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Casal português deixa Madrid no meio da crise. “Há muita gente a perder o emprego”

07 abr, 2020 - 19:19 • Rosário Silva

Regressaram há poucos dias, de autocarro, depois de terem estado a viver, no último ano, em Madrid. Tiago e Jessica fazem uma comparação entre os dois países ibéricos: consideram que “as coisas estão a correr miraculosamente” em Portugal.

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Tiago trabalhava no mercado financeiro. Foi despedido. A namorada, Jéssica, não perdeu o emprego no hotel, agora encerrado, mas está em situação de ‘lay-off’.

“Trabalho numa área mais administrativa e o que tenho é um ‘lay-off’ parcial, ou seja, em vez de trabalhar 40 horas semanais, trabalho 20 horas por semana, e no resto do tempo tenho uma compensação de 35% daquilo que seria o meu horário relativamente às restantes quatro horas diárias”, diz à Renascença.

Como o seu trabalho pode ser feito, remotamente, 100% a partir de casa, Jéssica decidiu acompanhar o namorado, economista de formação.

“Achámos melhor voltar ao nosso país, pois fui despedido, dada a situação dramática que se vive em Espanha”, conta-nos, Tiago, que deixou o banco onde trabalhava em Portugal, para abraçar o novo desafio em Madrid.

Um ano depois, a situação é outra, mas Tiago diz não estar muito preocupado com o futuro, e admite ter sido muito bem tratado pela entidade empregadora espanhola.

“Não foi nenhum despedimento dramático, de alguma forma até fiquei contente, pois estar em Madrid, nas circunstâncias atuais, é muito aborrecido, não poder sair, beber um copo, estar com os amigos, isso é o mais estranho numa cidade tão festiva como é a capital espanhola”, confessa.

“As coisas estão a correr miraculosamente em Portugal”

De volta à conversa, Jéssica recorda que viviam num apartamento “no centro de Madrid, a pagar cerca de 1.500 euros por mês”. Face à nova situação profissional de ambos, não “fazia sentido estar por lá”, e a quarentena pode ser cumprida “no conforto de uma casa onde há um jardim com vistas”.

Esperar é, por agora, o que vai fazer Tiago. “Sou muito poupadinho e sempre me esforcei muito para ganhar mais, logo estou tranquilo. Sempre trabalhei em mercados financeiros, mas às vezes cansamo-nos de fazer sempre a mesma coisa. O futuro depende de muita coisa, sobretudo da facilidade de viajar daqui a dois ou três meses e logo se vê como as coisas evoluem”, alega.

Por seu lado, Jéssica, além do trabalho profissional, vai aproveitar para dar apoio ao irmão mais novo, nesta altura, sem escola e, assim, aliviar os pais. “Os meus pais estão um bocadinho desesperados. O meu pai continua a trabalhar e a minha mãe está a cuidar dos meus avós. Para já, ficamos em quarentena e depois juntamo-nos ao resto da família”, revela.

Para trás fica uma experiência irrepetível, nos mesmos moldes, e a certeza de que podem considerar-se, de alguma forma, privilegiados.

“Esta doença tem a particularidade de afetar qualquer um, pobres e ricos, e isto acaba por chocar e causar algum pânico, uma vez que é novidade”, considera Tiago, consciente da gravidade da situação que se vive em Espanha. “Infelizmente, há muita gente em Madrid a perder o emprego, e as primeiras pessoas a ser despedidas são as que ganham menos e as que têm o trabalho mais precário.”

Quanto à situação em Portugal, onde vão permanecer nos próximos tempos, consideram que “as coisas estão a correr miraculosamente”, comparativamente com o país vizinho.

“Embora eu não seja o maior fã do primeiro-ministro português, acho que ele tem dirigido muito bem o país, com uma atitude muito positiva, o que, desde logo é muito bom para as pessoas”, remata o jovem Tiago.

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