27 fev, 2020 - 12:35 • Marta Grosso
A Comissão Europeia decidiu doar mais 10 milhões de euros para o combate da praga de gafanhotos que está a assolar a África Oriental.
Segundo o comunicado divulgado nesta quinta-feira, trata-se de “uma das pragas de gafanhotos-do-deserto mais graves desde há décadas” e pode ter “consequências devastadoras para a segurança alimentar” daquela região.
Na África Oriental, 27,5 milhões de pessoas sofrem de grave insegurança alimentar e, pelo menos, mais 35 milhões estão em risco, sublinha a nota de Bruxelas.
“Esta crise mostra, uma vez mais, a fragilidade dos sistemas alimentares confrontados com ameaças”, sublinha a comissária responsável pelas Parcerias Internacionais, Jutta Urpilainen.
“A abordagem da UE, em consonância com o Pacto Ecológico, centra-se na sustentabilidade. Temos de reforçar a capacidade de resposta coletiva a estas ameaças, mas também temos a responsabilidade de intervir de imediato com determinação para evitar uma crise grave, combater as causas profundas desta catástrofe natural e proteger os meios de subsistência e a produção alimentar”, defende ainda.
A Comissão Europeia está a trabalhar em conjunto com a ONU – em concreto, com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), que já elaborou um plano de resposta – e também com o Programa Alimentar Mundial.
Mas importa alargar de imediato as intervenções nacionais para apoiar os governos dos países afetados, defende a Comissão no comunicado, relembrando a vulnerabilidade das populações afetadas.
A contribuição de 10 milhões de euros da UE, anunciada nesta quinta-feira, complementa o milhão de euros dos fundos humanitários já mobilizado (na semana passada).
A UE seguirá uma abordagem conjunta de ajuda humanitária e desenvolvimento para fazer face à crise e proteger os meios de subsistência, remata a nota.
O gafanhoto-do-deserto é considerado, ao nível mundial, a praga mais destrutiva causada por espécies migratórias. As perdas de culturas e alimentos nas zonas afetadas podem ser enormes, gerando impactos negativos diretos e dramáticos na agricultura e nos meios de subsistência.
Segundo a Comissão Europeia, a situação na África Oriental deteriorou-se rapidamente no espaço de um mês e a época das chuvas, que deverá começar em março, vem propiciar uma nova vaga reprodutiva destes insetos.
Estão já ser comunicados prejuízos nas culturas e nas pastagens no Quénia, na Etiópia e na Somália – os três países mais afetados – podendo as perdas alastrar rapidamente a outros países vizinhos, como o Jibuti, a Eritreia, o Sudão do Sul, a Tanzânia e o Uganda. O Iémen, o Sudão, o Irão, a Índia e o Paquistão estão também em risco.
O plano de resposta da FAO estima que sejam necessários cerca de 70,3 milhões de euros para as ações mais urgentes, tanto no que respeita ao controlo dos gafanhotos-do-deserto como à proteção e à recuperação dos meios de subsistência agrícolas.