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Estudo publicado por acidente indica que medicamento experimental autorizado em Portugal falha no tratamento à Covid-19

24 abr, 2020 - 10:10 • Inês Braga Sampaio

Resultados de um estudo indicam que o remdesivir falha na aceleração da recuperação e na prevenção da morte de pacientes com Covid-19. Contudo, a farmacêutica que o criou e a OMS salientam que os resultados não são conclusivos.

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Um resumo dos resultados de um estudo conduzido na China, publicado por acidente no site da Organização Mundial da Saúde (OMS), indica que o remdesivir, antiviral intravenoso de largo espectro criado para tratar o ébola, ainda em fase de testes testes, e uma das esperanças contra a pandemia do novo coronavírus, falha na aceleração do tratamento de pacientes com Covid-19 e na prevenção da morte.

O portal de informação sobre saúde "STAT" conseguiu consultar o resumo antes de este ser eliminado. Contudo, a OMS assinala que o estudo acidentalmente publicado tratava-se apenas de um "rascunho" e não do produto final. "O manuscrito será, agora, submetido a revisão da comunidade científica e estamos à espera da versão final, antes de a OMS tecer qualquer comentário", esclareceu uma porta-voz.

Uma porta-voz da Gilead acrescentou que a publicação "incluía caracterização inapropriada do estudo", que foi interrompido por ter demasiado poucos pacientes, pelo que não pode "permitir conclusões estatisticamente significativas". Amy Flood frisou, aliás, que "tendências estatísticas sugerem um potencial benefício para o remdesivir, particularmente entre pacientes tratados em fase precoce".

Fármaco autorizado em Portugal


O remdesivir, criado pela farmacêutica Gliead Sciences em 2014, como potencial tratamento para o ébola, não chegou a ser aprovado para nenhum uso. Contudo, a 28 de março, a autoridade do medicamento em Portugal (Infarmed) já tinha autorizado três pedidos para usar o medicamento experimental em infetados com Covid-19.

Sendo experimental, segundo a própria Gilead, o remdesivir “não tem segurança ou eficácia confirmada para o tratamento de nenhuma doença”, mas os testes “in vitro” e “in vivo” em animais mostraram bons resultados contra a MERS e SARS, ambas da família dos coronavírus e, por isso, acreditava-se que poderia ter “potencial” contra a Covid-19.

Depois de as "grandes expectativas" para a hidroxicloroquina não se terem confirmado, e de a eficácia do fármaco da malária no tratamento da Covid-19 ter sido questionada, o remdesivir era a nova esperança.

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