15 fev, 2020 - 22:03 • Ana Carrilho , com redação
A nova líder da CGTP, Isabel Camarinha, avisa desde já o Governo que vai intensificar a luta dos trabalhadores.
No discurso que este sábado encerrou o congresso da central sindical, Isabel Camarinha pôs em causa a posição do Governo no diálogo social.
“Não contem com a CGTP para se acomodar a esta situação, para vender direitos ou para trair a confiança que os trabalhadores depositam nos nossos sindicatos. Contem, isso sim, com a nossa luta, mobilização, inconformismo, que são suporte a esta confiança na mudança possível e necessária”, defende a nova secretária-geral.
Isabel Camarinha avisa que essa será a postura da central sindical “nos locais de trabalho do setor público e privado, e no plano institucional,” e que o grande compromisso é com os trabalhadores.
A prioridade é o “aumento geral e significativo dos salários” na ordem dos 90 euros, um “imperativo nacional” e aponta para uma subida do salário mínimo nacional para os 850 euros no mais curto prazo possível.
Em declarações à Renascença, o sindicalista interp(...)
Tentando motivar mais os congressistas, lembrou que no Congresso foram relatados vários casos de setores e empresas que conseguiram aumentos significativos com a mesma receita de sempre: a luta, muita luta, às vezes de anos.
Na mobilização, a Inter aprovou uma nova meta de novos sindicalizados para os próximos quatro anos: mais 120 mil trabalhadores. No anterior mandato conseguiu quase 115 mil. Embora não tenha sido avançado o número de sindicalizados, vários dirigentes garantiram que o “saldo é positivo”, o que, em teoria, quer dizer que serão mais do que os 550 mil avançados há quatro anos, no Congresso de Almada.
Na segunda-feira, Isabel Camarinha estreia-se na Concertação Social, para a preparação do Conselho Europeu. A discussão da política de rendimentos fica para depois. Agora, foi só um recado e um aviso.
“De que diálogo social fala ao Governo quando dá a uma das partes, à parte com mais poder na relação de trabalho, os instrumentos para a chantagem permanente? Que diálogo é este em que nos querem enredar para transformar contratos coletivos numa forma de impor direitos abaixo da legislação geral. Não aceitamos camaradas, jamais poderemos aceitar. Esta é uma batalha que vamos continuar com toda a determinação”, garante a nova líder da CGTP.
Isabel Camarinha inicia o seu mandato de quatro anos à frente da CGTP, que não poderá renovar devido à idade. Sucede a Arménio Carlos, que liderou a central oito anos e que saiu, este sábado, com a notícia de que o primeiro-ministro, António Costa, vai propor ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a sua condecoração. Surpreendido, diz que vai ficar à espera. Certo é o regresso à Carris daqui a uma ou duas semanas.