Boletim Covid-19: 29 de Abril

A (pequena) economia está quase de volta num país onde "todas as mortes são contabilizadas"

29 abr, 2020 - 20:28 • Tiago Palma

Com o final do estado de emergência e a provável declaração de calamidade, o confinamento já não é obrigatório e a polícia "o que pode é recomendar às pessoas que fiquem em casa”. Entretanto, no Brasil, Bolsonaro diz que o responsável pelas 5.017 mortes no país é quem decretou medidas de isolamento social.

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PORTUGAL

SNS prepara-se para eventual segunda vaga. TAP vai receber injeção de “dinheiro do povo português”


  • As autoridades de saúde já começaram a reforçar o Sistema Nacional de Saúde (SNS) para uma possível segunda vaga da Covid-19 em Portugal, que poderá acontecer na sequência do fim das medidas de confinamento, que progressivamente serão levantadas após o fim do estado de emergência, a 2 de maio. O secretário de Estado da Saúde garante que medidas concretas serão anunciadas, em breve, pela ministra da Saúde, Marta Temido. Neste momento, garante António Lacerda Sales, o SNS dispõe de "21 mil camas para agudos, 11 mil de especialidades médicas e 9 mil de especialidades cirúrgicas. Temos cerca de mil pessoas internadas, o que confere algum conforto em termos de decisão de gestão flexível e gradual da capacidade."
  • A DGS está a acompanhar as notícias da existência de casos de uma inflamação rara em crianças relacionada com a Covid-19, mas sublinha que não há qualquer situação em Portugal. “Temos conhecimento dessa inflamação rara, mas não tivemos reporte de uma situação destas em Portugal. As nossas crianças em pediatria têm tido uma evolução favorável. Mas acompanhamos e estamos atentos”, disse Graça Freitas. O alerta tinha sido lançado pelas autoridades sanitárias britânicas na segunda-feira.
  • Quase metade dos portugueses consideram que o impacto psicológico da pandemia de Covid-19 está a ser moderado ou severo. Esta é a principal conclusão de um estudo do Instituto de Psicologia Clínica e Forense, em colaboração com a Universidade Autónoma de Lisboa e a Universidade de Aveiro. As mulheres e os desempregados são quem mais se sente psicologicamente afetado por esta pandemia. Quem tem menos escolaridade, vive em zonas rurais e tem doenças crónicas ou teve sintomas de gripe também se mostra mais ansioso. Entre quem continua a trabalhar, as pessoas em situação de teletrabalho sentem um impacto psicológico menor, por se sentirem mais protegidos, do que quem tem de sair de casa e ficar mais exposto ao vírus.
  • No plano económico, e com a maioria dos aviões em terra, a TAP precisa de ajuda para sobreviver e o Governo vai corresponder, com "uma intervenção de larga escala". A garantia é do ministro das Infraestruturas. Ouvido hoje no Parlamento. Pedro Nuno Santos sublinha que "desde o momento zero" em que o Governo decida "intervir com o dinheiro do povo português" na TAP, o Estado passará a acompanhar "todas as decisões" futuras que tenham "impacto relevante na vida e no futuro da empresa", sem falar ainda de uma eventual nacionalização. No programa “Casa Comum” da Renascença, o comentador e eurodeputado social-democrata Paulo Rangel antecipa que o Estado vai ajudar a TAP num “montante muito impressionante”.
  • Quando terminar o estado de emergência, e mesmo que seja declarada situação de calamidade, o confinamento já não é obrigatório. É o que garante à Renascença o constitucionalista Paulo Otero, que defende que declarar estado de calamidade é "desadequado". Também ouvido pela Renascença, o ex-ministro da Administração Interna Rui Pereira considera que, apesar da limitação de poderes do Governo, a alteração justifica-se. Mas adverte: a partir de agora, a polícia "o que pode é fazer uma recomendação às pessoas para que fiquem em casa”.
  • Todos os dias, a Renascença convida um especialista de uma área diferente a olhar para o mundo e o país pós-Covid-19. Esta quarta-feira, José Manuel Mendes fala do impacto da pandemia e dos estados de emergência na sociedade, sobretudo nas gerações mais jovens. O sociólogo garante: "Houve um empobrecimento daquela que virá a ser conhecida como a Geração Covid”.
  • A Ilha Graciosa, nos Açores, só tem uma mão cheia de casos positivos. Mas boa parte da população está consternada com a possibilidade de um dos principais clubes da ilha fechar as portas, tudo porque a pandemia veio deitar por terra o investimento feito para subir de divisão. É o "Postal de Quarentena" desta quarta-feira.
  • Combater uma pandemia num hospital em obras. Como o hospital de Gaia está a lidar com a Covid-19? É uma reportagem Renascença que pode ver aqui. Vila Nova de Gaia é o terceiro concelho com mais população a nível nacional e tem estado sempre no "top 3" dos concelhos com mais casos de Covid-19. Nos últimos anos, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, que serve entre 350 mil a um milhão de pessoas, em algumas especialidades, tem sido notícia pela falta de condições físicas. Agora, enquanto decorrem as obras de renovação do hospital, teve de se adaptar à pandemia.

