10 fev, 2020 - 11:56 • Redação
O Benfica esclareceu, esta segunda-feira, que o pedido para que só árbitros estrangeiros apitem os seus jogos e do FC Porto assenta na intenção de proteger os árbitros portugueses e respetivas famílias de "um clima de coação e ameaça que está em crescendo".
"O momento é particularmente perigoso", assinala o clube da Luz, na sua newsletter, "News Benfica". "Basta ver as declarações constantes de pressão e insinuações de dirigentes do FC Porto mesmo já após o jogo deste fim de semana. Aquela imagem de insufláveis gigantes, não só do Benfica, mas sobretudo do árbitro, pendurados no viaduto, diz tudo e expressa bem a hipocrisia de quem depois fala em ofensas a árbitros portugueses", lê-se.
O Benfica fala de um "espetáculo indigno que se repete há vários anos", de caráter "dantesco e degradante, numa tradicional imagem de estados de narcotráfico", com mensagens "de morte e condicionamento sobre tudo e todos, de quem se sente impune e gozando de um estatuto de intocável".
"O estatuto de que beneficiam há anos face ao silêncio medroso e cúmplice de muitos que fingem que tudo isto é normal, ou de outros que apenas querem preservar as suas famílias e bens destas espécies de milícias às quais tudo é permitido. Quando a cada dia se torna mais visível o desvario financeiro, a desorganização e a ausência de projeto, há quem jogue tudo neste Campeonato, para preservar a sobrevivência de um modelo de poder que tem vindo a definhar, ano após ano", acusa.
É, portanto, "em nome da defesa da integridade dos árbitros e das suas famílias" que o Benfica apela "a uma reflexão séria" da sua proposta: "O resto é fingir que nada se passa e fingir que o que se passou é normal."
No comunicado publicado no domingo, dia seguinte à derrota (3-2) com o FC Porto no clássico do Dragão, o Benfica queixou-se de erros de Artur Soares Dias que teriam tido "influência direta no jogo e no resultado", numa "atuação que merece a mais veemente das denúncias, nas mais diversas instâncias".
O diretor de comunicação e informação do FC Porto, Francisco J. Marques, acusou o Benfica de "absoluta falta de vergonha" e de adotar uma tomada de posição "ofensiva para a arbitragem portuguesa".
O ex-árbitro e videoárbitro Bola Branca, Paulo Pereira, considera que o apelo do Benfica não só é inviável e desprestigiante para a Liga portuguesa, como "é mais um discurso de competição que de factos".
Paulo Pereira
Paulo Pereira, comentador de arbitragem da Renasce(...)