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Coronavírus. “Não é preciso beijarmo-nos a toda a hora”, diz DGS

28 fev, 2020 - 16:31 • Marta Grosso

Diretora-geral da Saúde sublinha a importância da lavagem das mãos e da etiqueta respiratória para conter o Covid-19. Graça Freitas fala ainda das constrições sociais e sublinha: “Não estamos a pedir nada de extraordinário."

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A aposta é na prevenção. Na conferência de imprensa desta sexta-feira, a diretora-geral da Saúde repetiu as medidas em curso e esclareceu algumas dúvidas sobre questões que podem causar polémica.

“Temos imensas armas terapêuticas, mas não temos nenhuma específica para este coronavírus” nem uma vacina. “Temos medidas que ajudam em muito a evitar a propagação do vírus” e “tudo o que fizermos para evitar a propagação, é bom fazermos”, afirmou Graça Freitas aos jornalistas.

Entre as medidas preventivas está o distanciamento social, que “tem dado muita polémica”.

“Somos todos afetivos, somos pessoas que nos beijamos e abraçamos imenso. É um hábito que temos, mas nestas alturas devemos ter alguma contenção nestes atos de contacto físico direto”, pediu a diretora-geral da Saúde.

Se alguém sente que tem sintomas relacionados com o Covid-19, se esteve num local considerado de risco ou perto de alguém que pode estar infetado, há medidas de segurança que devem ser reforçadas.

“Não estamos a pedir nada de extraordinário, são medidas de bom senso”, frisou Graça Freitas, acrescentando: “não é preciso todos beijarmo-nos a toda a hora”.

Escolas

A diretora-geral da Saúde comentou o facto de haver pais que não levam os filhos à escola, porque um aluno esteve, durante as férias, num país com muitas pessoas infetadas.

“Se os meninos estiveram 14 dias de quarentena, o aconselhável é não fazerem jogos desportivos nos dias a seguir”, afirmou, sublinhando que o quotidiano letivo não tem de ser interrompido no que é importante.

“A vida deve continuar com tranquilidade, não interromper o que é essencial, mas coisas menos essenciais como festas, bandas, grupos corais não é preciso”, reforçou.

Em Gaia, a maior parte dos pais decidiu que os seus filhos não iriam à escola porque uma das crianças esteve em Milão há pouco tempo.

Manter a vigilância

Para estas pessoas que estiveram fora, seja por motivos de lazer seja por razões profissionais, o mais importante é manterem-se vigilantes.

“A maioria das pessoas chega assintomática e estas têm um grande conselho a seguir: manterem-se vigilantes e atentas nos próximos 14 dias após a chegada”, afirmou Graça Freitas.

“Como um dos sintomas muito importante é a febre, pedimos que meçam a sua temperatura e a registem diariamente, se possível duas vezes por dia. Se houver sintomas, contactar a linha SNS 24 e digam da viagem e os sintomas”, acrescentou.

Graça Freitas referiu que a cidade italiana de Milão tem “de facto, vários voos diários” com Portugal e há uns dias “estavam a ocorrer vários eventos”, pelo que “temos tido muitos casos na região Norte do país por esse motivo”.

Os que foram validados como suspeitos de infeção pelo novo coronavírus “foram apenas a ponta do iceberg: recebemos centenas de chamadas de casos que não foram validados”, destacou ainda a responsável da DGS.

Neste momento, há 10 hospitais aptos a receber doentes com Covid-19, se necessário.

“Não estamos livres de uma pandemia”

A diretora-geral da Saúde não nega que a epidemia se pode transformar em pandemia e é nesse sentido que reforçou a necessidade de apostar na prevenção.

“Toda a gente percebe que podemos entrar numa epidemia nacional, ainda não estamos em pandemia, mas podemos vir a estar e, portanto, todos devemos ter planos de contingência – nas escolas, no trabalho e nas nossas casas”, afirmou.

Se algum membro da família adoecer, devem ser aplicadas as mesmas regras que nos outros locais: a pessoa deve ficar isolada e usar máscara quando estiver em contacto com os restantes familiares. “O doente é que deve usar a máscara, não o resto da família”, frisou Graça Freitas.

As recomendações básicas de prevenção contra o Covid-19 são sempre as mesmas: reforçar a higiene das mãos e espirrar e tossir para o cotovelo e nunca para as mãos. Ao falar com outra pessoa, tente que seja a mais de um metro de distância.

“Há um movimento da sociedade que temos de cultivar: todos temos de ser responsáveis, sem pânico”, destacou ainda a responsável.

Máscaras?

“Não estamos a aconselhar o uso de máscara à população em geral. Quem tem recomendação para usar uma máscara cirúrgica é o doente, para constituir uma barreira entre ele e terceiros”, explicou a diretora-geral da Saúde.

“Depois, há um grupo importante que é o dos profissionais de saúde, que tratam dos doentes, porque têm de ter um contacto muito próximo com o doente”, acrescentou, lembrando que “os profissionais de saúde podem ser vítimas e vetor da doença a outros doentes, até porque sabemos que este vírus tem infetado muita gente dentro de unidades de saúde”.

Covid-19 na internet

A Direção-Geral da Saúde lançou nesta sexta-feira um ‘microsite’ sobre o novo coronavírus, é possível acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo e esclarecer dúvidas sobre a doença.

“Covid-19, o que é”, “Estarei doente”, “Posso Viajar?” são perguntas com respostas que pode encontrar no ‘Covid-19’ (www.dgs.pt/corona-virus) e que também pode encontrar no do SNS 24.

Em Portugal, todas as análises realizadas até agora deram negativo para o novo coronavírus.

Na Europa, uma atualização feita nesta sexta-feira pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), refere a existência de 815 casos confirmados, donde resultaram 19 mortes: 17 em Itália e duas em França.

Segundo o ECDC, verificaram-se até ao momento casos de Covid-19 em Itália (650), Alemanha (47), França (38), Espanha (25), Reino Unido (16), Suíça (oito), Suécia (sete), Áustria (cinco), Noruega (quatro), Croácia (três), Grécia (três), Finlândia (dois), Bélgica (um), Dinamarca (um), Roménia (um), Estónia (um), São Marinho (um), Holanda (um) e Lituânia (um).

A Comissão Europeia anunciou a “aquisição conjunta de equipamentos de proteção” para os Estados-membros minimizarem a propagação do novo coronavírus.

Ao nível mundial, das quase 84 mil pessoas infetadas, perto de 37 mil já recuperaram.

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