o que iguala o valor de segunda-feira, até ver era o mais baixo desde o início da pandemia, a par de 25 óbitos, aponta o boletim da DGS. Registam-se ainda 81 novas recuperações nas últimas 24 horas, para um total de 1.470. Veja aqui o número de casos de Covid-19 por concelho.
Mais de 90% dos 973 óbitos registados em Portugal devido à Covid-19 ocorreram em ambiente hospitalar. Os dados foram anunciados pela diretora-geral da Saúde, que garante que todos os óbitos são contabilizados. "Todas as mortes são contabilizadas, é impossível não contabilizá-las." Foi assim que Graça Freitas respondeu às alegações de subnotificação de mortes, até porque, refereiu, "é impossível alguém ser enterrado ou cremado sem o certificado de óbito". Na Renascença, o bastonário da Ordem dos Médicos pede à DGS que compare os seus números com os de um estudo que indica que Portugal pode ter registado 4 mil mortes em excesso e se despache a retomar a atividade não-Covid nos hospitais, para que a saúde dos restantes doentes não continue a ser descurada. “Até agora, foram feitos quatro estudos tentando avaliar o impacto negativo que esta situação tem tido nas mortes por outras causas que não a Covid. Uns estudos apontam que o impacto foi maior, outros menor, mas nunca na dimensão que o subdiretor-geral da Saúde disse. Julgo que a DGS vai ter de olhar para os seus próprios números relativamente à mortalidade dos doentes não-Covid e fazer uma reflexão sobre isto."
As autoridades de saúde já começaram a reforçar o Sistema Nacional de Saúde (SNS) para uma possível segunda vaga da Covid-19 em Portugal, que poderá acontecer na sequência do fim das medidas de confinamento, que progressivamente serão levantadas após o fim do estado de emergência, a 2 de maio. O secretário de Estado da Saúde garante que medidas concretas serão anunciadas, em breve, pela ministra da Saúde, Marta Temido. Neste momento, garante António Lacerda Sales, o SNS dispõe de "21 mil camas para agudos, 11 mil de especialidades médicas e 9 mil de especialidades cirúrgicas. Temos cerca de mil pessoas internadas, o que confere algum conforto em termos de decisão de gestão flexível e gradual da capacidade."
A garantia é do secretário de Estado da Saúde: a linha telefónica SNS 24 atende diariamente 7.000 chamadas e o tempo de espera para atendimentos é, hoje, “menos de meio minuto”. António Lacerda Sales recordou também que esta ferramenta serve todos os doentes. “O SNS 24 continua a ser a porta de entrada por excelência no Serviço Nacional de Saúde e serve não só para doentes com suspeita de Covid-19, como outros que possam ter dúvidas sobre se devem ou não recorrer às unidades de saúde.”
A DGS está a acompanhar as notícias da existência de casos de uma inflamação rara em crianças relacionada com a Covid-19, mas sublinha que não há qualquer situação em Portugal. “Temos conhecimento dessa inflamação rara, mas não tivemos reporte de uma situação destas em Portugal. As nossas crianças em pediatria têm tido uma evolução favorável. Mas acompanhamos e estamos atentos”, disse Graça Freitas. O alerta tinha sido lançado pelas autoridades sanitárias britânicas na segunda-feira.
Quase metade dos portugueses consideram que o impacto psicológico da pandemia de Covid-19 está a ser moderado ou severo. Esta é a principal conclusão de um estudo do Instituto de Psicologia Clínica e Forense, em colaboração com a Universidade Autónoma de Lisboa e a Universidade de Aveiro. As mulheres e os desempregados são quem mais se sente psicologicamente afetado por esta pandemia. Quem tem menos escolaridade, vive em zonas rurais e tem doenças crónicas ou teve sintomas de gripe também se mostra mais ansioso. Entre quem continua a trabalhar, as pessoas em situação de teletrabalho sentem um impacto psicológico menor, por se sentirem mais protegidos, do que quem tem de sair de casa e ficar mais exposto ao vírus.
No plano económico, e com a maioria dos aviões em terra, a TAP precisa de ajuda para sobreviver e o Governo vai corresponder, com "uma intervenção de larga escala". A garantia é do ministro das Infraestruturas. Ouvido hoje no Parlamento. Pedro Nuno Santos sublinha que "desde o momento zero" em que o Governo decida "intervir com o dinheiro do povo português" na TAP, o Estado passará a acompanhar "todas as decisões" futuras que tenham "impacto relevante na vida e no futuro da empresa", sem falar ainda de uma eventual nacionalização. No programa “Casa Comum” da Renascença, o comentador e eurodeputado
social-democrata Paulo Rangel antecipa que
o Estado vai ajudar a TAP num “montante muito impressionante”.
Quando terminar o estado de emergência, e mesmo que seja declarada situação de calamidade, o confinamento já não é obrigatório. É o que garante à Renascença o constitucionalista Paulo Otero, que defende que declarar estado de calamidade é "desadequado". Também ouvido pela Renascença, o ex-ministro da Administração Interna Rui Pereira considera que, apesar da limitação de poderes do Governo, a alteração justifica-se. Mas adverte: a partir de agora, a polícia "o que pode é fazer uma recomendação às pessoas para que fiquem em casa”.
