04 mar, 2020 - 10:50 • Redação com agências
O primeiro-ministro da Hungria revelou que cerca de 130.000 mil migrantes já conseguiram atravessar a fronteira entre a Turquia e a Grécia, na zona dos Balcãs.
Durante uma conferência de imprensa, Viktor Orban afirmou que este fluxo tem que ser travado o mais rápido possível. “Não vai ser suficiente defender esta fronteira. Como último recurso… vamos defender a fronteira externa da Europa.”
A Grécia enfrenta uma brutal pressão nas suas fronteiras externas com a Turquia, depois de o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter decidido ‘abrir as portas’ aos refugiados que pretendem rumar à Europa, numa tentativa de garantir mais apoio ocidental na questão da guerra na Síria.
As autoridades turcas acusaram a Grécia de matar a tiro um migrante que tentava entrar no país e ferir outros cinco.
De acordo com o gabinete do governador da cidade turca de Edirne, os militares gregos abriram fogo quando um grupo de migrantes que estava na Turquia tentou forçar a entrada na Grécia, cerca das 11h00 (8h00 em Lisboa), tendo atingido um deles no peito.
“A Turquia está a divulgar notícias falsas”, assegurou o porta-voz do Governo grego, Stelios Petsas. “Nego categoricamente” que a Grécia tenha atirado sobre migrantes que tentavam atravessar a fronteira da Turquia para a Grécia, disse.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou ainda Atenas de violar tratados internacionais de direitos humanos e de “afundar barcos” e disparar balas reais em refugiados que tentam entrar no país a partir da Turquia.
“Os gregos, que usam todos os meios para impedir que os migrantes entrem no seu território – chegando a afogá-los ou matando-os com balas reais - não se devem esquecer de que, um dia, também poderão precisar de compaixão”, afirmou Erdogan num discurso hoje realizado em Ancara.
Erdogan lembrou que muitos gregos escaparam do país durante a Segunda Guerra Mundial e pediu ao Governo grego que “respeite os refugiados que chegam ao seu território”.
A União Europeia e a Turquia celebraram em 2016 um acordo no âmbito do qual Ancara se compromete a combater a passagem clandestina de migrantes para território europeu em troca de ajuda financeira num valor total de 6 mil milhões de euros para financiar o acolhimento dos refugiados, especialmente os sírios que fogem da guerra.
A Turquia, que acolhe no seu território cerca de quatro milhões de refugiados, anunciou na sexta-feira ter aberto as fronteiras com a Europa, ameaçando deixar passar migrantes e refugiados, numa aparente tentativa de pressionar a Europa a assegurar-lhe um apoio ativo no conflito que a opõe à Rússia e à Síria.
Os ministros dos Assuntos Internos da União Europeia (UE) vão reunir-se esta quarta-feira em Bruxelas num encontro extraordinário sobre a situação nas fronteiras comunitárias, particularmente tensa para a Grécia e Bulgária, após as ameaças da Turquia.
Além dos Estados-membros da UE, este Conselho contará, excecionalmente, com representantes de países associados a Schengen.
A convocação desta reunião surgiu depois de a Turquia ter anunciado, no final da semana passada, a abertura de fronteiras para deixar passar migrantes e refugiados para a UE, ameaçando assim falhar aos compromissos assumidos com o bloco comunitário.
O objetivo do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, é garantir mais apoio ocidental na questão síria.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou uma ajuda financeira de 700 milhões de euros à Grécia para responder à pressão migratória no país, sobretudo de migrantes vindos da Turquia, mobilizando ainda assistência médica através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil.
Realçando as "circunstâncias extremas e a situação difícil e tensa" no país, após uma visita à fronteiras externas gregas, a responsável avisou a Turquia: "Todos os que tentam testar a unidade europeia vão ficar desapontados, pelo que esta é altura de reafirmarmos os nossos valores europeus".