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Comboios. Clientes são os mais prejudicados com mau estado da via, diz especialista

07 fev, 2020 - 11:01 • Marta Grosso , João Cunha (entrevista)

Francisco Furtado, autor do livro "A Ferrovia em Portugal", comenta na Renascença o último relatório do Tribunal de Contas sobre o estado das infraestruturas portuguesas.

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Há cerca de 10 anos, o comboio Alfa Pendular demorava menos tempo a fazer a ligação Lisboa/Porto do que hoje. O “estado insatisfatório” em que se encontra a linha, como diz o Tribunal de Contas, é o responsável por tal aumento no tempo da viagem.

“A infraestrutura é desenhada para uma certa velocidade, para prestar um certo nível de serviço, se existe degradação, se não existe manutenção, o que acontece é que tem que se reduzir esse nível de serviço e as velocidades têm que ser reduzidas”, refere à Renascença Francisco Furtado, o analista do Fórum Internacional dos Transportes.

“As pessoas, no seu dia-a-dia, podem verificar isto”, refere, dando como exemplo o Alfa Pendular, que “em 2007/2008 fazia a viagem Lisboa-Porto em duas horas e 35 minutos, mais ou menos; hoje, está mais perto das três horas e parte da razão são estes problemas que existem”.

Francisco Furtado, também autor do livro "A Ferrovia em Portugal", reage assim ao relatório do Tribunal de Contas (TdC), conhecido na quinta-feira à noite e segundo o qual há várias infraestruturas em Portugal – nomeadamente, linhas de comboio – a precisar de investimento urgente.

“Não é positivo”, diz o especialista sobre o resultado da auditoria do TdC, chamando a atenção também para os custos crescentes decorrentes da falta de manutenção atempada das vias.

“A ferrovia, para poder garantir condições de segurança, bons níveis de serviço e até estas tarefas de manutenção serem feitas de maneira económica, precisa de acompanhamento permanente, de monitorização permanente e de manutenção atempada”, afirma.

“Quando isso não acontece, não só os níveis de serviço se degradam, como a qualidade dos serviços prestados aos passageiros é pior, existem custos e depois as intervenções que são necessárias para recuperar são mais caras”, sublinha.

Logo, as condições de serviço ficam bastante limitadas, “o que torna a oferta ferroviária menos apetecível também”, conclui o especialista, autor de vários artigos e relatórios sobre a ferrovia, novos sistemas de mobilidade e descarbonização dos transportes.

A Renascença já pediu comentários e reações à auditoria do TdC ao Ministério dos Transportes, à Infraestruturas de Portugal, à Ordem dos Engenheiros e a vários especialistas em transportes, mas apenas o gabinete do ministro Pedro Nuno Santos (Infraestruturas e Habitação) remeteu explicações para esta sexta-feira de manhã, à margem do Conselho de Ministros.

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