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Padres portugueses à procura do sexto título europeu em futsal

17 fev, 2020 - 06:50 • Olímpia Mairos

O Campeonato Europeu de Futsal do Clero decorre na República Checa. Participam na prova 19 seleções.

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A seleção dos padres portugueses já está na República Checa para o campeonato europeu de futsal do clero que vai realizar-se naquele país, entre 17 e 21 de fevereiro. A equipa, constituída por 16 sacerdotes de várias dioceses, tem como objetivo alcançar o sexto título europeu.

“Vamos revalidar o título, para irmos para o sexto”, diz à Renascença o padre Ivo Coelho. O sacerdote, de 36 anos, pároco na zona de Valpaços, na Diocese de Vila Real, integra a seleção desde 2010.

E o padre André Meireles foi um dos jogadores decisivos na conquista do último europeu. Com um ‘hat-trick’ frente à Bósnia, em Montenegro, levou Portugal a conquistar o seu quinto título europeu de futsal e a tornar-se no segundo país com mais títulos, a seguir à Polónia. O sacerdote, de 28 anos, pároco no concelho de Chaves, diz-se preparado para voltar a marcar golos para que a seleção das quinas possa revalidar o título.

“Trabalhamos para isso, já desde setembro, a cada domingo, ao fim da tarde, nos reunimos e treinamos, com esse objetivo que é o procurar trabalhar para ir buscar. A equipa embebe muito dessa confiança, desse anseio, dessa busca e agora é fazer o nosso trabalho, procurar fomentar esta nossa boa relação, para que seja uma equipa e não procurarmos andar cada um a conseguir o seu objetivo pessoal”, conta à Renascença.

O padre André, no mundo do futebol conhecido por Meira, admite que marcar três golos numa só partida “não é para todos”, sente-se “bastante lisonjeado”, mas refere que “é um dom”.

“Todos temos dons, mas como também nosso Senhor no-lo diz, temos que os por a render. Para nós, soube-nos bem, porque conquistamos o campeonato europeu e é uma alegria que, no nosso sentido, no pensar da equipa, se estende a toda uma nação”, explica o sacerdote.

Para ganhar é preciso marcar, mas não menos importante é manter a baliza intacta. E as redes de Portugal estão entregues a Marco Amaro, pároco na zona de Pedras Salgadas. O sacerdote, de 30 anos, diz-se “preparado” e espera que tudo corra pelo melhor.

“É trabalho que se tem de ir fazendo, é uma posição mais ingrata porque não posso falhar. Se falhar uma vez, eles caem-me todos cima, mas, sim, toda a equipa é importante, todos os elementos são fundamentais. Para não perdermos, basta não sofrer golos, essa é a máxima e, a partir daí, é também confiar nos colegas que resolvem à frente”, conta o padre Marco.

Também o padre Carlos Rubens, de 35 anos, assegura estar em boa forma. Conta que a tática de preparação passou por “cortar um bocadinho à boca e fazer desporto mais intenso neste último mês”. O sacerdote que é pároco no concelho de Montalegre está há nove anos na seleção, tantos quantos tem de sacerdote, fala da experiência como algo de “muito gratificante”.

“Sairmos daqui como uma equipa, como amigos, e depois encontrarmos outros colegas com quem já não estamos há um ano e conviver e celebrar a mesma fé, é sempre muito gratificante”, observa.

“Nós sentimos sobretudo esta alegria de perceber o futebol como um desporto coletivo. Naturalmente que todos, na nossa unicidade, nos destacamos, mas o mais importante é também no desporto viver os valores cristãos, evangélicos, e dar testemunho nesta sociedade que, às vezes, é um bocadinho mais personalista e egoísta”, completa o padre André Meireles.

Já o padre Ivo Coelho destaca a “experiência fantástica” que se vive, ao conviver com outras seleções. “É algo fantástico, maravilhoso, outras culturas, outras realidades, padres que estão em lugares de guerra, padres que são perseguidos, padres da Igreja Ortodoxa. É uma experiência fantástica, única, nós celebrarmos a missa com a Igreja Ortodoxa em latim, aquele convívio, a partilha. No fundo, aquilo que nos une a todos é Jesus Cristo”, descreve o sacerdote.

Com o símbolo das quinas ao peito

O campeonato europeu é também uma oportunidade de crescimento pessoal para os sacerdotes portugueses.

“O futebol é apenas um pretexto e o motivo para nos juntarmos. O que nos une é Jesus Cristo e, apesar de países diferentes, juntamo-nos todos e celebramos. E conseguimos celebrar e conviver e partilhar, sobretudo as nossas experiências. E ajuda-nos muito a experiência de outros padres, noutros países como, por exemplo, o Kosovo, o Cazaquistão, onde são uma pequena minoria de cristãos e que vêm e estão presentes e nos dão um grande testemunho”, conta à Renascença o padre Ivo Coelho.

Mesmo em competição, os sacerdotes não deixam de celebrar a eucaristia, porque, diz o padre Marco Amaro, “é aquilo que nos identifica como padres e, por isso, também nestes eventos, naturalmente, com tantos padres juntos, tinha que haver eucaristia, não se concebia de uma outra forma. E fazê-lo também num momento de comunhão com todos, todos unidos. E lembramos que essa é a nossa condição, é a de padres, unidos à volta do mesmo altar, ou seja, à volta daquilo que é a nossa vocação e a nossa missão”.

Este ano e pela primeira vez, a seleção dos padres portugueses vai envergar equipamento oficial oferecido pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF). E com o símbolo das quinas ao peito, os sacerdotes dizem-se ainda mais orgulhosos em representar o país.

“É um motivo de orgulho. Antes de todos os jogos tocam os hinos e é sempre um momento especial para nós, mas agora será mais, pois temos os equipamentos que usam outras seleções da FPF”, explica o padre Ivo Coelho.

A seleção dos padres portugueses, orientada por Ricardo Costa, é constituída pelos padres André Meireles, Carlos Rubens, Ivo Coelho e Marco Amaro (da Diocese de Vila Real); José Ricardo (da Diocese do Porto); Diogo Martinho (da Diocese de Lamego); Custódio Branco, José Cunha, Jorge Agostinho e Joel Brito (da Diocese de Viana do Castelo) e Domingos Mendes, Fernando Torres, Marco Gil, Paulo Sá, Nuno Vilas Boas e Vítor Pinheiro (da Diocese de Braga).

Em competição vão estar 19 seleções e Portugal integra o grupo da Hungria, Itália, República Checa e Cazaquistão.

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