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Avião russo aterra em Nova Iorque com ajuda humanitária contra o coronavírus

01 abr, 2020 - 23:40 • com Reuters

De Wuhan, a Itália e agora na América, a administração de Vladimir Putin tem aproveitado a pandemia para marcar pontos diplomáticos.

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Um avião militar russo aterrou esta tarde em Nova Iorque, carregado de material humanitário, incluindo 60 toneladas de equipamento médico como ventiladores e máscaras.

A ajuda resultou de uma oferta feita por Vladimir Putin a Donald Trump, durante uma conversa telefónica, que Trump aceitou, mas está a ser vista pelos críticos do Presidente americano como prova de que as suas relações com Moscovo são mais próximas do que seria desejável.

A chegada aos Estados Unidos de ajuda humanitária não deixa de causar estranheza, uma vez que o fluxo de assistência costuma ser ao contrário, da América para outros países. Representantes do Governo americano confirmaram que o equipamento chegou e que foi solicitado por Trump, mas disseram que tudo vai ser inspecionado para garantir que está conforme as exigências das autoridades de saúde em Washington.

Pelo menos um ex-diplomata americano reagiu com sarcasmo às imagens do avião militar russo no aeroporto JFK. “Nada para ver aqui. Apenas um avião militar russo a aterrar no JFK com 60 toneladas de material médico para apoiar a resposta americana à Covid19. Uma bonança de propaganda numa altura em que o nosso Governo foge do seu papel de liderança durante uma crise global”, escreveu Brett McGurk, que serviu as administrações de Trump, Obama e Bush.

Mas o porta-voz do Kremlin desdramatizou, dizendo que nesta altura todos os países têm de ser solidários.

Dmitry Peskov disse que espera que um dia possa ser Washington a auxiliar Moscovo. “É importante referir que quando oferece ajuda aos colegas americanos, o Presidente Putin parte do princípio que quando os produtores de equipamento e material médico na América entrarem no ritmo, possam ajudar-nos a nós também, se for necessário”, afirmou, queixando-se de que alguns representantes dos EUA tinham levantado obstáculos desnecessários.

“Numa altura em que a situação afeta todos sem exceção não há alternativa a trabalharmos juntos num espírito de parceria e assistência mútua”, disse, recordando que a Rússia já tinha prestado assistência similar à China quando a pandemia começou.

Independentemente das intenções, Vladimir Putin tem sabido aproveitar esta crise para ganhar pontos diplomáticos. Recentemente, e perante a falha da União Europeia em fornecer ajuda de forma rápida e decisiva, enviou também aviões cheios de ajuda humanitária para Itália.

Os Estados Unidos tornaram-se, nos últimos dias, o país com mais casos confirmados de covid19, ultrapassando os 200 mil, dos quais já resultaram 4.500 mortos. Já na Rússia os números oficiais são de 2.337 casos, dos quais resultaram 17 mortos, mas os números têm sido postos em causa por alguns profissionais de saúde, segundo a Reuters.

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