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Coronavírus. Wuhan reabre e Luiz Felipe anuncia que irá voltar

07 abr, 2020 - 14:35 • Pedro Azevedo

Treinador luso-brasileiro orienta uma equipa de futebol da cidade chinesa onde começou a pandemia de Covid-19. Luiz Felipe ainda não sabe quando regressa a Wuhan, mas está preparado para novo período de quarentena quando voltar à China.

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A cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China, epicentro da pandemia do novo coronavírus, que está em isolamento desde o dia 23 de janeiro, reabre totalmente amanhã, quarta-feira. As autoridades voltam a permitir entradas e saídas da cidade onde tudo começou e onde se registaram mais de 2500 mortes por Covid-19.

Há alguns dias que Wuhan tem vindo a regressar aos poucos à normalidade e não tem registado novos casos. O bloqueio à cidade será levantado amanhã, depois de uma quarentena de dois meses e meio.

O treinador Luiz Felipe trabalha em Wuhan e revela em Bola Branca que acaba de receber a informação do seu tradutor que está confirmada a reabertura da cidade, podendo regressar.

O técnico luso-brasileiro, que reside em Guimarães, já pode voltar a Wuhan para continuar a orientar a equipa do Chufeng Heli. “Recebi notícias do meu tradutor de que a cidade de Wuhan vai reabrir amanhã, dia 8, e acredito que os jogadores que estão noutras províncias vão começar a voltar. Eu também quero voltar porque tenho contrato até ao próximo ano. O problema é como regressar porque o tráfego aéreo está fechado”, declara o treinador em entrevista a Renascença.

Luiz Felipe tem para cumprir mais um ano e meio de ligação ao Chufeng Heli. O treinador ainda não sabe quando conseguirá viagem para regressar à China, mas tem a noção de que quando regressar ficará sujeito a nova quarentena, antes de voltar à sua atividade no campo.

“Acredito que quando chegarmos lá, o controle vai ser bastante apertado e teremos de voltar a fazer quarentena porque os chineses estão a levar isto muito a sério e há regras para cumprir. É a única forma de controlar este vírus”, refere.

Vizinho do mercado onde a pandemia começou

Luiz Felipe, em Wuhan, reside muito perto do mercado onde surgiu a pandemia. O treinador trabalha há quatro anos na China e nos últimos dois viveu perto do mercado de Wuhan. “Vivo a quatro quilómetros do mercado do epicentro desta gripe. Na altura, estávamos em estágio no sudeste da China, em Kunming. Estivemos lá 40 dias e só voltamos a Wuhan a 22 de janeiro, véspera do bloqueio. Chegamos à noite e sentimos a cidade diferente com as pessoas de máscara. No dia seguinte, de manhã, os meus colegas ligaram-me a comunicar que a cidade estava fechada. Ficamos 9 dias fechados num apartamento com dificuldade para arranjar comida. Quando fecharam a cidade houve uma corrida muito intensa por alimentos. Regressamos a Portugal num primeiro repatriamento que houve. Em Lisboa fizemos quarentena no Hospital Curry Cabral e depois voltamos para as nossas cidades”, conta Luiz Felipe.

Depois de quarentenas e isolamentos, em Wuhan, em Lisboa e em Guimarães, Luiz Felipe não foi infetado pelo novo coronavírus. “Até agora não estive infetado. Em Wuhan estive em casa bastante assustado por se sabia muito pouco ou nada sobre o vírus. Em Portugal fiz a quarentena e os exames e tenho conseguido fugir dele. Estou a seguir tudo o que é pedido e se deve fazer”, sublinha.

O Chufeng Heli, orientado pelo técnico luso-brasileiro, compete no terceiro escalão do futebol chinês. Luiz Felipe, de 54 anos, está naquele país desde 2017, altura em que aceitou o convite para coordenar a formação do Tiajin Teda, clube da Superliga chinesa, que nesse ano foi treinado por Jaime Pacheco.

O futebol está suspenso na China, devido à pandemia de Covid-19. Foi naquele país que teve origem o surto do novo coronavírus. A China apresenta sinais de recuperação e pela primeira vez, desde janeiro, não registou, esta terça-feira, qualquer morte devido ao novo coronavírus.

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