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"Valeu a pena". Seis mil protestaram contra proposta de aumento de 0,3% na função pública

31 jan, 2020 - 19:00 • José Carlos Silva , com Lusa

Em declarações à Renascença, o secretário-geral da CGTP congratula-se pelo regresso do Governo às negociações, mas espera para ver quase será a proposta de aumento.

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Cerca de seis mil funcionários públicos manifestaram-se esta sexta-feira, em Lisboa, por melhores salários. O secretário-geral da CGTP diz que “valeu a pena”, porque o Governo aceitou voltar à mesa das negociações.

A manifestação partiu do Marquês de Pombal pelas 15h10 e chegou às 16h20 a São Bento, junto da residência oficial do primeiro ministro, António Costa, e, segundo as estimativas da polícia, estão entre seis a sete mil pessoas no protesto.

Em declarações à Renascença, Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, diz que continua “extremamente motivado, porque a luta vale a pena”.

“Às vezes, não se consegue resolver logo no imediato, mas a curto-médio prazo atingimos os nossos objetivos. A manifestação de hoje prova outra coisa: estamos a fazer uma greve e uma grande manifestação, em Lisboa, no preciso dia em que, esta manhã, o Governo, que já tinha encerrado as negociações com a Administração Pública, acabou por reconhecer que vai ter que as reabrir para promover uma atualização do salário que, anteriormente, dizia que não podia fazer. Já valeu a pena, mas não chega. É preciso conhecer o valor”, afirma Arménio Carlos.

Os funcionários públicos exigem um aumento de 90 euros já a partir de janeiro deste ano, mas o Governo, inicialmente, não foi além de 0,3%.

Durante o protesto nacional desta sexta-feira, em Lisboa, os manifestantes gritaram frases de ordem como "Agora que há excedente, que venha para a gente" e "Para a banca e capital há milhões, para os trabalhadores há tostões", que se fizeram acompanhar por assobios, quando o protesto passou junto à sede do Partido Socialista, no Largo do Rato.

Esta é a primeira greve nacional da função pública desde que o atual Governo liderado por António Costa tomou posse, em outubro, e acontece a menos de uma semana da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), marcada para 6 de fevereiro.

O Governo apresentou uma proposta de aumentos salariais de 0,3% para a função pública e chegou a dar a negociação por encerrada, mas a responsável pela pasta, a ministra Alexandra Leitão, voltou entretanto a convocar as organizações sindicais para reabrir o processo negocial, uma reunião que está marcada para 10 de fevereiro, após a votação do OE 2020.

A decisão não foi suficiente para travar a paralisação, com a ministra a declarar que "nunca foi propósito da marcação desta negociação com os sindicatos levá-los a desmarcar a greve" que, afirma, "é um direito integralmente respeitado".

A anterior greve nacional da função pública que juntou as federações sindicais do setor da CGTP e da UGT realizou-se no último ano da anterior legislatura do governo de António Costa, em 15 de fevereiro de 2019, contra a política salarial do executivo, e teve uma adesão superior a 80%, segundo os sindicatos.

Em 2019 não houve atualização salarial geral, mas o Governo decidiu elevar a remuneração mínima do Estado de 600 euros (equivalente ao valor do salário mínimo nacional naquele ano) para 635,07 euros.

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  • Cidadao
    31 jan, 2020 Lisboa 20:53
    Teatro de ambos os lados: o governo faz uma proposta de aumentos ridícula dizendo que não pode ir além, quando evidentemente pode, só diz que não pode. Os Sindicatos do regime, a braços com a deserção generalizada de associados e o aparecimento de novos sindicatos não ligados a agendas partidárias, necessitam mesmo de "mostrar serviço" e lá vão avisando o governo que lidar com sindicatos não enquadrados pelo regime - Sindicato novo dos Enfermeiros, Sindicato dos motoristas de matérias Perigosas, sindicato dos estivadores de Setubal, S.T.O.P., etc - e portanto incontroláveis, pode trazer surpresas desagradáveis ao governo. Então juntam-se à mesma mesa, governo e dirigentes eternos dos sindicatos do regime e o governo finge que cede e os sindicatos regimentais, que tiveram uma grande vitória - de mais uns 2 ou 3 cêntimos. E todos ficam contentes, até o Centeno que hoje em salários que não vai pagar, deve ter arrecadado alguns milhões que fazem muita falta aos Bancos.

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