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Médicos alertam para falta de resposta aos outros doentes prioritários

09 abr, 2020 - 11:25 • Lusa

"Os doentes não Covid-19, "por falta de estratégia e organização da tutela, estão a ser relegados para segundo plano."

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A Ordem dos Médicos (OM) alerta para a falta de resposta aos doentes prioritários não Covid-19, que diz estarem a ser relegados para segundo plano, em áreas que "não podem esperar" como a oncologia ou os transplantes.

Numa nota divulgada, esta quinta-feira, a OM afirma que os indicadores de que teve conhecimento sobre o excesso de morbilidade e mortalidade, assim como algumas situações concretas de doentes, mostram que os doentes não Covid-19, "por falta de estratégia e organização da tutela, estão a ser relegados para segundo plano em patologias que não podem esperar".

Como exemplo, a Ordem aponta o diagnóstico, tratamento e/ou seguimento com exames complementares de doentes oncológicos, de transplantados ou a aguardar transplante, de doenças neurológicas e outras doenças crónicas como as autoimunes, a insuficiência cardíaca, a diabetes, a insuficiência renal ou a doença pulmonar obstrutiva crónica.

Sublinha que estas doenças "podem descompensar rapidamente" em doentes que, por medo de contaminação com Covid-19 não recorrem às urgências e não têm "alternativa fácil a cuidados de saúde".

A OM aponta ainda alguns dados vindos a público esta semana que indicam que houve um crescimento sustentado da mortalidade ao longo do mês de março.

Os dados da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) indicam "uma subida de uma média de 297 mortes por dia nos primeiros sete dias de março, para uma média de 352 mortes por dia nos últimos sete dias".

"O ano de 2020 teve por isso os últimos 10 dias de março com mais mortes dos últimos 12 anos - 3.471", recorda a Ordem dos Médicos, que aponta igualmente os números do Portal do SNS, que indicam "uma quebra muito significativa" na ida às urgências.

"Só em março, registaram-se menos 246 mil episódios de urgência em relação ao mesmo mês do ano passado e menos 181 mil do que em fevereiro", frisa.

"Temos noção de que numa pandemia como a que estamos a viver é impossível conseguirmos manter toda a atividade normal e responder aos doentes com Covid-19 no SNS", reconhece a estrutura representativa dos médicos.

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