08 abr, 2020 - 16:57 • Teresa Almeida (entrevista), Eduardo Soares da Silva (texto)
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O presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, afirma que há discriminação para com a região Norte, na distribuição de testes à Covid-19. Em declarações à Renascença, o autarca coloca os números em cima da mesa e pede ao Governo equidade.
"O secretário de Estado da Saúde diz que foram distribuídos 60 mil testes para a zona norte dos 200 mil que chegaram. Isso representa 30% dos testes, quando a zona norte tem quase 70% dos infetados. Há uma assimetria na distribuição pelo território, privilegiando o Centro e o Sul em detrimento da zona Norte, onde é urgente testar as pessoas que estiveram em contacto com infetados para se evitar a propagação da pandemia", afirma Marco Martins.
Gondomar é o quarto concelho com mais casos confirmados pelo novo coronavírus, um número fixado em 556, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde desta quarta-feira.
Secretário de Estado da Saúde
O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda S(...)
Marco Matias explica que o concelho tem capacidade para realizar apenas 40 testes por dias, sendo que há 1.200 pessoas em espera para realizar o teste.
"Em Gondomar, os números são estes: há mais de 1.200 pessoas prescritas para fazer teste, numa capacidade de resposta de 40 testes por dia. Nem daqui a um mês e meio conseguimos testar as pessoas que hoje precisam de teste, para além das que ainda vão precisar nos próximos dias", explica.
O autarca faz as contas e admite que nesta altura haverá mais de 300 pessoas infetadas em Gondomar e que ainda não o sabem.
"A nível nacional, o número de testes que dão positivo é entre 20% e 25%. Se só no meu concelho faltam 1200 testes, se admitirmos o valor de 25% dos casos positivos, significa que há, no mínimo, mais 300 infetados que ainda não sabem, com o risco acrescido de estarem a propagar às pessoas com quem contactam", termina.
O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, garante que não há falta de testes para o novo coronavírus, em Portugal. O que pode haver é falta de reagentes de extração, que são fundamentais para a realização dos testes.
"Estamos permanentemente alerta e atentos para poder afinar qualquer assimetria que possa haver relativamente a essa matéria. Temos uma capacidade de testagem de cerca de 11 mil testes. O dia em que mais testámos, cerca de 9.100, foi no dia 1 de abril. Não temos falta de testes nem de zaragatoas. Temos é alguma dificuldade nos reagentes de extração, que estamos a resolver, e de todos estes componentes que se fazem os testes. Estamos a resolver as dificuldades para conseguirmos testar ainda mais e com cada vez mais força", assegurou o governante.
Lacerda Sales referiu ainda que a prioridade tem sido dada às regiões Centro e Norte, que têm maior concentração de lares, devido ao número elevado de idosos, faixa etária mais vulnerável, que albergam.
"Neste momento estão a ser realizadas centenas de testagens em utentes e profissionais em lares por todo o país. Portugal só vence esta provação com o empenho de todos. Somos todos necessários. Temos todos obrigação de estar à altura do que o país espera", realçou.