Entre relatórios que vão e vêm, o número de mortes em Portugal sobe de dia para dia e a Direção-Geral da Saúde garante que são estas e só estas, sem mentiras nem omissões: “Não há vantagem nenhuma de se mentir numa situação destas, e é impossível". Entre notícias que ainda não podem ser boas, eis uma que nos vem aliviar: as famílias deixam de ter de pagar prestações de crédito em tempo de coronavírus. Lá fora, o príncipe Carlos tem Covid-19 e admitem-se, quando a comida faltar – e pode faltar se os britânicos continuarem a açambarcar nos supermercados –, motins em terras de sua majestade.
DGS diz que não "engana, mente nem omite". Enquanto isso, há recessão a chegar e a Saúde em peso a "gritar" a Costa
A contagem de mortos e infetados em Portugal continua a aumentar. Vítimas mortais são agora 43, mais dez do que na terça-feira, e o número de casos positivos está próximo dos três milhares. A situação, contudo, deve agravar-se nos próximos dias. É que a partir da meia-noite de hoje Portugal entrará na fase de mitigação (encontrava-se na fase de contenção), ou seja, está já disseminada a transmissão comunitária do novo coronavírus e já não é possível descobrir a origem das cadeias de transmissão. A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, prevê “alguma turbulência” durante este período, mas garante que a DGS “estará cá para resolver os problemas que vão surgindo”.
Na terça-feira a Direção-Geral da Saúde foi obrigada a emendar o seu balanço diário de propagação da doença, não por uma, mas em duas ocasiões – tendo o número de vítimas mortais passado de 29 para 30 e, depois, de 30 para 33. Hoje, Graça Freitas confirmou que há imprecisões na estatística da distribuição geográfica dos casos positivos, mas rejeitou qualquer intenção de omitir casos confirmados e óbitos. "Não há qualquer objetivo em enganar, mentir ou omitir. Não há vantagem nenhuma de se mentir numa situação destas, e é impossível”, afirmou a diretora-geral da Saúde. No mesmo sentido foram as declarações do primeiro-ministro António Costa, que rejeitou que a DGS adultere números.
Voltando agulhas para a economia nacional, o ministro das Finanças admite que virá aí recessão, mas salvaguarda que “nunca estivemos tão bem preparados para uma crise”. Mário Centeno não avança números sobre o impacto da crise provocada pelo novo coronavírus, mas admite um rombo de "vários pontos percentuais" na riqueza produzida. Ainda no que à economia diz respeito, duas boas notícias: em resposta à atual pandemia, o Banco de Portugal decidiu flexibilizar algumas regras no financiamento às famílias e estas deixam de ter de pagar prestações de crédito em tempo de coronavírus; já em Lisboa, o autarca da capital, Fernando Medina, apresentou um pacote de 15 medidas de apoio de apoio às famílias e empresas, que vão da suspensão à isenção de rendas municipais.
O que nos pedem é aparentemente fácil: que nos deixemos ficar por casa. Mas há quem não tenha casa onde ficar. Em Lisboa, os voluntários que costumavam distribuir pelas ruas alimentos entre pessoas sem-abrigo quase desapareceram. A Comunidade Vida e Paz mantém, sozinha, a distribuição de refeições, mas com a procura a duplicar, pede ajuda para que ninguém fique sem o que comer. O Governo já anunciou que as Forças Armadas estão preparadas para atuar no caso de haver carência de voluntários, mas hoje a Ordem dos Médicos garantiu que mais de 100 médicos se voluntariaram para dar apoio às equipas de acompanham a população sem-abrigo nesta altura de pandemia de Covid-19.
Uma pequenina luz de esperança em Itália, a realeza contagiada e muitos biliões para salvar a economia dos EUA
É certo que um terço da população
mundial (ao todo, mais de três mil milhões de pessoas em 70 países) se vê atualmente
confinada às suas casas, por ordem das autoridades. Mas o combate à propagação
do novo coronavírus é desigual e o vírus impiedoso:
mais de 20 mil pessoas já morreram infetadas por Covid-19. Entre notícias que são más, e não há outra forma de as
ver ou dar, eis uma luz, breve e ténue, de esperança: I
tália registou uma diminuição no número de novos casos e de mortes. Morreram 683 pessoas nas últimas 24 horas
e o número de casos ativos em Itália é agora de 57.521.
Em Espanha, o ministério da
Saúde admitiu hoje que a evolução de casos verificado nos últimos dias (o
aumento diário das mortes estabilizou) indica que
o país está “muito perto" do pico da pandemia. Espanha registou, nas últimas 24 horas, 738 mortos e um
aumento de 7.937 no número de infetados (ao todo, morreram 3.434 pessoas e 26.960
continuam hospitalizadas), ultrapassando a China continental no balanço da
epidemia.
O vírus não olha a quem. Não escolhe idades, géneros, não escolhe classes sociais nem riqueza ou
poder. O poder aqui não vale de muito. Ou de nada. Esta quarta-feira, Clarence
House, a residência oficial do príncipe Carlos, anunciou que
o herdeiro da coroa britânica, de 71 anos, foi diagnosticado com Covid-19. Ainda no Reino
Unido, analistas em segurança admitem que a escassez de comida (os britânicos
importam 50% dos alimentos) é uma das potenciais consequências da crise causada
pela pandemia,
o que pode vir a resultar pode em racionamento e, até, motins. O
Governo de Boris Johnson tem apelado nos últimos dias aos britânicos para que
“sejam responsáveis” na na ida ao supermercado e setor de distribuição limitou
o número de unidades que cada um pode comprar de bens essenciais.
No senado norte-americano, republicanos
e democratas abandonaram disputadas políticas e
acordaram um plano de 1,85 biliões de euros para relançar a primeira economia mundial, tão fustigada pela
pandemia. Este plano, histórico, terá ainda de ser aprovado pela Câmara dos
Representantes, cuja maioria é democrata, antes de ser promulgado pelo
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os Estados Unidos registam
cerca de 600 mortes e mais de 50.000 infetados.
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