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Eugénio Fonseca: como as palavras de um bispo lhe mudaram a vida

29 jan, 2020 - 15:30 • Liliana Monteiro

“Isto para ser verdade tem de ser todos os dias” foi o desafio lançado por D. Manuel Martins ao presidente da Cáritas numa noite de Natal passada com quem vivia na rua. O episódio é contado no livro “Testemunho de duas vidas compartilhadas”, que tem prefácio de Ramalho Eanes.

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O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca, lança esta quarta-feira, "Testemunho de duas vidas compartilhadas", um livro que o autor diz ter sentido necessidade de escrever para celebrar e registar a vida e a maneira de ser de D. Manuel Martins, padre da diocese do Porto que se tornou no primeiro bispo de Setúbal, governando a diocese de 1975 a 1998.

O livro fala dos momentos e das conversas que autor e bispo mantiveram e que, garante Eugénio da Fonseca, o ajudaram a olhar para o próximo de outra forma.

“A minha vida no compromisso cristão teve uma alteração radical aquando do encontro que a criação da diocese de Setúbal me proporcionou com o seu primeiro bispo, D. Manuel Martins”, diz Fonseca, à Renascença.

"Passei a ter um olhar diferente sobre a responsabilidade de ser cristão. D. Manuel Martins ajudou-me a perceber que viver na dimensão cristã era querer comprometer-me com todas as realidades humanas, com maior atenção para as que são sofridas."

No livro, o presidente da Cáritas fala dos muitos acontecimentos que viveram juntos, em várias áreas de intervenção. “Para que não ficasse esquecido este legado, decidi dar um contributo para não se perder”, explica, lembrando que a convivência com o bispo emérito o entusiasmou e o fez sentir muitas vezes “desinstalado, incomodado".

"Vinham-me à consciência problemas que antes não tinha, e sentia-me mais próximo de Jesus Cristo”, especifica

E é com emoção que recorda um dos momentos que o fizeram despertar para a necessidade da ajuda ao outro. “D. Manuel perguntou-me se estaria disponível para me juntar a um grupo na noite de Natal, para ir pela cidade de Setúbal levar uma refeição quente e um cobertor, para tornar a noite de Natal mais humana para aquelas pessoas que viviam em condições infra-humanas”.

"Chovia e estava frio”, recorda, para, de seguida, apontar algo que os impressionou: “Uma pobre mãe com uma criança.” Foi aí que o bispo o chamou à parte. “Disse-me em surdina: 'isto, para ser verdade, tem de ser todos os dias."

"Aquilo mexeu tanto comigo! A partir dessa altura, já com a responsabilidade que ele me tinha dado de animar a Cáritas diocesana, nasceu a resposta que ainda hoje existe, e que é a única na cidade de Setúbal, com todas as valências necessária para apoiar as pessoas sem abrigo."

Com a chancela da Paulinas Editora, "Testemunho de duas vidas compartilhadas", de Eugénio Fonseca, vai ser apresentado esta quarta-feira, às 18h30, no Centro Social Paroquial de Santa Joana Princesa, pelo bispo auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar. O prefácio tem a assinatura do antigo Presidente da República António Ramalho Eanes.

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  • António Silva
    30 jan, 2020 12:06
    D. Manuel Martins foi, de facto, uma extraordinária "pedrada no charco". Mais do que nunca são precisos muitos como ele. À atenção de quem de direito….

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