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Coronavírus. Já há países a pensar levantar (algumas) restrições

07 abr, 2020 - 19:34 • Lusa

A lista é grande e parcial, mas algumas restrições são levantadas já em abril, mas a maioria em maio.

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Áustria, Dinamarca, Noruega e República Checa preparam o levantamento, nos próximos dias, de algumas restrições decretadas para travar a propagação do coronavírus. Já Itália e Espanha preparam os planos pós-pico, que esperam aplicar "dentro de algumas semanas".

A razão: uma redução da taxa de contágio na Áustria, Dinamarca e República Checa, uma "curva que começa a descer" em Itália e "a pressão a diminuir" em Espanha, mas, também, a pressão para retomar a atividade económica, cuja suspensão generalizada já provocou um acentuado crescimento do desemprego e dificuldades de liquidez nas empresas.

ÁUSTRIA

O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, anunciou na segunda-feira um roteiro para reativar a atividade económica que tem como primeiro ponto a reabertura dos pequenos estabelecimentos comerciais, com menos de 400 m2, a partir de 14 de abril.

A reabertura implica limites ao número de clientes que podem estar dentro do estabelecimento, uma pessoa por cada 20m2, medidas rigorosas de desinfeção e a obrigatoriedade do uso de máscara para clientes e trabalhadores.

Estabelecimentos comerciais maiores serão autorizados a abrir a 1 de maio, mas restaurantes, hotéis ou cabeleireiros só a partir de meados de maio, com cuidados especiais.

Os exames finais universitários e do ensino secundário serão realizados, mas as escolas permanecerão encerradas até meados de maio, em data que será anunciada no final de abril, e as universidades manterão as aulas à distância até ao final do ano letivo.

Grandes eventos públicos continuarão proibidos pelo menos até ao final de junho e não há data prevista para a reabertura de cinemas e teatros, piscinas, recintos desportivos e ginásios.

Mantém-se em vigor o apelo aos cidadãos para limitarem as deslocações ao estritamente necessário, como trabalhar, comprar alimentos ou prestar assistência a pessoas vulneráveis.

A partir da próxima semana, será obrigatório usar máscara nos transportes públicos e no interior das lojas, estando prevista uma multa de 50 euros para quem não respeitar a obrigação.

A Áustria, que decretou o confinamento a 16 de março, tem 12.058 casos de infeção pelo novo coronavírus e 204 mortes associadas à covid-19, mas constatou nas últimas semanas uma acentuada redução dos contágios, com uma taxa de novos casos de 2%, contra 40% em meados de março.

DINAMARCA

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, anunciou também na segunda-feira a reabertura progressiva de creches e escolas primárias a 15 de abril e as dos níveis de ensino seguintes, incluindo o secundário, a 10 de maio.

Os exames finais do secundário não se vão realizar, dependendo as classificações dos alunos da avaliação contínua.

Restaurantes, cafés, bares, cabeleireiros, casas de massagens, centros comerciais e discotecas continuam encerrados e as concentrações de mais de 10 pessoas proibidas.

Igrejas, bibliotecas e recintos desportivos permanecem fechados pelo menos até 10 de maio.

O encerramento de fronteiras também se mantém e as viagens ao estrangeiro desaconselhadas.

A Dinamarca regista 4.875 casos e 187 mortes.

NORUEGA

Erna Solberg, a primeira-ministra norueguesa, anunciou hoje um alívio progressivo das restrições a partir de 20 de abril, um dia depois de o ministro da Saúde, Bent Hoie, ter anunciado que a epidemia está "sob controlo" no país.

A partir de 20 de abril reabrem creches e consultórios de atividades como a fisioterapia ou a psicologia e é levantada a proibição de deslocações a casas de férias ou de fim de semana.

Numa segunda etapa, com início a 27 de abril, vão voltar a funcionar, parcialmente, os estabelecimentos escolares, incluindo universidades, assim como cabeleireiros e clínicas de massagens e tratamentos dermatológicos.

Mantêm-se em vigor a proibição de eventos culturais e desportivos, o fecho de fronteiras, as medidas de quarentena e autoisolamento, o teletrabalho sempre que é possível, e o encerramento de restaurantes, cafés e bares.

A Noruega registou nos últimos dias uma redução da taxa de propagação, definida pelo número de contágios por cada pessoa doente com covid-19, para 0,7, que compara com uma taxa de 2,5 antes da adoção de medidas de contenção, em meados de março.

Segundo números oficiais de hoje, a Noruega regista 5.863 casos e 69 mortes.

REPÚBLICA CHECA

O vice-primeiro-ministro checo, Karel Havlicek, anunciou na segunda-feira a atenuação gradual de algumas das medidas de contenção, encarada como "um teste", segundo o ministro da Saúde, Adam Vojtech.

