Emissão Renascença | Ouvir Online
João Ferreira do Amaral
Opinião de João Ferreira do Amaral
A+ / A-

Covid-19 e a actuação necessária do Estado

12 mar, 2020 • Opinião de João Ferreira do Amaral


Agora que a situação económica nacional e internacional ameaça deteriorar-se fortemente devido ao Covid-19, a intervenção do Estado - e em particular do nosso - torna-se essencial para repor algum equilíbrio macroeconómico.

Normalmente, é associada a necessidade de actuação do Estado numa crise a um estímulo à procura que possibilite retomar em alguma medida o ritmo da produção e dessa forma manter o emprego e o funcionamento das empresas. É o que se costuma designar por uma intervenção keynesiana (do grande economista inglês do século passado, John Maynard Keynes) e é uma intervenção que, apesar de ter os seus detractores, é em geral eficaz. Embora a eficácia dependa da situação que provoca a crise.

Ora justamente, na situação actual não parece que um estímulo à procura vá obter grande resultado.

Efectivamente não é a falta de procura que está a provocar o abrandamento: são as mudanças profundas nas condições de produção, ou seja as consequências de fechar fábricas e serviços, em resultado da necessidade imperiosa de evitar a propagação da doença. São também as faltas de matérias-primas interna ou externamente produzidas que decorrem, afinal, da mesma causa.

Por isso, o que está indicado é o Estado, através de auxílio financeiro e de moratória de pagamento de impostos, sustentar as empresas que são obrigadas a fechar e os rendimentos de quem nelas trabalhava e tem que ficar em casa. Porque se não o fizer, poderá dar-se um efeito negativo em cascata, mesmo sobre empresas que poderiam funcionar, só possível teoricamente de estancar com uma política keynesiana, mas na realidade sem sucesso, porque as dificuldades na produção se mantêm.

Daquilo que sabemos das medidas anunciadas pelo Governo, é nesse sentido que se está a actuar e ainda bem. Naturalmente que esta actuação, a juntar às despesas aumentadas na saúde, irá penalizar o saldo orçamental. Mas isso será secundário, face à gravidade da situação. Acresce que podemos ter a legítima esperança de que a fase mais difícil da doença não seja muito prolongada e que dentro de alguns meses a situação possa voltar à normalidade.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.