Rastrear a Covid-19
com “apps” de geolocalização é possível? Os especialistas em proteção de dados
ouvidos pela
Renascença são
perentórios:
a atual legislação portuguesa não autoriza o uso e divulgação de dados no combate à pandemia de Covid-19. Alguns defendem que, nesta
situação excecional, o caminho pode passar por criar "legislação
temporária que diga o que pode ou não ser feito e que dados podem ou não ser
transmitidos". Bruxelas já emitiu diretivas para uniformizar abordagens na
UE.
Todos os dias, a Renascença convida um especialista de uma
área diferente a olhar para o mundo e o país pós-Covid-19. Esta quarta-feira,
José Manuel Mendes fala do impacto da pandemia e dos estados de emergência na
sociedade, sobretudo nas gerações mais jovens. O sociólogo garante:
"Houve um empobrecimento daquela que virá a ser conhecida como a Geração Covid”.
A Ilha Graciosa, nos Açores, só tem uma mão cheia de casos positivos. Mas boa parte da população está consternada com a possibilidade de um dos principais clubes da ilha fechar as portas, tudo porque a pandemia veio deitar por terra o investimento feito para subir de divisão. É o "Postal de Quarentena" desta quarta-feira.
Combater uma pandemia num hospital em obras. Como o hospital de Gaia está a lidar com a Covid-19? É uma reportagem Renascença que pode ver aqui. Vila Nova de Gaia é o terceiro concelho com mais população a nível nacional e tem estado sempre no "top 3" dos concelhos com mais casos de Covid-19. Nos últimos anos, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, que serve entre 350 mil a um milhão de pessoas, em algumas especialidades, tem sido notícia pela falta de condições físicas. Agora, enquanto decorrem as obras de renovação do hospital, teve de se adaptar à pandemia.
Combater uma pandemia num hospital em obras. Como o hospital de Gaia está a lidar com a Covid-19
MUNDO
Bolsonaro diz que não tem culpa pelas mortes no Brasil. Espanha prepara-se para reabrir igrejas
A cada nova declaração, nova polémica. O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, culpa agora os governadores e autarcas brasileiros que decretaram medidas de isolamento social pelo aumento do número de casos e mortes associados ao novo coronavírus. "Essa fatura deve ser enviada aos governadores, porque eles adotaram medidas restritivas e as pessoas continuam a morrer", disse Bolsonaro, acrescentando: “Não adianta a imprensa colocar na minha conta essas questões, não adianta botar a culpa em mim". Questionado pelos jornalistas sobre qual é, então, a sua responsabilidade na crise provocada pela pandemia, o chefe de Estado brasileiro aparentou nervosismo e declarou: "A pergunta é tão idiota que não vou lhe responder". Dois meses após o registo do primeiro caso no Brasil, o país tem 5.466 mortes e 78.162 casos confirmados, de acordo com o Ministério da Saúde.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) antevê que metade da força de trabalho mundial corre risco de perder meios de subsistência. A pandemia tem cada vez mais impacto no mercado de trabalho e 1,6 mil milhões de pessoas que estão na economia informal (metade dos 3,3 mil milhões que constituem a força de trabalho a nível global) correm o risco de perder, desde já, os seus rendimentos. O nível de pobreza está já a aumentar. Segundo a OIT, o eventual aumento do desemprego a nível global em 2020 vai depender de como a economia mundial se comporta no segundo semestre e de como é que as medidas políticas vão preservar o emprego e fomentar o aumento de mão de obra quando a retoma da atividade se iniciar.
Já em Itália, o responsável da estratégia de combate à Covid-19 declarou que o país está preparado para uma segunda vaga de infeções, “ainda maior do que a primeira”, se a reabertura económica (planeada em Itália para começar já na próxima segunda-feira) levar a um aumento de casos. Domenico Arcuri disse à Câmara dos Deputados que as 20 regiões da Itália têm hoje o dobro dos ventiladores necessários à data e que as 5.200 camas em cuidados intensivos que a Itália tinha antes da pandemia duplicaram para cerca de 9 mil. O país continua a ser o epicentro europeu da pandemia, contabilizando já mais de 27 mil mortos.
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Filipe
30 abr, 2020 évora 00:24
É tudo muito estranho em Portugal , quando falam em milhares de consultas não Covid e cirurgias adiadas , fico a pensar que este Governo deu cabo do país já que a greve anterior dos enfermeiros foi apenas uma tempestade num copo de água . E , pelos visto vai continuar a morrer gente não Covid , já que vai abrir a vida social durante Maio e Junho , mas não se fala na reprogramação de consultas , tratamento e cirurgias adiadas . Parece de propósito , a fim de limpar uns quantos gastadores de recursos do Estado camuflados nos enterros pelo Covid . Primeiro , pensamos assim ; se o pessoal de saúde dentro dos hospitais mesmo seguindo regras de proteção apanham o Covid , então dá que pensar se uma pessoa só com uma máscara na rua não o vai apanhar . Segundo , deviam antes e já que é mais fácil o cumprimento de regras de higiene , terem aberto aos excluídos devido ao vírus , a reprogramação de consultas , tratamentos e cirurgias adiadas pelo Covid . Mas não o fazem , porque é mais fácil terem cedido em nome da Economia , enganando os Portugueses com uma máscara e daí os lançarem aos focos de vírus invisíveis . Porque , a bem da Economia até os 4000 mil mortos a mais , tomará que sejam 40000 mil daqui a uns meses , a Economia do Estado agradece . Uma vergonha . Terceiro , se houver uma 2ª vaga ... então preparem-se todos , morrem mais infetados , danificam a saúde a mais infetados e vão sim morrer mais milhares de doentes não Covid , porque a bem dessas mentes interessa assim .