31 mar, 2020 - 13:09 • Fátima Casanova
Face ao período excecional de pandemia, muitos alunos não querem ficar só pelas aulas e disseram "sim" ao pedido para ajudar o Serviço Nacional de Saúde no combate ao novo coronavírus.
A presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), Mar Mateus da Costa, refere à Renascença que a “adesão tem sido bastante grande, especialmente da parte dos alunos do quinto e do sexto anos”. Ou seja, “dos anos mais avançados do curso, em que os estudantes têm mais capacidade e conhecimento para serem uma ajuda em serviços de telesaúde”.
Mar Mateus da Costa avisa, no entanto, que os alunos “não podem ser expostos a situações de risco”. Segundo explica a presidente da ANEM, o objetivo deste regime de voluntariado é “retirar alguma carga de trabalho aos médicos, para que eles possam dedicar-se a tratar dos doentes infetados e a continuar a manter os serviços de internamento e de urgência hospitalar, a funcionarem em pleno”.
Os profissionais de saúde estão na primeira linha de combate à Covid-19, mas também garantem aulas à distância. É assim, por exemplo, na Faculdade de Medicina, em Lisboa, onde os cerca de 2.500 alunos têm aulas.
Segundo diz à Renascença Joaquim Ferreira, presidente do Conselho Pedagógico, o “novo currículo foi implementado em 24 horas”, para que os alunos não perdessem aulas.
Este responsável salienta que esta é uma altura de grande exigência, porque “muitos dos docentes são médicos, que fazem urgências, são médicos de medicina interna, que estão exatamente no centro da crise hospitalar e que conseguem arranjar duas horas do seu tempo, várias vezes por semana, para lecionar neste formato”.
Joaquim Ferreira destaca, ainda, que o ensino à distância “está a ter uma grande adesão” e que, até ao momento, “está a correr bem”. Diariamente, os alunos têm um horário intenso, “entre seis a oito horas de aulas, neste novo formato”.
Apesar da distância, os alunos têm oportunidade de interagir com o professor, como confirma à Renascença Francisco Baptista, um dos alunos com assento no Conselho Pedagógico, que destaca justamente que as aulas “às vezes até são mais dinâmicas" do que acontecia no regime presencial.
Apesar dos aspetos positivos, Francisco Baptista não deixa de revelar alguma preocupação, porque ainda não foi “definido o método de avaliação”. Garante, no entanto, que “estão a ser estudas alternativas” e aponta, nomeadamente, o exemplo de outras universidades. que optaram pela "avaliação online ou por adiar os momentos de avaliação”.
Idealmente, reconhece Francisco Baptista, “os exames deveriam ser feitos presencialmente, em junho e julho, no calendário normal”.