25 abr, 2020 - 08:44 • Redação
Veja também:
Passam 20 minutos das 00h de 25 de abril de 1974 e Carlos Albino prepara-se para emitir a senha do início das operações militares que iriam derrubar o regime ditatorial, no programa Limite, na Rádio Renascença.
"Grândola Vila Morena" de Zeca Afonso é a canção que ecoa, depois de às 22h55 os emissores associados de Lisboa terem passado uma primeira senha, "E Depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, o sinal para a saída das tropas.
Este sábado, 46 anos depois do início da Revolução dos Cravos pela telefonia, a Renascença convida-o a juntar-se a todos os portugueses à janela e sem esquecer a rádio: às 15h voltamos a tocar "Grândola Vila Morena", a canção que o país está convidado a entoar a partir de casa, a essa mesma hora, neste tempo de pandemia e de distanciamento social.
Pandemia de Covid-19
Parlamento assinala aniversário da Revolução com c(...)
Naquele que é o primeiro 25 de Abril em estado de emergência, os festejos deste sábado vão ser muito mais contidos do que o habitual, fruto da situação de pandemia que o país atravessa.
As cerimónias terão lugar apenas no Parlamento, sendo que entre deputados e convidados – incluindo o Cardeal Patriarca de Lisboa – o número total de pessoas não deve chegar à meia centena.
Ainda assim a decisão de assinalar a data tem sido polémica. Começou por se falar em 300 convidados presentes, depois passou para cerca de 150 e finalmente para bastante menos.
João Soares não poupou Ferro Rodrigues, dizendo que o presidente da Assembleia da República lidou com o assunto de forma desastrosa. Da direita, e de alguns comentadores, surgiram críticas ao facto de se celebrar a data sequer, numa altura em que ao resto do povo estava a ser pedido que não acompanhem os seus mortos nos enterros, não celebrem as suas datas religiosas nem estejam com as suas famílias.
Entre os que defenderam a celebração com distanciamento conta-se Manuel Alegre. Face às críticas, o histórico socialista redigiu uma petição em defesa da celebração, até que António Costa veio dizer que está tudo a ficar demasiado nervoso por causa do confinamento.
Ramalho Eanes disse que discorda do evento, mas vai. Já Cavaco Silva rejeitou o convite e o filósofo José Gil diz que tudo isto cheira a aproveitamento político, que até se podia não celebrar a data, como já aconteceu antes, e não seria problema nenhum.
Polémicas à parte, a celebração vai mesmo realizar-se. Pode acompanhar tudo na Renascença. E até lá (e depois disso, por que não?) deixamos-lhe a emissão especial emitida pela Renascença a partir do Palácio de São Bento nos 45 anos do 25 de Abril, há um ano. Porque nunca é demais recordar.
António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa, jornalista(...)