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Coronavírus

Consultor da Liga para a Covid-19 entende "saturação", mas aponta a "resiliência como solução"

22 abr, 2020 - 12:46 • José Pedro Pinto

Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19, atesta, em Bola Branca, o "exemplo" de "responsabilidade" que o futebol está a dar ao país. Jogos à porta fechada serão mal menor para não hipotecar futuro do desporto e da própria sociedade a médio-longo prazo.

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Haja "resiliência". O grau de saturação emocional de todos os agentes do futebol português e dos adeptos, na sequência da paragem competitiva, e a inexistência de datas concretas para a retoma das provas está num pico, mas o pneumologista que está a colaborar com a Liga Portugal lança o apelo.

Em entrevista a Bola Branca, Filipe Froes, consultor da DGS que está a assessorar a Liga no plano de gestão da crise da Covid-19, e da retoma dos campeonatos, não poderia ser mais claro.

"Percebo que haja já algum grau de saturação, mas temos de ter resiliência. Só assim conseguiremos resolver este problema e voltar ao pré-pandemia. A solução somos nós. Não há outra solução", enfatiza o pneumologista, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para o novo coronavírus.

Não havendo alternativa, e com o sério risco de precipitação, caso o regresso do futebol não se processe sob o molde de jogos à porta fechada, Filipe Froes reforça o alerta. As medidas de restrição, quanto a grandes aglomerados de pessoas, vão manter-se por mais algum tempo. O futebol está sensível a esse cenário e, acima de tudo, encara-o com a responsabilidade necessária para evitar qualquer outro surto que daí advenha.

"A reabertura de todas as atividades tem de obedecer a dois aspetos essenciais: à monitorização da realidade epidemiológica nacional e internacional e ao estreito cumprimento das normas em vigor. Neste momento, há restrições ao ajuntamento de pessoas mantendo-se valores de densidade populacional. E o futebol não é exceção", assinala.

No dia seguinte às declarações da presidente da Associação Portuguesa da Defesa do Adepto (APDA), colocando em causa, em Bola Branca, o cenário de desafios à porta fechada, Filipe Froes conclui que é preferível mais um sacrifício momentâneo do que colocar em causa o futuro de todos a médio-longo prazo. Se todos respeitarem a restrição temporária de jogos sem adeptos nas bancadas, mais rapidamente haverá abertura para tudo voltar ao normal.

"A duração vai depender da atividade epidemiológica em Portugal e a atividade epidemiológica vai depender dos nossos comportamentos e das medidas que adotarmos para acabar com o risco de transmissão da doença na comunidade. Se todos aderirmos e respeitarmos todas estas restrições, é evidente que vivemos uma situação flexível e a abertura à melhoria de condições pode permitir o retomar da situação prévia à pandemia. Todos somos solução para este problema e é o cumprimento de todos que levará a que esta situação de exceção tenha um fim mais cedo", sublinha o pneumologista.

Regresso aos treinos de Sporting e Nacional

Questionado por Bola Branca sobre o regresso de Sporting e Nacional aos treinos, com apertadas regras de contingência, Filipe Froes não comenta em concreto, até porque não está por dentro dos argumentos usados pelos dois clubes.

Ainda assim, mesmo com a Liga a não alterar publicamente as indicações a todos os clubes, quanto a sessões de treino, Filipe Froes admite que o cumprimento das principais normas do Governo e da Direção-Geral de Saúde (DGS) é o caminho para um regresso gradual ao trabalho por parte das equipas.

"Não estou por dentro das medidas adotadas [pelos clubes], mas o respeito das orientações das autoridades de saúde, à partida, é sempre a única maneira de se poder começar", afirma.

O "exemplo" do futebol que liderará o país

Filipe Froes, também membro da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, está a registar a primeira experiência da carreira como colaborador do futebol.

Mas o que levou Filipe Froes a aceitar o convite da Liga Portugal? O espírito de missão, por um lado e a perspetiva, já confirmada, de que o exemplo do futebol vai liderar o país a sair do buraco da Covid-19.

"Entendi que o futebol poderia ser um bom exemplo para todos nós, para retomar a atividade com segurança. O que me motivou foi o facto de o futebol ser um excelente exemplo para todas as atividades. Se o futebol tiver capacidade para ser retomado, será certamente um bom exemplo para todos nós, para todas as atividades e, no fim, para aquilo que é mais importante: para o nosso país", considera, mostrando-se agradado com a "responsabilidade" que acompanha a definição de exemplo.

"Em todas as reuniões com clubes e Liga Portugal constatei uma realidade que me agradou particularmente: uma sintonia entre todos os clubes, numa atitude da maior responsabilidade para garantir a segurança de todos os intervenientes. Mais importante do que os clubes, fica o exemplo que o futebol podia dar a Portugal. Um exemplo de segurança e de responsabilidade", constata.

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