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"Cenas patéticas". Costa ataca Rio após aprovação do Orçamento

06 fev, 2020 - 14:54 • Lusa

O primeiro-ministro e líder do PS diz que o presidente do PSD utilizou o debate como "instrumento da sua campanha eleitoral" para o Congresso. Em relação aos partidos à esquerda do PS, Costa acha que "dramatizaram" porque " interpretaram erradamente" os resultados das legislativas.

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O primeiro-ministro, António Costa, acusa o presidente do PSD, Rui Rio, de ter utilizado o debate orçamental como instrumento da sua "campanha eleitoral interna" e considerou mesmo que os sociais-democratas protagonizaram "cenas patéticas" na questão do IVA da eletricidade.

António Costa fez estas críticas diretas a Rui Rio após a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2020 ter sido aprovada em votação final global apenas com os votos favoráveis do PS, as abstenções do Bloco de Esquerda, PCP, PAN, PEV e deputada Joacine Katar Moreira, e os votos contra do PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega.

"É manifesto que o doutor Rui Rio foi utilizando as sucessivas etapas deste debate orçamental como um instrumento da sua campanha eleitoral. Já tinha sido assim no debate na generalidade e culminou nestas cenas patéticas a que assistimos nos últimos dias de avanços e recuos absolutamente irresponsáveis em matéria de IVA da eletricidade", acusou o primeiro-ministro.

Essa linha, segundo António Costa, foi usada por Rui Rio "seguramente para poder tentar exibi-la como uma grande atuação política no congresso deste fim de semana" do PSD em Viana do Castelo.

"Agora, com toda a franqueza, quem quer fazer política tem de estar na política com responsabilidade. Não podemos estar a fazer política para a bancada, um Orçamento do Estado não é propriamente um outdoor, onde se afixam promessas eleitorais, devendo ser antes um instrumento de responsabilidade", contrapôs.

Dramatização dos "parceiros naturais"

Em relação aos partidos à esquerda do PS, Costa considerou que "dramatizaram excessivamente algumas perdas eleitorais" nas últimas legislativas e erraram na análise sobre a vontade dos portugueses.

Questionado sobre a saúde da relação política entre o PS a as forças à sua esquerda, que desta vez optaram pela abstenção (e não pelo voto favorável) para a viabilização da proposta orçamental, o líder do executivo começou por referir que Bloco de Esquerda e PCP "fizeram toda a última campanha eleitoral com o objetivo de impedir uma maioria absoluta" dos socialistas.

Depois, reconheceu diferenças na relação atual do PS com o BE e PCP face à anterior legislatura e situou as causas nos resultados das últimas eleições.

Para António Costa, face aos resultados verificados nas últimas eleições legislativas, Bloco de Esquerda e PCP poderão não ter feito a análise política mais correta sobre a vontade manifestada pelos portugueses.

"Desde a noite das eleições não tive dúvidas sobre o que significavam os resultados eleitorais, com os portugueses a dizer que desejavam que a geringonça continuasse agora com um PS mais forte. Mas acho que os nossos parceiros dramatizaram excessivamente algumas perdas conjunturais que terão registado e interpretaram erradamente com uma vontade dos portugueses de não darem continuidade à geringonça, ou de que esta solução política lhes tivesse sido prejudicial. Mas essa não é de todo em todo a nossa análise", contrapôs.

Pelo contrário, segundo António Costa, nas últimas eleições legislativas, "a direita teve a maior derrota eleitoral de sempre, pulverizou-se e está hoje mais fraca - e isso foi fruto do sucesso da governação dos últimos quatro anos".

"Os portugueses desejam continuidade da governação dos últimos quatro anos e que este quinto Orçamento confirma isso", defendeu.

Perante os jornalistas, António Costa também recusou acusações de que o PS e o seu Governo estão agora nesta legislatura menos abertos ao diálogo político.

"Sempre dissemos que, com ou sem maioria absoluta, iríamos negociar - e assim temos feito, já que tanto o programa do Governo, como este Orçamento após a especialidade, apresentam diferenças resultantes das negociações com o Bloco de Esquerda, PCP, PAN e Livre. Nós não vamos andar aqui nesta legislatura numa lógica de ziguezague à procura de quem quer casar com a carochinha", advertiu.

Neste ponto, o primeiro-ministro salientou que "há um programa do Governo que todos conhecem".

"E temos parceiros que são os nossos parceiros naturais. Os nossos parceiros naturais estão à esquerda e não em outro lado", acentuou, antes de voltar a rejeitar uma lógica de "Bloco Central" no país - PS/PSD.

Neste ponto, o primeiro-ministro reafirmou a sua ideia de que a democracia portuguesa "ganha muito em ter soluções políticas devidamente ancoradas à esquerda com um Governo polarizado pelo PS e uma alternativa polarizada à direita pelo PSD".

Não há "despedida" de Centeno

O primeiro-ministro foi confrontado, também, com a intervenção do ministro das Finanças, considerando que "não soou a despedida".

Costa procurou, logo a seguir, desviar o assunto, declarando que "este é o Orçamento da continuidade dos quatro anos anteriores".

Perante a insistência dos jornalistas sobre a continuidade no Governo de Mário Centeno, António Costa passou a palavra ao seu ministro de Estado e das Finanças.

"Acho que os portugueses estão mais interessados em que o Orçamento se execute com o mesmo rigor que os anteriores. Honestamente, acho que é isto que interessa aos portugueses", declarou.

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  • Petervlg
    07 fev, 2020 Trofa 11:22
    Espero que o presidente da assembleia da Republica, não fique ofendido, É VERGONHOSO E LASTIMAVEL ao nível que classe politica chegou, devia defender os português, mas não. a eletricidade é um vem necessário a todos os Portugueses, só se entende a ,manutenção do IVA da eletricidade a 23% como forma de ROUBAR quase todos os Portugueses, porque uma coisa é certa, de certeza que a classe politica principalmente o PS não paga a eletricidade, deve ser uma oferta da EDP a quem é deputado e membro dp governo. devíamos ir todos para a rua pedir a baixa do IVA na eletricidade para 6% Pois temos que pagar para o estado, a grande governação de Mario Ceteno, colocar mais dinheiro na banca
  • Observador
    06 fev, 2020 Portugal 20:16
    O parolo do norte e a fantochada que é hoje o psd, deram ao Costa uma nova vitória. E quer o psd ser alternativa com estes ziguezagues todos, depois desastradamente "explicados" com farsas de pormenores... Continuem assim, rumo à irrelevância...

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