10 fev, 2020 • Marta Grosso , Miguel Coelho (moderação)
Os dois comentadores das segundas-feiras nas Três da Manhã mostram-se muito descontentes com o congresso do PSD, que elegeu a direção de Rui Rio com uma das mais baixas votações de sempre e em que o discurso final do líder social-democrata não agradou a muitos.
“Não esperava nada de Rui Rio, porque é mesmo um desastre para o PSD”, considera Henrique Raposo, que se assume uma pessoa de direita e que, no atual momento político português, diz sentir-se desamparado.
“Para quem é de direita, este é um momento muito poucochinho. Ou tens a não direita, que é o PSD – quer ser um centro geométrico que não existe – ou tens esta extrema-direita a crescer cada vez mais. E o centro não existe. E quem é de centro-direita, olha para os partidos e sente-se completamente órfão”, explica.
Henrique Raposo critica o facto de Rui Rio ter dito que o PSD não é o centro-direita. “É um absurdo completo que não se entende. O centro-direita é o espaço natural do PSD”, defende.
Jacinto Lucas Pires também se mostra descontente. Rui rio “fala de um centro que não é nada e, mais preocupante, aceita coligar-se ao populismo. É um pouco abrir o flanco à direita e à esquerda ao mesmo tempo”, critica.
Na opinião de Lucas Pires, o PSD de Rui Rio está apenas a fazer “um exercício de resistência”, a “tentar unir um partido, resistir às autárquicas e esperar que o Governo de António Costa caia. Mas é apenas esperar, não se cria nada de novo”.
Ao debate foi ainda chamada a madrugada de Óscares, uma cerimónia que premiou o filme sul-coreano “Parasitas”. Pela primeira vez em 92 anos, um filme não falado em inglês arrecada o prémio de Melhor Filme.
Nem Jacinto Lucas Pires nem Henrique Raposo acompanharam a noite, mas reconhecem o simbolismo da distinção. Henrique Raposo não aprecia, contudo, que este tipo de distinções seja tão politizada.
“Eu concordo com a mensagem política, não concordo com esta politização dos Óscares. Isso esvazia o cinema e perante isso estou sempre de pé atrás”, diz.
Jacinto Lucas Pires concorda que “os Óscares são menos sobre cinema do que sobre política”.