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Convento perde seis freiras para o coronavírus

02 abr, 2020 - 00:30 • Filipe d'Avillez

Os membros de ordens religiosas comunitárias estão particularmente em risco. Em Itália há dezenas de mortos e infetados. Nos EUA já morreu um padre e em Portugal há um que luta pela vida em Faro.

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Seis freiras das Irmãzinhas Missionárias da Caridade, oriundas de um único convento, em Tortona, Itália, morreram por causa do coronavírus ao longo dos últimos dias.

A notícia, avançada pela imprensa italiana, põe a nu a dureza da pandemia que ataca indiscriminadamente em todo o mundo, mas tem fustigado Itália de forma particularmente dura.

No início do mês de março mais de metade das 40 freiras da casa mãe daquela ordem religiosa, perto de Milão, testaram positivo para coronavírus.

Em declarações à Vatican News, órgão oficial da Santa Sé, a irmã Gabriella Perazzi disse que “muita vezes, enquanto irmãzinhas missionárias da caridade, procurámos partilhar as vidas dos mais pobres, dos mais pequenos, dos mais frágeis. Neste momento partilhamos as vidas de muitas pessoas que por toda a Itália, e por todo o mundo, experimentam a fragilidade perante algo que surge e vira de pernas para o ar a vida de uma família ou de uma comunidade religiosa”.

Embora a taxa de mortalidade no convento seja superior a 10% de todas as irmãs que lá viviam, as vítimas mortais tinham todas entre 82 e 98 anos. Outras nove freiras continuam hospitalizadas e algumas já tiveram alta.

As ordens religiosas de vida comunitária têm sido particularmente suscetíveis a uma doença que se previne com distância social. Em apenas dois conventos de Roma há notícia de 58 casos de infeção confirmados e uma ordem de padres missionários em Parma já perdeu 16 padres e irmãos, sobretudo idosos, desde o começo da pandemia.

Cardeal africano infetado

Foi também em Itália que morreu o primeiro bispo e que surgiu a notícia do primeiro cardeal infetado, nada menos que o vigário de Roma, o representante do Papa Francisco para o governo da diocese da capital italiana.

Na terça-feira, porém, surgiu a notícia de pelo menos mais um cardeal infetado, desta feita Philippe Ouédraogo, do Burkina Faso, está hospitalizado, embora os seus assistentes digam que está relativamente bem.

O cardeal Ouédraogo é presidente da SECAM, o Simpósio de Conferências Episcopais de África e de Madagáscar e foi uma das nomeações do Papa Francisco para cardeal que causou surpresa geral quando foi anunciada em 2014.

Em todo o mundo foram já dezenas os padres que morreram por causa do coronavírus. Só em Portugal há pelo menos três casos conhecidos, embora o que inspire mais cuidados seja o mais novo, o padre Vasco Figueirinha, de apenas 32 anos, está nos cuidados intensivos a lutar pela vida.

Nos Estados Unidos o caso do padre Jorge Ortiz-Garay, o primeiro sacerdote católico a sucumbir à covid-19, causou muita consternação, com o jornal New York Times a recordar que apenas oito dias antes de morrer o sacerdote celebrou missa, transmitida ao vivo pela internet, em que garantiu aos seus fiéis que se sentia bem. Tinha apenas 49 anos.

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