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​Bispos italianos acusam governo de Roma: “Liberdade de culto está em risco”

27 abr, 2020 - 13:22 • Aura Miguel

Itália avança para a “Fase 2 - pós Covid”, mas mantém proibição de missas abertas aos fiéis.

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“Os bispos italianos não podem aceitar ver o exercício da liberdade de culto comprometido”, lê-se numa nota do episcopado, após o primeiro-ministro de Itália, Giuseppe Conte, ter anunciado uma fase de abertura às limitações do estado de emergência, sem incluir a abertura das igrejas aos fiéis.

A dura nota da Conferência Episcopal Italiana (CEI), intitulada "O desacordo dos bispos” refere que "o compromisso de servir aos pobres, tão significativo nesta emergência, decorre de uma fé que deve poder alimentar-se nas suas fontes, em particular, na vida sacramental“. Até agora, recorda a nota, “a Igreja aceitou, com sofrimento e sentido de responsabilidade, as limitações do governo tomadas para enfrentar a emergência de saúde” e que “várias vezes foi explicitamente sublinhado que - uma vez reduzidas as limitações assumidas para enfrentar a pandemia - a Igreja exigiria retomar sua ação pastoral ".
Nas ultimas semanas, “a CEI manteve conversações e apresentou diretivas e protocolos para enfrentar esta fase transitória, respeitando todas as normas sanitárias”, dizem os bispos, mas o Decreto da Presidência do Conselho de Ministros “exclui arbitrariamente a possibilidade de celebrar a missa com o povo”.
O episcopado italiano lembra ao governo que uma coisa é "dar indicações precisas de natureza sanitária” e outra é a responsabilidade da Igreja poder “organizar a vida da comunidade cristã, no respeito das medidas adoptadas, mas na plenitude de sua autonomia".
Divisões e revolta
As reações de protesto à decisão do governo surgiram em vários setores da sociedade italiana, incluindo no seio do próprio executivo.
Segundo a imprensa italiana, este “balde de água fria” surge porque o episcopado previa que a abertura da missa aos fiéis fosse retomada a partir de 10 de maio. Giuseppe Conte, no entanto, anunciou ontem que “o regresso dos fiéis à igreja terá de ser adiado para uma data a definir”, sendo ainda “prematuro prever a participação dos fiéis em funções religiosas”.
Face às críticas e acusações, incluindo de “violação constitucional”, o Executivo italiano já disse que este parecer “poderá vir a ser revisto a partir de 25 de maio”, desde que “se respeitem rigorosamente as medidas de distanciamento social” e que, nos próximos dias, “se vai estudar um protocolo que permita a participação, quanto antes, dos fiéis nas celebrações liturgias, em condições de máxima segurança”.
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