Covid-19. Boletim 17 março

Primeiro bebé de mãe infetada nasce sem coronavírus. Calamidade em Ovar e 30 mil multados em Itália

17 mar, 2020 - 23:30 • Tiago Palma

Enquanto o número de infetados continua a subir (são já 448) em Portugal, soube-se hoje que 20% do total de infetados são profissionais de saúde. Mas nem tudo foram más notícias: o SNS foi reforçado e o bebé nascido no Hospital de São João, cuja mãe tem coronavírus, testou negativo. Lá fora, a Comissão Europeia promete uma vacina "no outono" e Donald Trump entrou numa nova guerra com Pequim ao referir-se ao coronavírus como "vírus chinês".

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PORTUGAL

448 infetados, mais médicos e enfermeiros, e voos de para fora da UE suspensos

  • O número de infetados pelo novo coronavírus subiu esta terça-feira para 448, mais 117 do que os contabilizados no dia anterior. De acordo com o boletim da Direção-Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal, há 323 casos a aguardar resultado laboratorial e três casos recuperados. O boletim indica que dos 448 casos confirmados, 206 estão internados, dos quais 17 em unidades de cuidados intensivos. Mais de metade dos doentes estão a recuperar em casa.
  • O Serviço Nacional de Saúde (SNS) passa a estar reforçado com mais de 1.800 médicos e 900 enfermeiros, "todos eles indispensáveis neste combate" à pandemia de Covid-19, anunciou hoje o secretário de Estado da Saúde, António Sales. Na mesma conferência, o secretário de Estado confirmou que cerca de 30 profissionais de saúde estão infetados em Portugal, ou seja, 20% do total de infetados. António Sales explicou também que a linha SNS24 atendeu na segunda-feira 13 mil chamadas, um número recorde, devido à pandemia de Covid–19. E vincou: “O SNS 24 está mais forte e capaz de responder melhor, continua a ser o canal primordial de doentes com coronavírus.”
  • A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, garantiu hoje que os doentes crónicos que necessitem de medicamentos que são disponibilizados pelos seus hospitais vão passar a receber os fármacos em casa.
  • O Governo, através do ministro da Administração Interna, declarou hoje estado de calamidade pública para o concelho de Ovar. Em conferência de imprensa, Eduardo Cabrita explicou que a aplicação de situação de calamidade significa “a criação de uma situação de cerca sanitária aplicada a todo o município", ou seja, os residentes estão impedidos de sair de Ovar. Segundo a ministra da Saúde, Marta Temido, há 30 pessoas no concelho de Ovar com Covid-19, o que "indicia uma transmissão comunitária ativa e generalizada" da doença.
  • António Costa remeteu para quarta-feira o anúncio de novas medidas de apoio ao rendimento das famílias e da atividade das empresas. O chefe de Governo anunciou que esta quarta-feira haverá uma reunião de ministros do Trabalho da União Europeia e, depois, serão detalhadas medidas como "a criação do mecanismo de resseguro do subsídio de desemprego e de apoios às empresas para limitar o lay-off".
  • A Autoridade da Concorrência anunciou hoje estar a controlar fornecedores, distribuidores ou revendedores de qualquer setor da economia que se aproveitem da pandemia, "explorando pessoas e prejudicando a economia" através de uma combinação de preços ou de repartição de mercados.

MUNDO

OMS quer medidas mais "audazes", UE promete vacina no outono

  • Lá fora, o novo coronavírus já infetou 189.680 pessoas em 146 países e territórios. O número de mortes subiu esta terça-feira para 7.813. Excluindo os territórios de Hong Kong e Macau, a China (onde a epidemia eclodiu em dezembro) já totalizou 80.881 casos, incluindo 3.226 mortes. Foram anunciados 21 novos casos e 13 novas mortes entre segunda-feira e hoje. Os países mais afetados depois da China são a Itália, com 2.503 mortes para 31.506 casos, e o Irão, com 988 mortes para 16.169 casos.
  • A Organização Mundial de Saúde pediu hoje a todos os países europeus, sem exceção, medidas mais “audaciosas” para combater a ameaça do novo coronavírus, lembrando que a Europa é atualmente o “epicentro” da pandemia da Covid-19.
  • Na Comissão Europeia, a presidente Ursula von der Leyen garantiu hoje procedimentos regulatórios “rápidos” para no outono haver uma vacina contra o Covid-19 que “salve vidas dentro e fora da Europa”. Após uma videoconferência com os líderes da União Europeia sobre o surto do novo coronavírus, Ursula von der Leyen vincou que a CureVac, uma empresa de Tübingen, na Alemanha, “é altamente especializada neste campo”. A Comissão Europeia lançou também hoje um painel consultivo composto por epidemiologistas e virologistas de diversos Estados-membros. A missão? Formular as diretrizes da União Europeia para uma resposta médica coordenada ao surto do novo coronavírus. A primeira reunião do painel terá lugar já esta quarta-feira.
  • Em Itália, a polícia passou 27.616 multas por violação da ordem de isolamento desde a entrada em vigor do decreto em todo o país, há sete dias. Desde a aplicação da medida, que visa conter a propagação do novo coronavírus no país, foram realizados 665.480 controlos policiais. A multa aplicada ascende a 206 euros ou até três meses de prisão. O decreto governamental limita a saída da população à rua a quem tem de trabalhar, comprar alimentos, passear cães ou (desde que individualmente) fazer desporto.
  • O Presidente russo, Vladimir Putin, disse hoje que a situação epidemiológica na Rússia está “controlada”, tendo sido registados apenas 114 casos, sem provocar qualquer morte. Putin recordou que várias medidas foram tomadas desde fevereiro, como o encerramento da fronteira com a China, que até agora impediram “uma chegada maciça da doença" ao país.
  • O governo britânico anunciou hoje um fundo de 330 mil milhões de libras (364 mil milhões de euros) para ajudar as empresas e a economia britânica a resistir aos efeitos da pandemia do coronavírus Covid-19. Em Espanha, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez anunciou a mobilização de 200 mil milhões de euros (quase 20% do PIB espanhol) para combater os efeitos económicos no país.
  • O Presidente norte-americano, Donald Trump, numa mensagem difundida através do Twitter, afirmou que "os Estados Unidos apoiarão vigorosamente os negócios, incluindo as companhias aéreas e outros, que são particularmente afetados pelo vírus chinês". Em reação, a China disse estar "fortemente indignada" depois de Trump se referir ao Covid-19 como "vírus chinês" , acusando o Presidente norte-americano de criar um "estigma" contra o país. "A Organização Mundial da Saúde e a comunidade internacional opõem-se claramente a vincular um vírus a determinado país ou região visando evitar estigmas", defendeu o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
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