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Boletim Covid-19: 24 de abril

1.º de maio traz novas restrições. Ramadão este ano é em modo pandemia

24 abr, 2020 - 20:29 • Joana Azevedo Viana , Filipe d'Avillez

O Governo quer precaver-se para mais um fim-de-semana comprido e vai limitar as viagens entre concelhos. Nos Estados Unidos Donald Trump sugeriu que talvez se conseguisse curar a Covid-19 injetando desinfetante nos doentes. Afinal estava a ser sarcástico, disse depois. Morreram já 50 mil pessoas do novo coronavírus no país.

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Foto: Olivier Hoslet/EPA

Portugal

FIm de semana do 1.º de maio traz novas restrições, enquanto restaurantes e outros estabelecimentos preparam reabertura

Estamos fartos de estar confinados, mas avançamos a passos largos para uma retomada gradual da normalidade. Isto dependendo do que vai acontecer a 2 de maio, quando acabar o estado de emergência. Em cima da mesa está a possibilidade de o Governo decretar situação de calamidade pública.
Antes disso, vêm aí mais restrições de circulação de 1 a 3 de maio, começando no Dia do Trabalhador e acabando um dia depois de o decreto do atual estado de emergência expirar. A CGTP já veio dizer que foi "apanhada de surpresa".
Antes disso há o 25 de abril, que tanta tinta, petições e opiniões fez correr. Em entrevista à Renascença, José Gil também se posicionou sobre a sessão solene que vai decorrer no Parlamento amanhã. Tem um quê de "aproveitamento político", diz o filósofo e ensaísta.
Voltando ao ansiado regresso à normalidade, e porque provavelmente tem saudades de ir ao seu restaurante favorito, dizemos-lhe tudo o que precisa de saber sobre a reabertura do setor. No que toca a idas à praia, e porque a máscara poderá vir a ser de uso obrigatório, já há chapéus "Made in Portugal" para resolver o problema. Quanto aos mais novos, nem todos concordam com a reabertura de creches.
E enquanto os hospitais também se preparam para a próxima fase da pandemia, um médico do Hospital de São João alerta na Renascença que a mortalidade vai ser "significativa" nas unidades de cuidados intensivos do país. Isto horas antes de a DGS ter revelado que anulou um contrato de 20 milhões de euros por equipamento de proteção.
Neste momento, Portugal regista já 854 mortes e 22.797 infetados com Covid-19, com dois municípios dos Açores e Alentejo a entrarem esta sexta-feira na lista de concelhos com casos confirmados de infeção anunciada pela DGS. Na sua conferência de imprensa diária, Graça Freitas alertou que, apesar de caminhamos para uma retomada da normalidade, "é preciso manter o equilíbrio" entre a situação epidémica e a capacidade de resposta do SNS.
O Governo garantiu hoje que Portugal vai ter capacidade para testar todos os utentes e funcionários de lares de idosos, sendo que na região de Lisboa essa operação arranca já na segunda-feira. Já em Matosinhos, a Câmara pondera retirar todos os utentes do Lar do Comércio, onde seis idosos já morreram, havendo 51 casos confirmados. Neste momento, metade dos trabalhadores dos lares já foram testados à Covid-19, sendo que desses 10% estavam infetados.
Outro setor afetado pela pandemia é o da comunicação social. Esta sexta-feira, o Sindicato dos Jornalistas entregou propostas para o setor ao Presidente, no dia em que se soube que cerca de 50 jornais portugueses já recorreram ao "lay-off". Num outro plano, também os artistas de música popular, que vivem muito das festas de verão, dizem estar em pânico com o panorama que a Covid-19 impôs, numa reportagem da Renascença a não perder.

Luz ultravioleta e injeções com desinfetante. As propostas perigosas de Trump para a cura de Covid-19

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Mundo

Trump sugere injeções de desinfetante e depois desmente-se. Do Brasil chegou uma demissão, uma entrevista e um postal de quarentena

Nos EUA, o Presidente sugeriu que a cura para a Covid-19 pode passar por injetar desinfetante em doentes infetados ou submetê-los a tratamentos com luz ultravioleta. Horas depois, e face às críticas e distanciamentos até das empresas que produzem desinfetantes, Donald Trump veio a público garantir que estava a ser "sarcástico". Até esta sexta-feira, a doença já tinha feito mais de 50 mil mortos no país. Em França os números são mais baixos, mas ainda assim são 22 mil mortos e em Espanha o número de mortos por dia também continua a descer.
O Estado da Georgia, nos EUA, optou por reabrir a economia sem o apoio do Governo Federal. Uma jogada arriscada, segundo o correspondente da Renascença nos Estados Unidos.
E numa altura em que a pandemia já provocou mais de 190 mil mortos e quase 2.8 milhões de infetados, a OMS lançou hoje uma coligação para garantir que as vacinas e tratamentos que venham a surgir chegam mesmo a toda a gente. Isto depois de Guterres ter avisado.
Entre os países que vão ganhando a batalha encontra-se a Islândia, que hoje não teve um único caso novo.
De Espanha chega a informação de que os mesmos imigrantes que pagaram para serem levados para o país estão agora dispostos a pagar até dez vezes mais para serem retirados, com medo da pandemia.
Os peritos americanos e europeus defendem um regresso à normalidade, mas com cuidado, um passo de cada vez. Em França o primeiro passo vai ser dado logo na Terça-feira, segundo Macron.
O postal de quarentena de hoje é especial. Para uma doença que afeta o sistema respiratório fomos ao pulmão do mundo, a Amazónia, saber como se vive a situação por lá. Ali ao lado, no Brasil, a jornalista Eliane Brum diz que a pandemia só veio expor o sistema de apartheid que se vive no país.
Está aí mais um Ramadão, o mês sagrado dos muçulmanos. Mas como se vive um momento destes num clima de pandemia?
O Vaticano criou uma "task force" para pensar o mundo pós-Covid-19. À cabeça terá um padre que já foi advogado na área financeira e que quer evitar que se cometam os mesmos erros de 2008.
Houve algum entusiasmo em Portugal quando se soube que o medicamento remdesvir talvez fosse eficiente contra a Covid-19. Afinal não é o caso, segundo um estudo publicado por acidente.

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Eliane Brum é jornalista, escritora e colunista do(...)

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