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Lava-pés de Cristo prolonga-se nos que servem durante a pandemia, diz Patriarca

10 abr, 2020 - 01:23 • Eunice Lourenço

Na missa da Ceia do Senhor, D. Manuel Clemente agradeceu aos profissionais de saúde e a todos os que servem as autoridades e as famílias. E salientou que há “bons exemplos de reinar servindo”.

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Quinta-feira Santa é dia de a Igreja lembrar e celebrar de forma especial a última Ceia e um gesto de Jesus nessa ultima refeição com os discípulos: o lava-pés. Este ano, devido às recomendações para o combate à Covid-19, a repetição desse gesto na Missa da Ceia do Senhor foi suprimida, mas foi nesse gesto de serviço e humildade que o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, centrou a sua homilia, onde considerou que muitos prolongam essa atitude de humildade e serviço nas tarefas que desempenham na atual pandemia.

“Hoje retemos especialmente o “Lava-Pés”. Ressalta-nos a pergunta do próprio Cristo, a propósito do que realizara: ‘Compreendeis o que vos fiz?’ Quase dois milénios depois, não reduzimos a premência da pergunta, nem lhe esgotamos a resposta”, começou por dizer o cardeal na missa celebrada na Sé de Lisboa, sem presença de povo, e transmitida pela Renascença.

Sobre os gestos, D. Manuel lembrou que Jesus tira o manto, põe uma toalha à cintura, lava os pés aos discípulos e, depois, retoma o manto, que é sinal de dignidade. “Jesus repôs o manto, mas não tirou a toalha que cingira. Já aqui a lição é grande e o contraste imenso com qualquer domínio que não se traduza em serviço dos outros. Não faltam, felizmente, bons exemplos de reinar servindo, como os que verificamos no combate à atual pandemia. São os que mais admiramos, reconhecendo o bem que fizeram e fazem”, afirmou o bispo de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

“Em Deus, assim revelado no Lava-pés de Cristo, a humildade não é condescendência ocasional, é sentimento essencial”, continuou D. Manuel, lembrando que “o serviço aos outros é o sacrifício que Deus pede” Assim o perceberam as primeiras comunidades cristãs e assim é hoje, considera o Patriarca, que vê este serviço humilde traduzido “nas necessidades de agora, tão inesperadas e acrescidas, para a humanidade próxima e global!. “Reconheçamos agradecidos a solidariedade de tantas pessoas, dos profissionais de saúde e outros setores fundamentais às autoridades e famílias. O Espírito divino prolonga neles o Lava-Pés de Cristo, reavivando-lhe a imagem e recuperando-lhe a semelhança”, afirmou na homilia em que também fez questão de se referir ao serviço prestado por muitos padres.

“Assim acontece igualmente nas comunidades cristãs e nos seus ministros, que, mesmo sem a possibilidade de celebrar presencialmente, o fazem sempre por todos. Agradeçamos a Cristo Sacerdote a sua manifestação em tantos sacerdotes que nestes dias lhe reproduzem o cuidado pastoral, com grande generosidade criativa”, concluiu D. Manuel Clemente.

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