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MUNDO

Bolsonaro diz que não tem culpa pelas mortes no Brasil. Espanha prepara-se para reabrir igrejas


  • A Organização Internacional do Trabalho (OIT) antevê que metade da força de trabalho mundial corre risco de perder meios de subsistência. A pandemia tem cada vez mais impacto no mercado de trabalho e 1,6 mil milhões de pessoas que estão na economia informal (metade dos 3,3 mil milhões que constituem a força de trabalho a nível global) correm o risco de perder, desde já, os seus rendimentos. O nível de pobreza está já a aumentar. Segundo a OIT, o eventual aumento do desemprego a nível global em 2020 vai depender de como a economia mundial se comporta no segundo semestre e de como é que as medidas políticas vão preservar o emprego e fomentar o aumento de mão de obra quando a retoma da atividade se iniciar.
  • Já em Itália, o responsável da estratégia de combate à Covid-19 declarou que o país está preparado para uma segunda vaga de infeções, “ainda maior do que a primeira”, se a reabertura económica (planeada em Itália para começar já na próxima segunda-feira) levar a um aumento de casos. Domenico Arcuri disse à Câmara dos Deputados que as 20 regiões da Itália têm hoje o dobro dos ventiladores necessários à data e que as 5.200 camas em cuidados intensivos que a Itália tinha antes da pandemia duplicaram para cerca de 9 mil. O país continua a ser o epicentro europeu da pandemia, contabilizando já mais de 27 mil mortos.

Os números da Covid-19 no mundo:



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  • Filipe
    30 abr, 2020 évora 00:24
    É tudo muito estranho em Portugal , quando falam em milhares de consultas não Covid e cirurgias adiadas , fico a pensar que este Governo deu cabo do país já que a greve anterior dos enfermeiros foi apenas uma tempestade num copo de água . E , pelos visto vai continuar a morrer gente não Covid , já que vai abrir a vida social durante Maio e Junho , mas não se fala na reprogramação de consultas , tratamento e cirurgias adiadas . Parece de propósito , a fim de limpar uns quantos gastadores de recursos do Estado camuflados nos enterros pelo Covid . Primeiro , pensamos assim ; se o pessoal de saúde dentro dos hospitais mesmo seguindo regras de proteção apanham o Covid , então dá que pensar se uma pessoa só com uma máscara na rua não o vai apanhar . Segundo , deviam antes e já que é mais fácil o cumprimento de regras de higiene , terem aberto aos excluídos devido ao vírus , a reprogramação de consultas , tratamentos e cirurgias adiadas pelo Covid . Mas não o fazem , porque é mais fácil terem cedido em nome da Economia , enganando os Portugueses com uma máscara e daí os lançarem aos focos de vírus invisíveis . Porque , a bem da Economia até os 4000 mil mortos a mais , tomará que sejam 40000 mil daqui a uns meses , a Economia do Estado agradece . Uma vergonha . Terceiro , se houver uma 2ª vaga ... então preparem-se todos , morrem mais infetados , danificam a saúde a mais infetados e vão sim morrer mais milhares de doentes não Covid , porque a bem dessas mentes interessa assim .

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