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​Bastonário dos Engenheiros diz que equacionar aeroporto civil em Monte Real é “exercício fantasioso”

24 jan, 2020 - 19:37 • Pedro Mesquita

O Ministério das Infraestruturas admitiu à Renascença que está a estudar a possibilidade de uma coabitação operacional, militar e civil, em Monte Real, mas este é um "exercício fantasioso", embora conveniente para o governo – para não defraudar qualquer expectativa regional –, garante o Bastonário dos Engenheiros, Mineiro Aires.

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Faz sentido que o governo estude a utilização comercial da Base de Monte Real?
Politicamente faz. Quem conhecer o documento, que saiu da Assembleia da República, sobre o Plano Nacional de investimentos 2030, no meio daquilo tudo está lá uma coisa que é o aproveitamento dos diversos aeroportos militares e civis existentes, interligação, etc.

Mas percebe-se, em sua opinião, só faz sentido politicamente...
Só politicamente, porque do ponto de vista geográfico não faz sentido nenhum. Portugal é um país muito pequeno, tem um aeroporto bom a norte, no Porto, tem o aeroporto da Portela, em Lisboa, e o aeroporto de Faro. Com esses aeroportos, geograficamente o país estaria coberto. O problema é que o de Lisboa é um aeroporto internacional que deveria ter condições para ser um verdadeiro "hub", dado que temos interesses comerciais e geoestratégicos, quer no eixo sino-americano, quer no eixo da América Latina, na articulação com o resto do mundo.

E esse "hub" não pode acontecer com o Montijo?
Não. O Montijo é uma base militar e obviamente que não é a complementaridade da Portela+1 que vai resolver a questão que estou a dizer. O que estou a sugerir é, como acontece em qualquer país avançado, um aeroporto com duas pistas paralelas, com acessibilidades e plataformas logísticas associadas. É isso que temos de ambicionar.

E onde deveria ser contruído esse "hub"?
Esse "hub" foi perfeitamente estudado e não há dúvidas nenhumas sob o ponto de vista da engenharia. Não vale a pena dar a volta à roda para voltar ao princípio: está identificado no campo de tiro de Alcochete.

Mas a verdade é que o governo apostou tudo no Montijo...
Apostou tudo no Montijo porque quando houve o contrato de concessão à Vinci, e perdemos a soberania aeroportuária de todos os aeroportos do país, foi imposto o Montijo. Neste momento o governo está manietado pelo contrato que tem de honrar, por ser um contrato internacional. Um contrato que o próprio ministro das Infraestruturas reputou há dias de "ruinoso". Ora, se está escarrapachado no contrato que é o Montijo, que alternativa tem o governo que não seja defender o Montijo? Mais nenhuma.

E porque é que o governo admite agora estudar Monte Real?
Salvo melhor opinião, deu uma resposta inteligente e conveniente, para não defraudar qualquer expectativa que exista regionalmente. O governo diz que está a considerar esse, como há dias também ouvi dizer que estão a estudar um aeroporto em Coimbra ou em Beja, outra solução. Não serão, de certeza, soluções com futuro. A solução a avançar será, tudo indica, o Montijo, que é a Portela +1. E depois, não fará sentido ter, a meio do caminho, entre Lisboa e o Porto um outro aeroporto. Eu acho que isso são exercícios fantasiosos, desculpe a expressão. É que tecnicamente não há justificação nenhuma, para além de que estamos a falar de mais uma base militar, que não está dimensionada para uma utilização comercial. É, portanto, mais um problema, semelhante ao do Montijo, que teremos um pouco mais a norte, desta vez.

Comentários
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  • Miguel Sousa
    25 jan, 2020 Maia 10:52
    Acho que o titulo da noticia foi mal escolhido. Para mim a informação principal veiculada é que existe uma localização ideal para construção do novo Aeroporto que foi intensamente estudada e que é o Campo de tiro de Alcochete

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