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Refugiados

Presidente da Turquia sugere à Grécia que abra as suas fronteiras

08 mar, 2020 - 16:37 • Agência Lusa

"Ei, Grécia! Lanço-te um apelo, abre também as tuas portas e liberta-te desse fardo", disse Recep Tayyip Erdogan sobre os milhares de pessoas que estão a tentar atravessar a fronteira.

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O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, apelou este domingo à Grécia para que abra as suas fronteiras aos migrantes e os deixe passar para outros países da Europa, durante um discurso televisivo.

"Ei, Grécia! Lanço-te um apelo, abre também as tuas portas e liberta-te desse fardo", disse Recep Tayyip Erdogan sobre os milhares de pessoas que atualmente tentam atravessar a fronteira da Turquia para a Grécia.

Num discurso televisivo citado pela AFP, o chefe de Estado turco apelou ao seu país vizinho que deixasse passar as pessoas "para outros países europeus".

No sábado, as autoridades gregas lançaram gás lacrimogéneo contra migrantes que tentavam derrubar uma cerca para atravessar a fronteira entre a Turquia e a Grécia, enquanto outros atiravam pedras à polícia, causando pelo menos dois feridos.

No mesmo discurso, Erdogan confirmou também que se deslocará a Bruxelas na segunda-feira para discutir a questão das migrações com responsáveis da União Europeia.

"Terei um encontro com os responsáveis da União Europeia amanhã [segunda-feira] na Bélgica", disse Recep Tayyip Erdogan, que disse esperar "voltar da Bélgica com resultados diferentes".

Milhares de pessoas tentam atualmente passar a fronteira entre a Turquia e a Grécia, desde que o Presidente turco anunciou, em 29 de fevereiro, que deixaria de respeitar um acordo de março de 2016 com a União Europeia, que previa que os migrantes permanecessem em território turco em troca de pagamentos a Ancara.

Nos termos do acordo entre a Turquia e a União Europeia, Ancara tinha aceitado conter as pessoas que fogem da guerra na Síria, em troca de milhares de euros.

Porém, Ancara estima que o pagamento é atualmente insuficiente para fazer face ao custo de quatro milhões de migrantes e de refugiados, principalmente sírios, que acolhe há alguns anos.

Tiros, lanças e abalroamento. Guarda Costeira grega tenta travar bote com migrantes
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A Turquia procura assim obter o apoio da União Europeia às suas operações militares no norte da Síria. A ofensiva do regime sírio, apoiada pela Rússia, contra a província de Idlib, último bastião rebelde na Síria, provocou mais de um milhão de refugiados.

Na quarta-feira, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o presidente do Conselho Europeu Charles Michel encontraram-se com Erdogan em Ancara, tendo o Presidente turco também falado ao telefone com a chanceler alemã Angela Merkel, que liderou as negociações de 2016.

Na sexta-feira, o Presidente turco amenizou um pouco a pressão migratória sobre a União Europeia, ao ter dado ordens aos guardas costeiros para impedir os migrantes de atravessar o mar Egeu, outra 'porta' de entrada na Grécia.

As autoridades gregas anunciaram na quinta-feira que mais de 1.700 pessoas chegaram às costas das ilhas gregas, juntando-se às 38.000 já presentes que vivem em campos de refugiados sobrelotados e com condições precárias.

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  • Observador
    08 mar, 2020 EUROPA 21:37
    Desta vez é que a Europa vai mesmo ter de consagrar os tais 2% do PIB para a Defesa, que inclui para além das Forças Armadas, as forças policiais e de vigilância de fronteira. Acabou-se o "bem-bom" de ter a América a resolver tudo, e pelos vistos, também a Turquia bateu ou está para bater com a porta. Se não querem 4 milhões de tipos, mais os que se lhe seguirão, a forçar fronteiras e depois a vadiar pelas ruas da Europa, é melhor que se mexam.
  • Cidadao
    08 mar, 2020 Lisboa 20:39
    E a UE lança também um apelo à Turquia: "Devolvam os 6000 Milhões de Euros que receberam, para uma tarefa que não cumpriram". E canalizem esse dinheiro para os Países alvo da invasão dita migratória. Mas entretanto é de dar todo o apoio pratico possível a Grécia e à Bulgária. Quanto ao Erdogan, é mandá-lo para casa de mãos a abanar e ele que se entenda com o "pudim". Merecem-se um ao outro.

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