A partir de hoje, as pessoas que pratiquem ciclismo, corrida ou outras atividades desportivas ao ar livre deixam de ter a obrigação de usar máscara, imposta em março a todas as pessoas que circulem no espaço público.

Na quinta-feira, são autorizadas a reabrir as lojas de jardinagem, ferramentas, materiais de construção e de bicicletas, desde que ofereçam desinfetante e luvas aos clientes e assegurem uma distância de segurança entre clientes e funcionários.

Até agora, apenas lojas de alimentos e farmácias podem funcionar no país.

O ministro adiantou que vai ser avaliada esta semana a reabertura de outras lojas após a Páscoa.

As concentrações de mais de 10 pessoas continuam proibidas.

As fonteiras vão manter-se encerradas, mas a partir de 14 de abril a proibição de viajar para o estrangeiro vai ser parcialmente levantada, passando a autorizar-se as viagens de negócios, por razões de saúde ou visitas a familiares, desde que os viajantes cumpram 14 dias de quarentena após o regresso ao país.

A República Checa registava na segunda-feira 4.735 casos de infeção, 78 dos quais mortais.

ITÁLIA

O ministro italiano da Saúde, Roberto Speranza, anunciou no domingo um plano em preparação para um levantamento "gradual e controlado" das restrições, que as autoridades preveem para meados de maio.

O país, o que mais mortes associadas à covid-19 regista em todo o mundo, anunciou na semana passada o prolongamento do confinamento até 13 de abril e, segundo o diretor da Proteção Civil, Angelo Borrelli, esta medida deverá manter-se pelo menos até ao fim de semana prolongado do 1.º de maio.

O plano prevê um reforço das "redes de saúde locais" para triar os casos identificados para tratamento e testar amostras de população para determinar "quantos italianos foram infetados, se são imunes e como, quantos e em que zonas podem regressar a uma vida normal".

Itália prevê também impor o uso de máscara generalizado, ditar um "distanciamento social escrupuloso" e afetar determinados hospitais para tratamento exclusivo da covid-19, que se manterão abertos para a eventualidade de uma segunda vaga de infeções, para que outros hospitais possam voltar a dedicar-se aos outros doentes.

O Governo está também a considerar o desenvolvimento de uma aplicação de telemóvel para cartografar os movimentos dos doentes diagnosticados durante as 48 anteriores à infeção e também para facilitar a telemedicina, permitindo, por exemplo, controlar à distância o ritmo cardíaco e a taxa de oxigenação do sangue das pessoas infetadas.

Quando for possível retomar a atividade económica, os primeiros a retomar o funcionamento normal deverão ser as cadeias de abastecimento alimentar e farmacêutico, seguidos dos estabelecimentos de reparações, se bem que com limites ao número de pessoas atendidas.

Bares, restaurantes, discotecas e recintos desportivos serão os últimos a reabrir e, quando o puderem fazer, terão de assegurar uma distância de segurança de pelo menos um metro entre clientes e entre funcionários.

As pessoas que queiram regressar a Itália deverão fazer quarentena e apresentar à entrada do avião, comboio ou autocarro, uma declaração sob compromisso de honra indicando a morada onde vão respeitar a quarentena.

Os transportes públicos deverão manter uma lotação baixa, controlada por funcionários que controlarão a entrada de pessoas, a distância entre passageiros e a ocupação máxima de um lugar em cada dois.

Itália registou, até segunda-feira, 132.547 casos e 16.523 mortes.

ESPANHA

Espanha, o segundo país da Europa com mais mortes, prepara um plano para o pós-pandemia que passa por isolar as pessoas infetadas.

Segundo a ministra dos Negócios Estrangeiros, Arancha González Laya, para "erradicar o vírus" é precisa "uma estratégia mais diferenciada", que passa por "abrir espaços" para os cidadãos que estão imunizados e "isolar os que têm o vírus, tenham ou não sintomas", porque, com o confinamento em vigor há quatro semanas atualmente "o contágio ocorre em casa".

Uma responsável da coordenação da resposta à pandemia do Ministério da Saúde espanhol, María José Sierra, já tinha anunciado no domingo o lançamento de um estudo para determinar a percentagem da população infetada e quantas pessoas estão imunizadas, "informação-chave" para uma distensão das restrições, prevista para dentro de "poucas semanas".

O "estudo de seroprevalência" com teste de anticorpos vai ser realizado pelo Instituto de Saúde Carlos II, em colaboração com o Instituto Nacional de Estatística.

O uso generalizado de máscaras também está a ser considerado, segundo a responsável.

Espanha é o segundo país europeu com mais mortes, depois de Itália, registando, até hoje, 13.798 mortos em 140.510 casos de infeção.

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