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Coronavírus

​Catequese online. Presença e esperança junto das famílias

31 mar, 2020 - 10:35 • Olímpia Mairos

Na situação de emergência que vivemos, devido à Covid-19, catequistas e crianças encontram-se numa sala virtual para o encontro semanal de catequese.

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À hora marcada, catequistas e crianças entram na sala virtual. Está cada um em sua casa, à frente do computador ou do telemóvel. Vai começar o encontro de catequese. Será diferente, obviamente, dos encontros presenciais. À medida que as crianças vão entrando na sala e se vão vendo uns aos outros, a reação é de surpresa e, ao mesmo tempo, de alegria. As crianças do 4º catecismo já não se viam há muito tempo e têm saudades.

O catequista saúda cada criança pelo nome e pergunta como têm vivido este tempo de isolamento. Uns têm jogado, muitos têm passado o tempo a fazer os trabalhos de casa, outros têm brincado com os irmãos e há também quem tenha aproveitado para “ver mais missas na internet”.

Na sala está também, neste primeiro encontro, o pároco de Santa Maria Maior, o padre Hélder Sá, para saudar as crianças e os pais.

“É muito agradável para mim poder ver-vos outra vez. Já há uns tempos que a gente não se vê. Quero saudar-vos a vós, aos vossos pais, e aos vossos irmãos, desejar que estejais bem de saúde e com força para continuar, porque, mesmo assim, nas dificuldades nós vamos vencer. Nós temos que ter muita força e dar força uns aos outros em casa”, diz o sacerdote às crianças e aos pais.

Depois prossegue a catequese. A catequista vai dialogando com as crianças, que têm ao lado uma bíblia e o catecismo, sobre a importância da Palavra de Deus e, no final, deixa o desafio de “cada um construir, ao longo da semana, um pequeno espaço de oração no quarto” e ainda “transcrever e ilustrar a oração do Pai Nosso”. São ainda motivados a enviar “para o email da catequese a fotografia do cantinho de oração que contruíram, para que todos possamos conhecer esse espaço”.

As crianças aderem à proposta e no final do encontro despedem-se com um beijinho e a promessa de se encontrarem na próxima semana. É a catequese online, para todos os catecismos, na Paróquia de Santa Maria Maior, em Chaves, na Diocese de Vila Real.

“O rosto humano da Igreja que não abandona os seus fiéis”

A iniciativa surge “devido às circunstâncias que estamos agora a viver". "E como queremos dar continuidade ao encontro semanal, só é possível através destes meios. Uma ideia que surgiu da coordenadora da catequese paroquial e que foi muito bem acolhida por todos os catequistas. E eu, da minha parte, estou mesmo encantado que ela vá por diante”, conta à Renascença o pároco de Santa Maria Maior, em Chaves.

Na paróquia estão inscritos na catequese presencial cerca de 600 crianças e adolescentes. Para a catequese online já se inscreveram “mais de metade”. E o padre Hélder Sá acredita que as inscrições possam “aumentar muito mais, a partir do conhecimento que vão ter da iniciativa, porque uns passam a palavra para os outros”.

A catequese online foi montada em menos de 15 dias. A coordenadora da catequese paroquial, Odete Alves, destaca a “grande adesão por parte de todos os catequistas, cheios de boa vontade”.

“Uns dominam a tecnologia, outros não, mas ninguém se colocou de fora, cada um fez a parte que lhe cabia com todo o interesse, com todo o empenho e com todo o zelo. Todos juntos pela mesma causa. Isto como um corpo unido, cada membro com a sua função, com a sua responsabilidade. Foi o que aconteceu, na articulação com todos os membros que fazem parte deste corpo”, conta a catequista.

Nesta dinâmica estão envolvidos cerca de 50 catequistas, entre os que fazem a catequese online aos diversos grupos e os que apoiam no contacto com as famílias.

“A missão de evangelizar, de continuar a anunciar Jesus, de levar Jesus ao coração e à vida de cada criança ou adolescente é de todos, uns à frente outros na retaguarda, todos juntos para a mesma missão”, salienta a catequista.

A catequese entra, por assim dizer, nos lares e é “uma porta aberta” que faz os pais participantes de um mesmo projeto.

“É uma oportunidade de estar mais diretamente em contacto com a família, embora através da tecnologia. Creio que podemos alcançar mais facilmente estes núcleos, podemos ser uma presença de esperança, podemos ser o rosto vivo, o rosto humano da Igreja que não abandona os seus fiéis, que não abandona aqueles que ama. É isto que nós pretendemos ser”, destaca a coordenadora.

“Quebrar o isolamento social a que estamos remetidos neste momento”

Os pais, esses, manifestam-se “muito entusiasmados” com a iniciativa e valorizam o serviço da paróquia neste tempo de pandemia de Covid-19.

“Significa quebrar o isolamento social a que estamos remetidos neste momento. Acho que é uma ótima iniciativa, porque possibilita que as meninas continuem a estar, a ouvir e a caminhar nos caminhos de Jesus Cristo”, conta à Renascença Hermínio Rodrigues com duas crianças, uma no 5º e outra no 6º catecismo.

“A catequese online, em que todos se podem ver e conversar, é uma forma atrativa de os motivar”, considera, por sua vez, Fátima Torre, com um filho no 10ºano de catequese. Esta mãe está “curiosa com a primeira sessão que vão ter” e sublinha o “impacto das novas tecnologias na vida de casa, desta maneira tão intensa”.

Também Alexandra Teixeira, mãe de um acólito com 12 anos, está entusiasmada com a iniciativa. Está ela e está o adolescente.

“O meu filho é acólito. Quando lhe disse que estavam abertas as inscrições online para os acólitos e que não estava nenhum inscrito, eu ainda não tinha acabado de dizer e ele já tinha feito a inscrição. Está todo contente, porque vai ser uma oportunidade de se verem uns aos outros através deste meio. E eu acho que vai ser um sucesso”, conta.

A catequese online está organizada por catecismos e em pequenos grupos. Acontece uma vez por semana e tem uma duração de aproximadamente 40 minutos. Atualmente há 26 grupos a funcionar, desde o 1º ao 10º catecismo.

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  • Antonio
    31 mar, 2020 Açores 12:54
    Embora o conteúdo da notícia seja muito bom a nível da proposta de trabalho na catequese, chamo a vossa atenção para a publicação da foto. Na foto temos crianças com os seus nomes e que depois na notícia temos a localidade onde se desenvolve a catequese. Pergunto à Renascença: os pais autorizaram a publicação dessa foto? Se sim, penso que não deveria ser publicada na mesma. Com tanta coisa quanto à privacidade e à publicação de dados e vocês que são uma "grande" rádio fazem isso... Lamentável. Como pai, como professor e como catequista não concordo que assim seja.

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