28 mar, 2020 - 13:43 • Eunice Lourenço
D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, apelou neste sábado à “bondade de coração” de empresários e trabalhadores e que colaborem entre si, para que a cruz, que será pesada, o seja menos pesada para todos.
Já no final da missa, o bispo e presidente do conselho de gerência do Grupo Renascença Comunicação Multimédia, lembrou que, ao chegar o fim do mês, é tempo de pagar ordenados. “Se é verdade que quem recebe, recebe sempre pouco e nem sempre no tempo oportuno”, também é preciso lembrar as dificuldades de patrões e empresários, disse D. Américo, pedindo aos trabalhadores que sejam também compreensivos com quem tem de providenciar os bens materiais, em especial nas empresas mais pequenas e nas empresas familiares.
“Se é importante receber o ordenado, também é importante fazer o que estiver ao nosso alcance para que quem tem de o pagar o possa providenciar da maneira mais fácil”, disse D. Américo.
E alertou que, apesar das medidas que o Governo tem vindo a tomar em matéria económica “para que a cruz não seja tão pesada”, é preciso estar consciente de “que é pesada e o é para todos”.
“Apelo aos corações de cada um – dos empresários unipessoais aos que têm milhares de trabalhadores – que, em conjunto, possamos ultrapassar estas dificuldades”, continuou D. Américo, deixando uma profissão de fé na bondade de todos: “Acredito profundamente na bondade de coração dos empresários e que todos colocarão em primeiro lugar as pessoas para que, no meio de tudo isto, o trabalho, as famílias e a sustentabilidade possam ser uma realidade.”
Na homilia da missa deste sábado, D. Américo tinha já deixado um apelo à obediência ao que as autoridades recomendam.
Fazendo referência à imagem do cordeiro bíblico, manso e obediente, D. Américo disse que é isso mesmo que hoje é pedido a todos, mesmo que cada um ache outra coisa e esteja cansado da situação de confinamento a que está sujeito.
“Temos de ser dóceis na obediência e temos cada um de deixar de achar”, disse D. Américo, lembrando que muitos têm de viver este tempo de confinamento em casas pequenas e comece a faltar a paciência.
“Temos de fazer um esforço suplementar. É tempo de obedecer!”, reforçou D. Américo na missa deste sábado, em que lembrou a celebração de sexta-feira na Praça de S. Pedro e reforçou as palavras do Papa, que avisou que todos estamos no mesmo barco e ninguém se salva sozinho.
“O Papa tem sido um grande grito em nome de toda a humanidade”, disse o bispo, manifestando a gratidão da Igreja a Francisco.
“Todos [desde o Presidente e o Governo aos presidentes de junta e aos padres] estamos a percorrer uma vivência nova. Estamos a navegar num território desconhecido e estamos todos uns com os outros para que ninguém naufrague”, continuou o bispo auxiliar de Lisboa e presidente do conselho de gerência da Renascença.
D. Américo Aguiar salientou ainda que os padres deixaram de celebrar missa com o povo, mas continuam a “celebrar pelo povo” e lembrou os padres que não desistem de acompanhar as famílias em luto.