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Demências. Prevenção pode gerar poupança de 13 milhões por ano

07 fev, 2020 - 11:05 • André Rodrigues

O projeto MIND parte de uma abordagem que prescinde da medicação, procurando desenvolver estratégias para travar o avanço da demência.

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O tratamento das demências sem recurso a medicação pode resultar numa poupança de 13 milhões de euros por ano. É o que revela o projeto MIND, cujas conclusões preliminares serão apresentadas esta sexta-feira, no Porto, durante o Congresso da Sociedade Portuguesa do AVC.

O valor é avançado por Firmino Machado, investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e coordenador do projeto MIND, cujo ponto de partida é um grupo de 50 utentes de vários centros de saúde do Porto que estão em risco de desenvolver demências, em muitos casos, devido a perdas cognitivas resultantes de acidentes vasculares cerebrais.

O trabalho de campo com os doentes arrancou em julho do ano passado e termina em setembro deste ano. As conclusões preliminares vão ser apresentadas no 14.º Congresso da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC).

A novidade é que "estamos a falar de uma abordagem que prescinde da medicação, procurando desenvolver estratégias para travar o avanço da demência".

33% das demências podem ser evitadas

Firmino Machado diz que "uma em cada três demências é prevenível".

Apesar de não haver, ainda, medicação capaz de impedir a transição de pré-demência para a fase mais avançada da doença, "existem intervenções capazes de prevenir esse avanço".

Consistem, essencialmente, "em treino cognitivo, atividade física, promoção de uma dieta mais mediterrânica e diagnóstico e tratamento de patologia de audição".

Poupança pode chegar a 13 milhões

Para Firmino Machado, "impedir um caso de demência não representa, apenas, uma poupança na fatura da farmácia, estamos, também, a poupar na necessidade da pessoa com demência ter um cuidador sempre ao seu lado".

Por outro lado, "só em tratamento farmacológico, em Portugal, gastamos todos os anos cerca de 13 milhões de euros. Se a nossa intervenção for 100% efetiva, estaremos, seguramente, a poupar 13 milhões anuais".

Uma fatura bem mais pesada do que a do projeto MIND. Firmino Machado explica que, "contabilizando recursos humanos, infraestruturas e consumíveis, esta investigação está a consumir cerca de 80 euros por doente, por mês. Ou seja, se quisermos pensar nisto como um medicamento eficaz na prevenção da fase demencial, a nossa terapêutica está a custar 80 euros por doente, por mês".

"Seguramente, menos do que a fatura da farmácia, com a vantagem de não deteriorar a qualidade de vida do doente", conclui.

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