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Coronavírus

Depois disto, “não vamos ter vontade de pegar no telemóvel, vamos querer dar abraços”, diz Mafalda Veiga

19 mar, 2020 - 20:05 • Maria João Costa

Mafalda Veiga e António Zambujo dão esta noite concertos de 30 minutos pela internet no @FestivalEuFicoEmCasa. Os músicos estão a adaptar-se ao isolamento.

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“Normalmente o meu processo criativo é muito egoísta, muito isolado, mas neste momento ainda não tive disponibilidade intelectual para pensar nisso. Ainda estou numa fase de adaptação”. O desabafo é do músico António Zambujo que mais logo, pelas 21h dá um concerto de 30 minutos no seu perfil de Instagram @antonio.zambujo. Será a partir da sua casa em Porto Covo, na costa alentejana que Zambujo irá participar no @FestivalEuFicoEmCasa que até domingo é emitido através daquela rede social.

Também Mafalda Veiga prepara o espaço na sua sala de casa para o concerto de 30 minutos que vai fazer, a partir das 21h30, através do seu perfil de Instagram @mafalda_v. À Renascença, a cantora confessa que na preparação deste concerto “tem sentido falta dos técnicos e da equipa”. “Estar a preparar as coisas sozinha e estar a decidir eu como é que é melhor o som, tem-me feito sentir imensa falta deles todos!”

A nova realidade do isolamento a que a pandemia do coronavírus obriga também os músicos a inventarem soluções para manter o contacto com o público. O @FestivalEuFicoEmCasa é exemplo disso e mobiliza até domingo dezenas de cantores. Mafalda Veiga refere que quer dar um concerto em que o público possa interagir. “Vou fazer um alinhamento para podermos cantar juntos”. Também António Zambujo prepara o alinhamento e diz que vai tocar alguns temas seus, mas depois vai “fazer uma parte de discos pedidos”.

“Temo-nos queixado muito das redes sociais, têm tido um papel perverso nas nossas vidas, e de repente estamos a ver qual é o lado bom que elas podem ter”, observa Mafalda Veiga que espera que as pessoas “tirem partido deste momento”. A compositora que se lançou com o disco “Pássaros do Sul”, tenta ter uma leitura positiva deste momento que vivemos. “Temos de ver o que podemos fazer de casa na companhia uns dos outros, perceber que podemos passar mais tempos juntos, famílias e amigos, nem que seja pelo telefone.” Mafalda Veiga conclui, no entanto, que “no fim disto tudo vamos todos estar saturados de telemóveis, se calhar vai ser bom e durante um tempo, a seguir a isto, não vamos ter vontade de pegar no telemóvel, vamos ter vontade de dar abraços de verdade!”

Também o músico alentejano António Zambujo espera que esta fase que o mundo vive possa ter consequências positivas. “É como se nós estivéssemos a fazer um reset. A forma como o mundo estava a andar, estava a ser insustentável. De repente parou tudo! É uma altura boa para refletirmos sobre a forma como estamos a viver, como encaramos a relação com os outros e com o planeta. É importante que as pessoas tenham tempo para pensar nisto, é o que eu estou a fazer” diz António Zambujo nesta entrevista telefónica. O músico destaca a solidariedade de que os portugueses têm dado exemplo. “O compromisso com a causa tem sido incrível” sublinha António Zambujo.

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