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Costa sobre "lay-off" na TAP. “Todos devemos fazer um esforço para proteger o maior nível de rendimentos”

03 abr, 2020 - 11:03 • Eunice Lourenço (entrevista), João Carlos Malta (texto)

A companhia área portuguesa anunciou que vai comparticipar o salário dos trabalhadores que ganham mais de 1.900 euros, o teto máximo durante o "lay-off". Em entrevista à Renascença, o primeiro-ministro alerta para as especificidades do setor e pede um esforço comum para que todos percam o menos possível.

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O primeiro-ministro, António Costa, reagiu esta sexta-feita ao anúncio da TAP, de compensar os trabalhadores com rendimentos acima dos 1.900 euros durante o "lay-off" que a companhia de aviação requereu.

“Todos devemos fazer um esforço para proteger o maior nível de rendimentos”, afirma o chefe do Governo em entrevista à Renascença, no programa As Três da Manhã.

Em relação ao caso da TAP, Costa até começou por dizer que não gosta de comentar a vida interna das empresas, mas foi adiantando que a aviação civil é um setor “com níveis salariais muito diferenciados do que é comum, nomeadamente os pilotos”.
“É natural que as empresas possam ajustar o esforço que possam fazer”, defendeu.

A administração da TAP ativou os mecanismos de “lay-off” para 90% dos trabalhadores e formalizou uma redução do horário para os restantes 10%. As medidas entraram em vigor na quinta-feira, dia 2 de abril, e, para já, têm a duração de 30 dias.

O regime de “lay-off” simplificado, criado pelo Governo para fazer face à nova crise económica – e que entrou em vigor na passada sexta-feira, dia 27 de março – prevê que os trabalhadores fiquem a receber dois terços do salário (dos quais, 70% pela Segurança Social e 30% pela empresa) até um limite máximo 1.905 euros (o equivalente a três salários mínimos).

No entanto, a TAP vai assumir a diferença para quem ganhe mais do que esse valor.

Ainda assim, e sobre o tema do "lay-off", o primeiro-ministro diz que “há muitas empresas que, podendo recorrer ao 'lay-off', estão a fazer o esforço para não recorrer, para não sobrecarregarem a Segurança Social, não sobrecarregarem a utilização dos impostos de todos nós”.

“Estão a fazer elas mesmas um enorme esforço para suportarem esses custos, mesmo quando não tem receitas para isso”, enfatiza.

Congelar dois a três meses

Nesta entrevista à Renascença, António Costa afirmou que o Estado deve favorecer “um bom relacionamento dentro das empresas, com os trabalhadores”.

“Não podemos esquecer que esta crise não nasceu na economia e do setor financeiro, nem foi uma crise das finanças do Estado. De repente, surgiu algo imprevisível e externo que nos fez parar”, lembrou.

Por isso, o primeiro-ministro quer um esforço das empresas para proteger o mais possível o investimento que o país fez e a recuperação do emprego.

"[A ideia] é congelar isto dois a três meses, para quando passar”, afirmou, alertando, no entanto, que não vamos recomeçar no ponto em que estávamos em fevereiro.

Em relação às várias denúncias que têm chegado de atropelos às regras nas empresas, através de despedimentos ou do "lay-off", António Costa citou o bispo do Porto, D. Manuel Linda, que pediu a todos os agentes económicos que respondessem com “responsabilidade ética”.

“Só vencemos com a ajuda de todos”, destacou o primeiro-ministro.

António Costa chamou ainda a atenção para o aumento das desigualdades que este regime de "lay-off" sempre trará. “A perda de um terço de um vencimento baixo custa muitíssimo mais dos que o têm um vencimento alto. A capacidade de poupança é muito diferenciada. Isso acentua profundamente as desigualdades”, rematou.

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